Cinco polêmicas de 2017 para saborear na ceia de Natal

Cinco polêmicas de 2017 para saborear na ceia de Natal

Eleições 2018, racismo, arte e cura gay estão no cardápio da festa.

Cinco polêmicas de 2017 para saborear na ceia de Natal

Então é Natal, e o grupo da família vai se materializar ao vivo e em cores na ceia. Entre a pergunta sobre os namoradinhos e a discussão sobre celulite da Anitta em seu novo clipe, o assunto pode virar o homem nu no museu ou a PEC do aborto. Isso sem falar daquele primo adolescente que pediu o livro do Bolsonaro no amigo oculto e do tio que acredita que racismo não existe.

Listamos alguns assuntos que renderam muitos textões nas redes sociais em 2017 para que você possa se preparar e ter as melhores respostas para os parentes nessa data festiva.

A arte está nua

Em um curto espaço de tempo, tivemos o encerramento da exposição Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, a polêmica sobre a performance de um artista nu no Museu de Arte Moderna de São Paulo e a discussão sobre a classificação etária da mostra “História da Sexualidade”, no Museu de Arte de São Paulo. Pedofilia e Zoofilia passaram a ser associadas à teoria Queer. E o assunto foi parar na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados ( sim, isso mesmo).

A patrulha teve patrocínio do incansável Movimento Brasil Livre – MBL. O grupo atacou a arte com o intuito de oferecer a solução ( um candidato à presidência, provavelmente ) e ditar a pauta das redes sociais enquanto os acontecimentos em Brasília seguiam em segundo plano.

Racismo

No Brasil, o único racismo reconhecido é o reverso. Quando o preto abre a boca para denunciar algum ato racista real, é taxado de vitimista e escuta logo que toda a sua argumentação não passa de mimimi. Afinal, “somos todos humanos”.

Quando Taís Araújo fala que pessoas mudam de calçada quando veem seu filho negro, o secretário de educação do Rio de Janeiro sente-se ofendido. Quando William Waack taxa algo como coisa de preto, sua competência profissional se sobrepõe a “piadinha”. Mas, quando uma jovem branca supostamente é rechaçada por uma negra por conta do uso de um turbante, os negros são muito radicais na militância. Vai ter branca de turbante sim, eles dizem.

Lembre aos parentes que o racismo apenas não é reconhecido, mas está presente nos pequenos atos deles próprios. Não pode mentir no Natal, hein? Precisamos falar umas verdades.

Aborto

O ano começou com a inconstitucionalidade do aborto sendo debatida no Supremo Tribunal Federal e terminou com a discussão da sua proibição até mesmo em casos de estupro com a PEC 181 – projeto que avança sendo debatido por homens. O lobby da bancada evangélica fez com que uma emenda à constituição sobre licença-maternidade se transformasse em um verdadeiro cavalo de Troia após uma alteração no texto original feita pelo relator e evangélico Jorge Mudalen.

Nas redes sociais, muitos acusam as mulheres de assassinas, lembram que existem métodos anticoncepcionais e que no caso do estupro a mulher pode entregar o bebê para adoção – afinal, é supertranquilo carregar o fruto de uma agressão dessas no ventre por nove meses.

Esse tema  pode surgir a qualquer momento no meio da sua confraternização familiar (acredite). Caso aconteça, diga a todos que o aborto vai continuar acontecendo de qualquer maneira, que mulheres vão continuar morrendo por conta de procedimentos inadequados e que provavelmente alguma mocinha da própria família já abortou. O climão é certo. Testado e aprovado.

Cura Gay

Em 2017, os LGBTQi puderam meter atestado no trabalho ou se acharam no direito de fazer isso. Uma ação deu permissão para que psicólogos pudessem aplicar o tratamento de reversão sexual, também conhecido como cura gay. Vale lembrar que a Organização Mundial da Saúde não considera a homossexualidade como patologia há 30 anos.

A autora da ação, Rozangela Alves Justino possui desde junho de 2016 um cargo no gabinete do deputado evangélico Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) na Câmara, apadrinhado pelo líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, pastor Silas Malafaia. Ou seja, assim como a PEC 181, o projeto que autoriza do tratamento da “cura gay” foi mais um lobby da bancada evangélica.

Yukeeeee.

Eleições 2018

Uma das grandes polêmicas de 2017 é o que vai acontecer em 2018. Parece que foi ontem que você  bloqueou seu primo do Facebook, mas já faz quatro anos. É difícil prever o cenário político do próximo ano, mas uma coisa é certa: as brigas no grupo da família estão voltando com tudo. Então, se prepare.

Michel Temer é carta fora do baralho. Lula aguarda o julgamento do Tribunal Regional Federal, que acontece no próximo dia 24 de janeiro, para definir sua candidatura. O MBL segue em campanha. Luciano Huck preferiu não deixar o cargo de apresentador na TV Globo para engrenar na corrida pela vaga no Planalto. Enquanto isso, o cotadíssimo Jair Bolsonaro investe em tour internacional dando plenas garantias aos patrões e batendo continência à bandeira americana.

Prontos? Caso tenham sentido falta de alguma polêmica, é só enviar para a gente.

Feliz Natal e um próspero ano novo!

 

S.O.S Intercept

Peraí! Antes de seguir com seu dia, pergunte a si mesmo: Qual a chance da história que você acabou de ler ter sido produzida por outra redação se o Intercept não a tivesse feito?

Pense em como seria o mundo sem o jornalismo do Intercept. Quantos esquemas, abusos judiciais e tecnologias distópicas permaneceriam ocultos se nossos repórteres não estivessem lá para revelá-los?

O tipo de reportagem que fazemos é essencial para a democracia, mas não é fácil, nem barato. E é cada vez mais difícil de sustentar, pois estamos sob ataque da extrema direita e de seus aliados das big techs, da política e do judiciário.

O Intercept Brasil é uma redação independente. Não temos sócios, anúncios ou patrocinadores corporativos. Sua colaboração é vital para continuar incomodando poderosos.

Apoiar é simples e não precisa custar muito: Você pode se tornar um membro com apenas 20 ou 30 reais por mês. Isso é tudo o que é preciso para apoiar o jornalismo em que você acredita. Toda colaboração conta.

Estamos no meio de uma importante campanha – a S.O.S. Intercept – para arrecadar R$ 250 mil até o final do mês. Nós precisamos colocar nosso orçamento de volta nos trilhos após meses de queda na receita. Você pode nos ajudar hoje?

QUERO APOIAR

Entre em contato

Conteúdo relacionado

Inscreva-se na newsletter para continuar lendo. É grátis!

Este não é um acesso pago e a adesão é gratuita

Já se inscreveu? Confirme seu endereço de e-mail para continuar lendo

Você possui 1 artigo para ler sem se cadastrar