BRASÍLIA, DF, 05.07.2017: TEMER-DENUNCIAS - O advogado Antônio Claudio Mariz de Oliveira entregou na tarde desta quarta-feira (5) a defesa do presidente Michel Temer, abrindo a contagem de prazo para que a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara se manifeste sobre a denúncia de que o presidente Michel Temer cometeu crime de corrupção passiva. (Foto: Mateus Bonomi/Agif/Folhapress)

Defesa admite que foi Loures quem organizou encontro entre Joesley e Temer

Temer ouviu uma confissão de obstrução de Justiça e não fez nada sobre; Polícia Federal chancelou a gravação; mas para a defesa do presidente nada disso aconteceu.

BRASÍLIA, DF, 05.07.2017: TEMER-DENUNCIAS - O advogado Antônio Claudio Mariz de Oliveira entregou na tarde desta quarta-feira (5) a defesa do presidente Michel Temer, abrindo a contagem de prazo para que a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara se manifeste sobre a denúncia de que o presidente Michel Temer cometeu crime de corrupção passiva. (Foto: Mateus Bonomi/Agif/Folhapress)

A conversa de Michel Temer com Joesley Batista não envolveu ilícitos, a gravação não passou por perícia e o laudo da Polícia Federal sobre a mesma foi inconclusivo. Pelo menos é o que afirma o texto de defesa apresentado pelos advogados de Michel Temer à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. Na tentativa de negar todos os fatos recentemente noticiados sobre o caso — afinal, Temer e Joesley falaram em obstrução de Justiça, a Polícia Federal fez, sim, uma perícia a pedido do Ministério Público, e o laudo final concluiu que não houve edições na gravação —, pelo menos uma coisa os advogados do presidente admitem: foi seu assessor Rodrigo Loures quem organizou o encontro do presidente com Joesley.

A pedido de Rodrigo Loures, o Presidente, sem possibilidade de agenda, concordou em recebê-lo à noite, no Jaburu, e acompanhado do próprio Loures. Atendeu no Jaburu como fez com inúmeros outros que o procuraram.  Rodrigo não foi por alguma razão. No entanto, foi ele quem marcou a entrevista e deu o número da placa do automóvel que os transportaria, no qual Joesley acabou indo.” [ênfase adicionado]

Um relatório da Polícia Federal, entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) em junho, conclui que houve “pagamento de vantagem indevida” a Temer de maneira “remota” através de Loures. O dinheiro seria pago pelos empresários do Grupo J&F.

Negação

Na conversa gravada entre Joesley e Temer, em que a perícia da Polícia Federal confirmou não haver edições, o empresário admite estar “dando conta” de dois juízes. A perícia da Polícia Federal constatou que, ao ouvir a confissão e incentivar o ato, o presidente também incorre no crime de obstrução.

Joesley: Aqui, eu dei conta de um lado o juiz, dá uma segurada. Do outro lado o juiz substituto, que é o cara que ficou…

Temer: Tá segurando os dois?

Joesley: Tô segurando os dois.

Temer: Ótimo, ótimo…

Para os advogados de Temer, no entanto, “nada de ilegal fora tratado naquela oportunidade”. A defesa também afirma que “Quanto ao intento de sua visita, bem, possuísse ele poderes adivinhatórios, determinaria a sua imediata prisão”. Temer não precisava de bola de cristal para determinar a prisão de Joesley, bastava ele ter alertado as devidas autoridades logo após ouvir o empresário confessar o crime. No entanto, o presidente optou por incentivá-lo: “Ótimo, ótimo”.

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