A polícia executou Omar à queima-roupa, mentiu sobre o crime e podemos provar. Os depoimentos dos policiais civis Douglas Siqueira e Anderson Pereira, acusados de matar Omar Pereira da Silva dentro do quarto de uma criança durante a chacina policial do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro, estão em xeque.
Este vídeo em 3D, desenvolvido a partir das perícias do local do crime, laudos de necropsia, armas apreendidas e depoimentos da investigação, mostram as fragilidades do depoimento dos policiais uma a uma. As evidências obtidas pelo Intercept revelam que a versão combinada entre os policiais é uma farsa do início ao fim.
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A imprensa geralmente não é tão assertiva ao reportar de crimes, especialmente quando se trata daqueles cometidos por policiais. Mas nós temos as provas periciais que demonstram como os agentes de segurança forjaram essa execução – e ainda assim isso está longe de ter um desfecho.
No dia 23 de agosto deste ano, os policiais civis deveriam ter sentado no banco dos réus para responderem pelo assassinato de Omar, mas o julgamento foi adiado e ainda não tem uma nova data definida.
A chacina policial do Jacarezinho aconteceu no dia 6 de maio de 2021 e deixou 27 mortos – foi a operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro. A operação escalou para o massacre após a morte do policial civil André Farias, baleado na cabeça no início daquela manhã.
O saldo da operação Exceptis, que contou com cerca de 200 policiais, quatro blindados e dois helicópteros, foram irrisórios 15 pistolas, 6 fuzis, 1 sub-metralhadora e munição antiaérea e deixou um rastro de fraudes processuais. O Ministério Público abriu uma investigação para apurar abuso de autoridade, fraude e falsidade ideológica,
O fato é que a polícia executou Omar a queima-roupa. Depois, mentiu sobre o crime. Mas agora nós derrubamos a fraude – e provamos.
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