Em um vídeo gravado em outubro, Salsicha, o mais novo expoente do MBL, respondeu a dúvidas dos interessados em participar do 3º Congresso do MBL. Em uma delas, alguém pergunta se intervencionistas militares serão bem-vindos e recebe essa resposta:
“Todas as pessoas são bem-vindas. A gente acredita no diálogo e no bom debate.”
Pois bem, não foi o que vi no evento realizado no último fim de semana no luxuoso World Trade Center, considerado o maior complexo de negócios da América Latina. O que vi foi o jornalista Denis Russo do “Nexo”, que assistia aos painéis sem incomodar ninguém, ser expulso pelo crime de portar um bloquinho de papel. Enquanto eu filmava o ocorrido com meu celular, um segurança me abordou e exigiu que eu apagasse o vídeo, caso contrário eu também seria convidado a me retirar. Questionei brevemente, mas acabei acatando — recuperar arquivos da lixeira é uma tarefa simples.
A aversão a quem era de fora daquele mundinho não ficou restrita aos corredores do evento. No palco, logo no primeiro painel do congresso, Renan dos Santos, líder e fundador do MBL, fez um alerta em alto e bom som:
“Se eventualmente vier alguém com uma camerazinha querendo fazer perguntas, que está muito curioso sobre vocês, com bloquinho de notas… Avisa a gente!”
O que conseguimos registrar de melhor (ou, melhor, de pior) está no vídeo que acompanha este texto.
O seu futuro está sendo decidido longe dos palanques.
Enquanto Nikolas, Gayers, Michelles e Damares ensaiam seus discursos, quem realmente move o jogo político atua nas sombras: bilionários, ruralistas e líderes religiosos que usam a fé como moeda de troca para retomar ao poder em 2026.
Essas articulações não ganham manchete na grande mídia. Mas o Intercept está lá, expondo as alianças entre religião, dinheiro e autoritarismo — com coragem, independência e provas.
É por isso que sofremos processos da Universal e ataques da extrema direita.
E é por isso que não podemos parar.
Nosso jornalismo é sustentado por quem acredita que informação é poder.
Se o Intercept não abrir as cortinas, quem irá? É hora de #ApoiarEAgir para frear o avanço da extrema direita.