Bloco religioso da Igreja Bola de Neve que se apresentará no Rio

Copacabana terá pela primeira vez bloco evangélico paulista na segunda de Carnaval

Vídeo de divulgação do evento, da Igreja Bola de Neve de Santos, fala em chegada da luz sobre as trevas.

Bloco religioso da Igreja Bola de Neve que se apresentará no Rio

Enquanto a prefeitura do Rio, comandada pelo bispo licenciado da Igreja Universal, Marcelo Crivella, segue sua tortuosa relação com o Carnaval, reduzindo verbas de escolas de samba e dificultando a passagem de blocos pelas ruas, um evento religioso inédito vai ser realizado na cidade. A Igreja Bola de Neve Santos levará pela primeira vez para fora do litoral paulista o “Evangelismo de carnaval”. O bloco se apresenta na segunda-feira de Carnaval, na orla de Copacabana.

Se o evento religioso ocupará um dos grandes cartões postais da cidade, a prefeitura do Rio prepara um “blocódromo” na região do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, que vem gerando diversas críticas no mundo do samba.

“Direção de Deus”

No site do evento evangélico, os abadás, chamados de “vestes de louvor”, para acompanhar o bloco custam entre R$ 30 e R$ 40. A página informa que a participação é gratuita, “mas ter a veste de louvor com o tema do ano é fundamental”. O samba-enredo é “Cristo é o Maná (alimento divino)”. Segundo os organizadores, o evento vai ser realizado exclusivamente no Rio este ano “por uma direção de Deus e do Ap. Rina (Rinaldo Seixas, líder da igreja)”.

No vídeo de promoção, que termina convocando os fiéis para comprar as vestes de louvor, um narrador, representando alguma força do mal, diz que fez no Rio a sua festa: o Carnaval. Com a chegada do bloco religioso na cidade, porém, “a luz brilhou sobre as trevas”:

“Eu escolhi uma cidade. Era tua, né? Ela era a cidade maravilhosa. Mas eu escolhi essa cidade. Era o povo mais extravagante do Brasil. E eu extraviei eles. E eu fiz a minha festa… O Carnaval. Tudo estava sobre (sic) o controle, até que um dia a luz brilhou nas trevas. Eu escutei o som de tambores, que não eram os meus. Eram 300. E havia um povo! Eles brilhavam como o sol da Justiça! E eles entraram ali! A luz brilhou sobre as trevas! E eu tive que recolher o meu projeto… “

No vídeo, a bateria percorre diversos pontos da cidade, como a Lapa e a orla, assim como a Rocinha. De acordo com a programação divulgada, depois do desfile em Copacabana, que começará ao meio-dia segunda-feira de carnaval, haverá um show com cantores gospel – chamados de adoradores – na quadra da escola de samba Acadêmicos da Rocinha.

As 11 edições anteriores foram realizadas em Santos e São Vicente, no litoral paulistano. Em 2016, por exemplo, cerca de 18 mil pessoas percorreram os dez quilômetros da orla santista atrás da bateria do bloco religioso. Por lá, uma lei aprovada em 2014 na Câmara de Vereadores institucionalizou o sábado de carnaval como o “Dia do Evangelismo de Carnaval Bola de Neve”.

O site do “Evangelismo de carnaval” alerta que todas as igrejas já estão ocupadas com os ônibus da bateria e pessoal de organização do evento e dá orientações a respeito de hotéis na cidade para os fiéis se hospedarem.

Liderada pelo apóstolo Rina, a Bola de Neve foi fundada no fim da década de 1990 e é conhecida como a “igreja dos surfistas”. Celebridades como a modelo Monique Evans e o cantor Rodolfo Abrantes, ex-vocalista da banda Raimundos, já passaram por seus cultos. Em 2013, a igreja esteve envolvida em uma polêmica após o lançamento de um livro escrito por um ex-seguidor denunciando o conservadorismo da igreja – que tentou impedir  a divulgação com uma ação na Justiça.

S.O.S Intercept

Peraí! Antes de seguir com seu dia, pergunte a si mesmo: Qual a chance da história que você acabou de ler ter sido produzida por outra redação se o Intercept não a tivesse feito?

Pense em como seria o mundo sem o jornalismo do Intercept. Quantos esquemas, abusos judiciais e tecnologias distópicas permaneceriam ocultos se nossos repórteres não estivessem lá para revelá-los?

O tipo de reportagem que fazemos é essencial para a democracia, mas não é fácil, nem barato. E é cada vez mais difícil de sustentar, pois estamos sob ataque da extrema direita e de seus aliados das big techs, da política e do judiciário.

O Intercept Brasil é uma redação independente. Não temos sócios, anúncios ou patrocinadores corporativos. Sua colaboração é vital para continuar incomodando poderosos.

Apoiar é simples e não precisa custar muito: Você pode se tornar um membro com apenas 20 ou 30 reais por mês. Isso é tudo o que é preciso para apoiar o jornalismo em que você acredita. Toda colaboração conta.

Estamos no meio de uma importante campanha – a S.O.S. Intercept – para arrecadar R$ 250 mil até o final do mês. Nós precisamos colocar nosso orçamento de volta nos trilhos após meses de queda na receita. Você pode nos ajudar hoje?

Apoie o Intercept Hoje

Conteúdo relacionado

Inscreva-se na newsletter para continuar lendo. É grátis!

Este não é um acesso pago e a adesão é gratuita

Já se inscreveu? Confirme seu endereço de e-mail para continuar lendo

Você possui 1 artigo para ler sem se cadastrar