O advogado de Michel Temer, Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, do escritório Mariz de Oliveira, entregou na tarde desta quarta-feira (5) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Congresso o documento com 98 páginas de defesa do presidente da denúncia da Procuradoria-Geral da República por corrupção passiva. Para o STF analisar a denúncia, a Câmara precisa autorizar o prosseguimento da acusação.
Mariz de Oliveira dedicou um capítulo do documento para defender o direito às “garantias da intimidade e da vida privada”, atacando a gravação de conversa feita pelo dono da JBS, o empresário Joesley Batista. Num dos trechos, o advogado usa até a expressão “direito de arapongagem”, numa referência aos policiais que gravavam conversas clandestinamente durante a ditadura.
“É necessário questionar: qual seria o interesse a ser preservado de Joesley Batista? Direito de arapongagem? Direito de obter benefícios absurdos que lhe foram concedidos pelo Procurador-Geral da República em troca da tal gravação? Direito de fazer implodir a economia brasileira, faturar centenas de milhões de dólares com informações privilegiadas, e ainda se refugiar na 5ª Avenida em Nova Iorque, num dos endereços mais caros do mundo?”.
O advogado também afirma que, caso a gravação seja válida, “estaremos fadados a um interminável reality show”:
“E se tal conduta for autorizada em face do líder maior da Nação, todas as autoridades deste país estarão sujeitas a procedimento similar. Todas, sem exceção. Tudo poderá ser gravado, registrado, controlado e divulgado quando bem se entender. Estaremos fadados a um interminável reality show onde não só a governabilidade restará comprometida, mas também os próprios fundamentos nos quais se baseiam o nosso Estado Democrático de Direito”.
O relator escolhido na CCJ, deputado Sérgio Zveiter, deve dar seu parecer sobre a acusação até a próxima segunda-feira.
O seu futuro está sendo decidido longe dos palanques.
Enquanto Nikolas, Gayers, Michelles e Damares ensaiam seus discursos, quem realmente move o jogo político atua nas sombras: bilionários, ruralistas e líderes religiosos que usam a fé como moeda de troca para retomar ao poder em 2026.
Essas articulações não ganham manchete na grande mídia. Mas o Intercept está lá, expondo as alianças entre religião, dinheiro e autoritarismo — com coragem, independência e provas.
É por isso que sofremos processos da Universal e ataques da extrema direita.
E é por isso que não podemos parar.
Nosso jornalismo é sustentado por quem acredita que informação é poder.
Se o Intercept não abrir as cortinas, quem irá? É hora de #ApoiarEAgir para frear o avanço da extrema direita.