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Ato pela democracia pode desaguar em frente ampla em torno de Lula

Grupos que integram a frente Fora Bolsonaro querem usar o movimento de 11 de agosto para fortalecer manifestações nas ruas em setembro.


Os organizadores do ato em defesa da democracia realizado no Largo São Francisco ontem, 11 de agosto, tomaram todos os cuidados para que o evento não tivesse caráter partidário, mas não teve jeito. Ao final da leitura da Carta às Brasileiras e Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito, irrompeu espontaneamente o grito “olê, olá, Lula, Lula” no pátio da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Foi o desfecho do ato.

No caminho entre o Salão Nobre e o pátio, Aloizio Mercadante, coordenador do programa de governo de Luiz Inácio Lula da Silva, avaliou que aquelas manifestações em defesa da democracia ainda podem trazer dividendos eleitorais ao candidato do PT. “Isso aqui vai desaguar em uma frente democrática em torno do Lula”, me disse Mercadante.

Os cerca de 200 movimentos sociais, sindicais, coletivos e entidades agregados na frente Fora Bolsonaro querem aproveitar a mobilização do 11 de agosto para dar tração a uma série de manifestações de rua que, no final das contas, terão Lula, principal adversário eleitoral de Jair Bolsonaro, como maior beneficiário. Na quinta-feira, foram realizados atos em 25 capitais. Os próximos protestos estão marcados para 10 de setembro, em resposta às manifestações de cunho golpista incentivadas pelo presidente no Dia da Independência.

Mercadante lembrou que a própria Carta aos Brasileiros lida no Largo São Francisco em 11 de agosto de 1977, inspiração para o movimento atual, foi parte de um processo. “Foi a reação da classe acadêmica à violência da polícia do coronel Erasmo Dias contra estudantes no congresso de reconstrução da UNE [realizado em junho de 1977, na PUC]”, lembrou o ex-ministro, que também estava na São Francisco em 1977.

Embora a organização tenha tomado cuidado com a diversidade na escolha dos oradores, 41 das 47 cadeiras da área de autoridades estavam ocupadas por homens e seis por mulheres. Não havia negros sentados. A cantora Daniela Mercury, a chefe Bela Gil, os candidatos a deputado Guilherme Boulos (Psol) e Marina Silva (Rede), o candidato a governador Fernando Haddad (PT), a deputada bolsonarista arrependida Joice Hasselman (PSDB) e até o deputado do Coronel Tadeu (PL), apoiador do presidente, estavam na plateia.

Articuladores do documento original de 1977 presentes nos ato comparavam a situação daquela época, no final da ditadura militar, com o momento atual. Ex-ministro da Justiça e signatário a carta de 1977, Jose Gregori me revelou o temor de que o movimento gere uma reação por parte do bolsonarismo. “Tenho muito receio disso. Em 1977, a violência era do estado. Hoje, está espalhada pelas milícias e todas essas pessoas armadas”, falou Gregori. O ex-ministro, no entanto, avalia que o momento atual é melhor. “Prova disso é que estou livremente aqui dando essa entrevista para você”.

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Quando o assunto é a ascensão da extrema direita no Brasil, muitos acham que essa é uma preocupação só para anos eleitorais. Mas o projeto de poder bolsonarista nunca dorme.

A grande mídia, o agro, as forças armadas, as megaigrejas e as big techs bilionárias ganharam força nas eleições municipais — e têm uma vantagem enorme para 2026.

Não podemos ficar alheios enquanto somos arrastados para o retrocesso, afogados em fumaça tóxica e privados de direitos básicos. Já passou da hora de agir. Juntos.

A meta ousada do Intercept para 2025 é nada menos que derrotar o golpe em andamento antes que ele conclua sua missão. Para isso, precisamos arrecadar R$ 500 mil até a véspera do Ano Novo.

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