“Quando as pessoas fazem declarações anticapitalistas, cada vez há mais gente dizendo que elas estão sendo sutilmente antissemitas”, critica o antropólogo David Graeber, professor da London School of Economics conhecido pela criação do slogan “somos os 99%”. Graeber, que morreu em 2020, foi criado em uma família sionista de esquerda e se assustou com a captura da identidade judaica pela direita.
“Como todos sabemos, judeus tendem a ser mais capitalistas, como Karl Marx, o oposto disso, Rosa Luxemburgo, Leon Trotsky, Emma Goldman?”, ironizou o pesquisador no vídeo que traduzimos. Segundo ele, o que hoje chamamos de esquerda é produto do pensamento e da tradição judaica. “Quando os nazistas aparecem e começam a levar as pessoas embora, os caras defendendo o bairro judeu tendiam a ser da esquerda radical”, argumentou.
Graeber afirma que, em 2018, quando a Grã-Bretanha passava por intensos debates sobre antissemitismo, mais de 6 mil matérias foram publicadas falando esse problema entre trabalhistas e nenhuma sobre o antissemitismo entre conservadores. “Claro que existe [antissemistismo no Partido Trabalhista]. Por outro lado, a questão é: isso é pior lá do que em qualquer outro lugar?”, questiona.
“Muitas das pessoas mais perigosas não são as inspiradas por emoções fortes como o ódio. São gente cínica e calculista, que tenta colocar as pessoas umas contra as outras. Tentam criar uma espécie de veneno político para fazer pessoas com interesses em comum – e experiências mais semelhantes entre si do que com quem controla nossa sociedade – se odiarem”.
LEIA MAIS:
• Apoie Israel ou perca seu mandato: ‘The Lobby — USA’ expõe táticas israelenses nos EUA
• Maior jornal de Israel culpa Benjamin Netanyahu pela violência, não Hamas
• Facebook apaga críticas a Israel que usem o termo ‘sionista’
O seu futuro está sendo decidido longe dos palanques.
Enquanto Nikolas, Gayers, Michelles e Damares ensaiam seus discursos, quem realmente move o jogo político atua nas sombras: bilionários, ruralistas e líderes religiosos que usam a fé como moeda de troca para retomar ao poder em 2026.
Essas articulações não ganham manchete na grande mídia. Mas o Intercept está lá, expondo as alianças entre religião, dinheiro e autoritarismo — com coragem, independência e provas.
É por isso que sofremos processos da Universal e ataques da extrema direita.
E é por isso que não podemos parar.
Nosso jornalismo é sustentado por quem acredita que informação é poder.
Se o Intercept não abrir as cortinas, quem irá? É hora de #ApoiarEAgir para frear o avanço da extrema direita.