Às vésperas de o Tribunal Superior Eleitoral iniciar o julgamento que pode complicar a vida política do presidente Michel Temer, levantamento do Ibope, encomendado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra que o presidente tem hoje a mesma ínfima aprovação que Dilma Rousseff tinha dias antes do impeachment: 10%. O percentual de brasileiros que avalia o governo como ruim ou péssimo saltou de 46% para 55% desde o último levantamento, feito em dezembro do ano passado. É o pior resultado obtido pelo presidente na série histórica da pesquisa desde que ele assumiu definitivamente o governo.
Segundo a pesquisa, para 79% dos entrevistados o governo Temer é igual ou pior que o de Dilma. Apenas 18% avaliam a gestão do peemedebista como melhor que a de sua antecessora. O levantamento mostra ainda que 73% dos brasileiros desaprovam a maneira de governar do presidente da República, que é aprovada por uma parcela de 20%.
A pesquisa foi feita com 2.000 pessoas em 126 municípios, entre os dias 16 e 19 de março, e tem uma margem de erro de dois pontos percentuais. De acordo com a CNI, os resultados negativos se justificam pelo alto custo das reformas em discussão no Congresso.
A alta rejeição à atual gestão resume por si só a situação emparedada em que o governo se encontra: Temer vem tentando em diversas frentes lançar uma agenda positiva para tentar reverter o quadro de derretimento político. O que, se formos analisar pelos números da pesquisa de hoje, não tem surtido efeito prático.No Congresso, os sinais de enfraquecimento começam a aumentar. Na votação da terceirização, o sinal amarelo acendeu no Planalto, após o governo conseguir aprovar a proposta com uma margem de votos menor do que esperava: 233 votos a favor e 188 contra. Partidos da base, entre eles PMDB, PSDB e DEM, estiveram entre os maiores traidores.
Ainda como reflexo do enfraquecimento político, esta semana o governo sofreu uma grande derrota no Congresso. De interesse do Planalto, a PEC 395/2014, que previa a cobrança de mensalidade para cursos de pós-graduação em universidades públicas, foi arquivada após arregimentar 304 votos. Para uma PEC ser aprovada é necessário o mínimo de 308 votos. Nos bastidores, já se começa a prever que o governo não terá mesmo condições de aprovar a Reforma da Previdência.
Renan ataca governo
Na incerteza se o atual governo conseguirá sobreviver aos sobressaltos da Lava Jato e do processo que avança no TSE, partidos começam a se distanciar da imagem corroída do governo e, principalmente, de Temer.
É importante observar que o governo vem implodindo em todas as frentes: de dentro pra fora e fora pra dentro. De fora, as ruas reclamam da pauta austera e de corte de direitos; de dentro, partidos e políticos da base aliada se rebelam contra o governo.
Com índices negativos em ano pré-eleitoral, a incerteza impera no terceiro andar do Palácio do Planalto. O dia de amanhã se mostra cada vez mais imprevisível. Aliado de primeira hora de Temer, o senador Renan Calheiros (PMDB/AL) dá sinais de insatisfação e que desembarcará do governo em breve.
— Renan Calheiros (@renancalheiros) March 30, 2017
Renan esteve à frente nesta semana de outra estratégia que visava enfraquecer o governo. Foi de autoria dele a articulação de uma carta contra o projeto de terceirização tal qual foi aprovado semana passada pela Câmara. Na texto, a bancada do PMDB, partido de Temer, afirma que o projeto precariza relações de trabalho, derruba a arrecadação, revoga conquistas da CLT e piora a perspectiva de aprovação da reforma da previdência.
https://twitter.com/GeorgMarques/status/846842410747527169
🚨 O QUE ENFRENTAMOS AGORA 🚨
O Intercept está vigiando manobras eleitorais inéditas da extrema direita brasileira.
Os golpistas estão de cara nova, com seus ternos e sapatênis. Eles aprenderam estratégias sofisticadas de marketing digital para dominar a internet, que estão testando agora nas eleições municipais.
O objetivo final? Dominar bases de poder locais para tomar a presidência e o congresso em 2026.
Não se deixe enganar: Bolsonaro era fichinha perto dos fascistas de sapatênis…
O Intercept não pode poupar esforços para investigar e expor os esquemas que colocam em risco nossos direitos e nossa democracia.
Já revelamos as mensagens secretas de Moro na Lava Jato. Mostramos como certas empresas e outros jornais obrigavam seus trabalhadores a apoiarem Bolsonaro. E expusemos como Pablo Marçal estava violando a lei eleitoral.
Mas temos pouco tempo, e muito mais a revelar. Agora precisamos de recursos para colocar mais repórteres nas ruas. Para isso, precisamos de sua ajuda. Somos financiados por nossos leitores, não pelas empresas ricas que mandam em Brasília.
Faça parte do nosso time para causar o impacto eleitoral que você não verá em nenhum outro lugar! Faça uma doação de qualquer valor ao Intercept hoje mesmo!