Em um vídeo gravado em outubro, Salsicha, o mais novo expoente do MBL, respondeu a dúvidas dos interessados em participar do 3º Congresso do MBL. Em uma delas, alguém pergunta se intervencionistas militares serão bem-vindos e recebe essa resposta:
“Todas as pessoas são bem-vindas. A gente acredita no diálogo e no bom debate.”
Pois bem, não foi o que vi no evento realizado no último fim de semana no luxuoso World Trade Center, considerado o maior complexo de negócios da América Latina. O que vi foi o jornalista Denis Russo do “Nexo”, que assistia aos painéis sem incomodar ninguém, ser expulso pelo crime de portar um bloquinho de papel. Enquanto eu filmava o ocorrido com meu celular, um segurança me abordou e exigiu que eu apagasse o vídeo, caso contrário eu também seria convidado a me retirar. Questionei brevemente, mas acabei acatando — recuperar arquivos da lixeira é uma tarefa simples.
A aversão a quem era de fora daquele mundinho não ficou restrita aos corredores do evento. No palco, logo no primeiro painel do congresso, Renan dos Santos, líder e fundador do MBL, fez um alerta em alto e bom som:
“Se eventualmente vier alguém com uma camerazinha querendo fazer perguntas, que está muito curioso sobre vocês, com bloquinho de notas… Avisa a gente!”
O que conseguimos registrar de melhor (ou, melhor, de pior) está no vídeo que acompanha este texto.
ULTRAJANTE!
A repórter Schirlei Alves foi condenada a um ano de prisão aberta e multa de R$ 400 mil por ter revelado no Intercept Brasil a revitimização de Mari Ferrer por autoridades judiciais em seu processo de estupro.
A reportagem levou a uma lei nacional, à censura do juiz e desencadeou um debate nacional que os membros do judiciário não querem ter. Esse é o impacto de nosso trabalho.
Agora eles querem nos silenciar. Nos ajude a resistir e a cobrir os custos legais de Schirlei e de todos os nossos jornalistas.
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