João Filho

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Tarcísio e Derrite abrem portas de São Paulo para milícias e matanças da PM inspiradas na Ku Klux Klan

Governador e secretário de segurança pública são os principais fiadores da selvageria descontrolada que tomou conta da polícia no estado com a ascensão do bolsonarismo.

Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, faz continência durante evento ao lado do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (Foto: Carol Jacob/ALESP/Divulgação)

Engana-se quem acha que a Polícia Militar de São Paulo está descontrolada. Na verdade, ela está sob o controle ideológico do bolsonarismo. O secretário de Segurança Pública do estado, Guilherme Derrite, e o governador Tarcísio de Freitas, do Republicanos, são avalistas e entusiastas da barbárie reacionária que tomou conta da corporação. 

Isso não significa que antes da gestão Tarcísio a Polícia Militar era formada por anjos legalistas, longe disso. A violência desmedida e criminosa, principalmente contra pobres e pretos, é uma marca histórica das polícias militares de todo o Brasil.

Mas a ascensão do bolsonarismo elevou a coisa para um outro patamar. Hoje, os policiais militares agem incentivados pelo caldo cultural do bolsonarismo, que trouxe um verniz de legitimidade ao fetiche por armas e matança de pobres. 

Nesta semana, o Batalhão de Ações Especiais da Polícia, BAEP, da cidade de São José do Rio Preto publicou nas redes sociais um vídeo em que policiais militares aparecem diante de uma cruz em chamas e fazem a saudação romana — símbolos que remetem à iconografia do nazismo e do grupo supremacista Ku Klux Klan. 

Não se trata de novidade. A incitação e apologia à violência e à prática de crimes faz parte da história dos treinamentos dos batalhões de elite da PM. Cantos, lemas e gritos de guerra pregando a violência sempre foram comuns nas polícias militares.

Depois da repercussão, o vídeo foi apagado, e a Secretaria de Segurança Pública emitiu uma nota afirmando que “repudia toda e qualquer manifestação de intolerância” e que o caso será “rigorosamente apurado e os envolvidos responsabilizados”. 

Claro que se trata de conversa para boi dormir. Já conhecemos o modus operandi do bolsonarismo. Quantas vezes o bolsonarismo usou de forma clara e direta a estética nazista e depois se fez de louco, alegando ser tudo uma grande coincidência?

Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, faz continência durante evento ao lado do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (Foto: Carol Jacob/ALESP/Divulgação)
Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, faz continência durante evento ao lado do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (Foto: Carol Jacob/ALESP/Divulgação)

Lembremos do então secretário de cultura de Jair Bolsonaro, Roberto Alvim, que não só abusou da estética nazista em um pronunciamento gravado em vídeo, como copiou trechos exatos de um discurso de Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Adolf Hitler. 

Lembremos também de como a própria Ku Klux Klan admitiu a semelhança ideológica de Bolsonaro com o grupo supremacista: “Ele soa como nós”, disse David Duke, que é o principal e mais conhecido líder da história da Ku Klux Klan. Segundo ele, Bolsonaro “se parece com qualquer homem branco nos EUA, em Portugal, Espanha ou Alemanha e França. E ele está falando sobre o desastre demográfico que existe no Brasil e a enorme criminalidade que existe ali, como por exemplo nos bairros negros do Rio de Janeiro”. Não há coincidências aqui. A afinidade ideológica é óbvia e inegável.

Não é exagero dizer que as polícias militares hoje são instituições bolsonaristas. Há inúmeros relatos de perseguição a policiais não bolsonaristas. Nas eleições de 2022 em São Paulo, soldados foram pressionados por seus superiores a votar em Bolsonaro e Tarcísio. 

Também não é coincidência a enxurrada de candidatos bolsonaristas oriundos das fileiras das polícias militares. Nas últimas eleições municipais, dos 14 candidatos a prefeito pelo PL, partido de Bolsonaro, 4 eram policiais

A ideologia de extrema direita está tão impregnada nas mentes e corações dos integrantes da corporação que não importa tanto se o governador que a comanda seja ou não bolsonarista. A PM da Bahia, por exemplo, governada por políticos do PT desde 2007, é hoje a que mais mata no país. 

Aqui é preciso dizer: governadores petistas pouco ou nada fizeram para estancar a bolsonarização da instituição no estado. A Polícia Militar baiana segue matando de forma indiscriminada, principalmente pretos e pobres. Já está naturalizada na sociedade brasileira a ideia falaciosa de que a matança torna a sociedade mais segura — isso faz com que até mesmo políticos progressistas façam vista grossa visando ganhos eleitorais. 

Por outro lado, quando há o endosso amplo, geral e irrestrito de um governador bolsonarista, o guarda da esquina tende a ficar ainda mais indomável e violento.

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Os bolsonaristas que comandam a Segurança em São Paulo — o governador Tarcísio e o secretário Derrite — são os principais fiadores da selvageria descontrolada que tomou conta da polícia no estado. Dados do Ministério Público mostram que as mortes por policiais tiveram um aumento de quase 100% nos dois primeiros anos da gestão Tarcísio. Trata-se de um projeto claro e definido. 

Antes de se tornar secretário, Derrite era um policial militar que dizia que não ter pelo menos três mortes no currículo seria motivo de vergonha para qualquer policial. Foi essa postura que o fez ser escolhido por Tarcísio. Derrite foi o responsável pela Operação Verão, que resultou na morte de 56 pessoas, sendo a operação com o maior número de assassinatos desde o massacre do Carandiru, em 1992. 

Muitas das vítimas foram executadas sem trocar tiros com os policiais. Toda essa carnificina não resultou em mais segurança para a população. Os crimes de estupro, latrocínio e furto aumentaram em 2025 no estado, assim como o número de vítimas mortas em assalto na capital. 

A gestão Tarcísio-Derrite reverteu uma tendência de queda no número de mortes por policiais que vinha acontecendo ano após ano desde 2021. Em 2024, a PM matou 65% a mais do que em 2023, segundo um relatório do Ministério Público de São Paulo. Para alegria da Ku Klux Klan, a maioria das vítimas (64%) é composta por pretos e pardos. 

Os dados mostram que, sob o governo Tarcísio, a polícia mata um adolescente a cada nove dias — a maioria deles (68%) também é composta por pretos e pardos. “Vocês soam como nós”, diria o líder da Ku Klux Klan para Tarcísio e Derrite. 

É curioso notar como essa polícia que se orgulha em “matar bandidos” é a mesma que tem relações cada vez mais íntimas com o crime organizado, mais especificamente com o Primeiro Comando da Capital, o PCC, como temos visto com frequência no noticiário. O salvo conduto para matar conferido pelo governador aos policiais militares está resultando em um processo de milicialização em São Paulo. 

“A matança de pretos e pobres é tratada como mero efeito colateral”

Para o jornalista e doutor em Ciências Políticas da USP Bruno Paes Manso, o descontrole das polícias, aliado ao discurso de guerra, é a semente dos grupos paramilitares. Foi assim no Rio de Janeiro. 

Antes de começar a gestão bolsonarista da Segurança em São Paulo, Paes Manso previu o que aconteceria em São Paulo: “O descontrole policial, caso ocorra, coloca inclusive o risco de associação [com o PCC]. Não estou dizendo que vai acontecer, mas o discurso de fragilização dos controles policiais, que estamos conhecendo melhor com o bolsonarismo, pode estimular parcerias, sociedades. A partir do momento em que se dá carta branca para os policiais serem violentos e usarem os uniformes e as armas com legitimidade para fazer a guerra, eles podem querer dinheiro com isso, enriquecer assim. É um risco presente em todos os estados e, com o PCC, é uma possibilidade de parceria, de participar dos mesmos esquemas, de garantir cobertura, como já aconteceu com diversos policiais ligados ao crime”. 

A gestão bolsonarista da segurança pública em São Paulo pavimentou o caminho para a formação de milícias e a associação com o PCC. Perceba como o ritual de estética nazista do BAEP não representa um ponto fora da curva na gestão Tarcísio-Derrite. Ele faz parte do pacote de ideologias de extrema direita que estão incrustadas na Polícia Militar. 

A matança de pretos e pobres é tratada como mero efeito colateral, enquanto o ritual inspirado na Ku Klux Klan é só uma infeliz coincidência. Mesmo com todo esse descalabro na segurança em São Paulo, onde a polícia mata mais e a população continua a ver a criminalidade crescer, Tarcísio foi eleito pelas elites como o seu candidato à presidência da República. 

E assim segue a marcha bolsonarista na segurança pública em São Paulo: fechada com o bolsonarismo, inspirada na Ku Klux Klan e cada vez mais próxima do PCC.

Temos uma oportunidade, e ela pode ser a última:

Colocar Bolsonaro e seus comparsas das Forças Armadas atrás das grades.

Ninguém foi punido pela ditadura militar, e isso abriu caminho para uma nova tentativa de golpe em 2023. Agora que os responsáveis por essa trama são réus no STF — pela primeira e única vez — temos a chance de quebrar esse ciclo de impunidade!

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