Manobras do governo reverteram pelo menos sete votos para Temer

Manobras do governo reverteram pelo menos sete votos para Temer

Mudanças na CCJ garantiram folga para a derrubada do parecer de Zveiter.

Manobras do governo reverteram pelo menos sete votos para Temer

As manobras de troca de deputados comandadas pelo governo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara reverteram pelo menos sete votos que seriam certamente favoráveis ao prosseguimento da denúncia contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva.

Com isso, foi conseguida uma boa folga para que o parecer do relator, deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), fosse derrubado. O placar final foi de 40 votos contrários, 25 a favor e uma abstenção. Agora, o próximo passo é a análise em plenário, que ainda não tem data para acontecer. Lá, a oposição terá que ter pelo menos 342 votos, ou dois terços do total, para conseguir que a denúncia siga para o STF, o que resultaria no afastamento de Temer por 180 dias.

Toninho Pinheiro; Beto Mansur; Nelson Marquezelli; Evandro Roman; Cleber Verde; Bilac Pinto e Laerte Bessa deram voto contrário ao parecer de Zveiter. Eles substituíram respectivamente Esperidião Amin; Lincoln Portela; Arnaldo Faria de Sá; Expedito Netto; João Campos; Delegado Waldir e Jorginho Mello. Um levantamento feito por The Intercept Brasil mostra que todos estes declararam publicamente voto favorável ao relatório que pedia o prosseguimento da denúncia contra Temer.

Ao todo 14 nomes foram trocados desde o fim do mês passado. Destes, uma substituição foi desfavorável ao governo. Renata Abreu, do PODE, votou a favor do relator. Seu antecessor na CCJ, Carlos Henrique Gaguim, declarou que é contra o prosseguimento da denúncia.

Cinco parlamentares que não declararam publicamente seus votos foram substituídos por outros que colaboraram com a derrubada do relatório de Zveiter na CCJ, dando uma folga ainda maior para o governo. Um indeciso, Áureo, do SD, foi substituído por Laércio Oliveira, que votou contra Michel Temer.

Os debates na CCJ começaram nesta quarta-feira (12) a se estenderam pela madrugada. Por volta de 1h desta quinta, ainda havia deputados discursando na comissão. A barganha do governo para a retirada de nomes contrários foi duramente criticada pela oposição. O deputado Delegado Waldir (PR-GO), um dos que foram substituídos, chegou a apelar ao STF para tentar reverter a decisão de seu partido. A ministra Carmem Lúcia, porém, afirmou que o Supremo não iria interferir em assuntos da Câmara.

Irritado, relator abandona sala da CCJ

Após a votação, sob protestos da oposição, que denunciava a interferência do governo na CCJ, o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB/MG) apresentou um novo parecer para livrar Temer da denúncia de corrupção passiva. O PSDB havia liberado seus deputados para votar como quisessem sobre o parecer de Zveiter. Abi-Ackel, que compõe a ala governista, permaneceu em defesa de Temer. Ao final da sessão, ele disse ter convicção de que, no plenário, vencerá o voto pela absolvição do presidente: “Tenho muita confiança que o Congresso terá calma em analisar a matéria e entenderá que houve abusos na denúncia apresentada pelo Procurador-Geral”. Se assim acontecer, o processo será arquivado.

A votação do novo parecer contou com um novo participante, o deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES). Ele entrou para substituir Zveiter que, irritado, se retirou da sala da comissão logo após seu relatório ter sido rejeitado pela maioria. Coimbra votou a favor do relatório de Abi-Ackel, aumentando coro pela absolvição de Temer.

Em nota divulgada logo após aprovação do relatório, o porta-voz do Planalto afirmou que Temer recebeu a notícia com a “tranquilidade” de quem “confia nas instituições brasileiras”. O texto diz ainda que o resultado é fruto de uma “sólida maioria que defende a democracia, os direitos constitucionais e o Estado de Direito”. Em nenhum momento, porém, cita a liberação de emendas ou as trocas de parlamentares feitas na CCJ, a fim de garantir a absolvição do presidente.

A VIRADA COMEÇA AGORA!

A virada começa agora!
Todo fim de ano traz metas pessoais. Mas 2026 exige algo maior: metas políticas — e ação imediata.
Qual virada você quer para o Brasil?
A que entrega ainda mais poder à direita para sabotar o povo — ou a virada em que eles ficam longe do Congresso, do Senado e da Presidência?
Eles já estão se movendo: o centrão distribui emendas para comprar apoio, as igrejas fecham pactos estratégicos, as big techs moldam os algoritmos para favorecer seus aliados, e PL, Republicanos e União Brasil preparam o novo candidato queridinho das elites.
E tudo isso fica fora dos holofotes da grande mídia, que faz propaganda fantasiada de jornalismo — sempre servindo a quem tem dinheiro e poder.
Aqui não. No Intercept Brasil, suas metas de ano novo para o país também são as nossas. Estamos na linha de frente para expor esses projetos de poder e impedir que 2026 seja o ano da extrema direita.
Mas essa virada depende da mobilização de todos.
Para continuar investigando — e desmontando — cada etapa dessa articulação silenciosa, precisamos da sua doação.
E ajude a conquistar as metas que o Brasil precisa.
Fortalecer o jornalismo independente que não deve nada a políticos, igrejas ou empresas é a única forma de virarmos o jogo.

Doe Agora

Conteúdo relacionado

Inscreva-se na newsletter para continuar lendo. É grátis!

Este não é um acesso pago e a adesão é gratuita

Já se inscreveu? Confirme seu endereço de e-mail para continuar lendo

Você possui 1 artigo para ler sem se cadastrar