A decisão tomada pelo STF no julgamento encerrado aos 46 minutos dessa quinta- feira não foi tomada em qualquer circunstância. A Constituição apanhou mais do que o time do Manchester City diante do Liverpool no jogo que ocorreu enquanto o STF julgava o pedido do ex-presidente Lula.
Na véspera, o comandante do Exército havia intimidado o STF com duas mensagens no Twitter.
É intimidação, e não pressão, porque quem tem arma não pressiona, intimida e, no limite, chantageia.
Essa manifestação do Exército lembrou eventos passados e deploráveis da história do Brasil, ocorridos com a intervenção antidemocrática e inconstitucional das Forças Armadas na vida nacional. Intervenções como a de 1964 e como a de 1954.
A decisão do Supremo acontece em um contexto de sombras no Brasil.
Dois anos atrás, em um Congresso comandado pelo deputado Eduardo Cunha, em uma articulação conduzida por ele, a presidente Dilma Rousseff foi cassada sob o pretexto de… como se chamou mesmo? Qual foi o crime da então presente? Ah, sim! Pedaladas fiscais!
Ao fundo a gente ouve a lei Jucá ecoando, “com o Supremo, com tudo” – e quem foi gravado tomando dinheiro de empresário, ameaçando matar gente deve ter rido muito na madrugada dessa quinta-feira.
A decisão do Supremo ocorre no contexto em que um presidente ilegítimo, Michel Temer, implementa uma política econômica rejeitada nas urnas em 2014.
Michel Temer rasga, fere e destrói a soberania do voto popular. Os ricos comemoram a política econômica do Temer. Os pobres sofrem com ela.
Quando o Supremo Tribunal Federal ignora uma garantia fundamental do cidadão, ele não expressa pujança democrática, ele mostra, ele escancara a indigência democrática do Brasil de 2018.
Ao fundo a gente ouve a lei Jucá ecoando, “com o Supremo, com tudo” – e quem foi gravado tomando dinheiro de empresário, ameaçando matar gente deve ter rido muito na madrugada dessa quinta-feira.
Enquanto a extrema-direita comemora, o Brasil sucumbe.
Renato Russo cantava: “ninguém respeita a constituição/ mas todos acreditam no futuro da nação”.
Tá difícil de acreditar.
Pobre nação.
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