A ameaça ao sistema eleitoral brasileiro feita pelo general da reserva Braga Netto, ministro da Defesa de Bolsonaro, é mais uma crise produzida pelos militares para confundir a sociedade e, paradoxalmente, torná-los necessários no debate político brasileiro. Essa é a avaliação do coronel — também — da reserva Marcelo Pimentel, mestre em ciências militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, a Eceme.
Na live “Braga Netto ameaçou a democracia. O que acontece agora?”, Pimentel discutiu comigo a presença das Forças Armadas no atual cenário político nacional.
“É impossível não notar a artificialidade da crise criada para gerar a sensação de que há um risco iminente de ruptura”, afirmou o ex-chefe do Estado-Maior da 7ª Região do Exército. “Braga Netto faz o papel do militar suscetível a ser aliciado por Bolsonaro. E generais que saíram do governo humilhados, caso de Santos Cruz, dos garantidores democráticos”, analisou.
“Isso deixa a sociedade confusa, sem saber para onde vão os militares. Mas militares não têm que ir a lugar algum, politicamente. Tem que exercer suas funções constitucionais”, acrescentou Pimentel.
“Mas abrimos os jornais e só vemos generais falando, uns ameaçando e outros defendendo a democracia. Não tinham que estar fazendo nada disso, mas cumprindo sua tarefa e assim dando exemplo a seus subordinados”, completou o autor de artigos que criticam a volta dos militares à política.
De acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, Braga Netto enviou por um interlocutor o seguinte recado ao presidente da Câmara, Arthur Lira, do PP de Alagoas: sem a aprovação do que chama de voto impresso e auditável, não haverá eleições em 2022.
O ministro negou que tenha mandado recado, mas ratificou suspeitas sobre um novo sistema eleitoral brasileiro – criado com a participação de militares.
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