FILE - The Dec. 4, 1989 file photo shows U.S. Navy launching a Trident II, D-5 missile from the submerged submarine USS Tennessee in the Atlantic Ocean off the coast of Florida. Pushing his vision of a nuclear weapons-free world, President Barack Obama returned to Prague on Thursday, April 8, 2010 to sign a pivotal treaty aimed at sharply paring U.S. and Russian arsenals ? and repairing soured relations between the nations. With that, they will commit their nations to slash the number of strategic nuclear warheads by one-third and more than halve the number of missiles, submarines and bombers carrying them, pending ratification by their legislatures. The new treaty will shrink those warheads to 1,550 over seven years. That still allows for mutual destruction several times over. But it will send a strong signal that Russia and the U.S., which between them own more than 90 percent of the world's nuclear weapons, are serious about disarmament.  (AP Photo/Phil Sandlin, File)

Declarações de Trump indicam possível início de nova corrida nuclear

As declarações recentes de Trump contradizem décadas de negociações mútuas e cautelosas pela redução dos arsenais nucleares em todo o mundo.

FILE - The Dec. 4, 1989 file photo shows U.S. Navy launching a Trident II, D-5 missile from the submerged submarine USS Tennessee in the Atlantic Ocean off the coast of Florida. Pushing his vision of a nuclear weapons-free world, President Barack Obama returned to Prague on Thursday, April 8, 2010 to sign a pivotal treaty aimed at sharply paring U.S. and Russian arsenals ? and repairing soured relations between the nations. With that, they will commit their nations to slash the number of strategic nuclear warheads by one-third and more than halve the number of missiles, submarines and bombers carrying them, pending ratification by their legislatures. The new treaty will shrink those warheads to 1,550 over seven years. That still allows for mutual destruction several times over. But it will send a strong signal that Russia and the U.S., which between them own more than 90 percent of the world's nuclear weapons, are serious about disarmament.  (AP Photo/Phil Sandlin, File)

A declaração de Donald Trump na última quinta-feira defendendo que “se outros países também terão armas nucleares, nós seremos os primeiros” contradiz décadas de negociações mútuas e cautelosas pela redução dos arsenais nucleares em todo o mundo.

Os comentários de Trump publicados pela Reuters basicamente serviram de convite para que outras potências nucleares aumentem sua capacidade, e podem desencadear uma nova corrida armamentista.

“O Sr. Trump deve tomar cuidado para que não arruine décadas de esforços bem-sucedidos pela redução de arsenais nucleares excessivos”, disse Daryl Kimball, diretor-executivo da Associação de Controle Armamentício (Arms Control Association). “Todos os cinco últimos presidentes dos EUA, Barack Obama, George W. Bush, Bill Clinton, George H.W. Bush e Ronald Reagan, negociaram acordos com a Rússia pela redução de seus arsenais nucleares.”

O Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, ratificado pelo Congresso em 1970, exige que os EUA busquem a “cessação” da corrida armamentista nuclear entre superpotências e tomem medidas visando o desarmamento mútuo. O objetivo era interromper a corrida armamentista para sempre.

Trump já havia causado temor quanto a uma nova corrida armamentista no passado. Ao ser pressionado em dezembro a explicar em detalhes sua política nuclear, ele declarou no programa Morning Joe da MSNBC: “que haja uma corrida armamentista”. Depois publicou um tweet defendendo que os EUA “reforcem e expandam consideravelmente sua capacidade nuclear na expectativa de que o mundo abra os olhos para a ameaça das armas nucleares”.

O porta-voz de Trump passou o dia tentando esclarecer esses comentários. Mas Trump explicou em seguida sua opinião quanto à redução de armamentos nucleares, dizendo ao presidente Vladimir Putin que considerava o New START (Strategic Arms Reduction Treaty – Tratado de Redução Armamentista Estratégica) da era Obama um mau negócio. O tratado exige que ambos os países reduzam o número de ogivas nucleares estrategicamente posicionadas a menos de 1.550, o que representaria o mais baixo nível das últimas décadas.

Os russos têm um pouco mais de ogivas nucleares do que os EUA atualmente — mas, em contrapartida, os EUA possuem mais lançadores estratégicos de ogiva, segundo os dados mais recentes.

“É certo que os EUA não ‘ficaram para trás’ com relação à sua capacidade nuclear”, disse Hans Kristensen, especialista em armas nucleares da Federação de Cientistas Americanos, por e-mail para The Intercept. “Já estão no ‘topo do ranking’ e têm as forças nucleares mais poderosas do mundo, contando ainda com contundentes forças militares convencionais.”

Em 2013, oficiais da segurança nacional da Casa Branca de Obama estabeleceram que os EUA poderiam reduzir suas forças nucleares em um terço, sem maiores riscos. Outros especialistas disseram que esse número poderia ser ainda mais reduzido.

Mas, em vez de buscar as reduções que poderiam economizar centenas de bilhões de dólares, o governo Obama começou a investir US$ 1 trilhão na modernização do arsenal, o que os críticos do orçamento dos EUA consideraram ser inacessível.

Foto principal: Marinha dos EUA lançando um míssil Trident II, D-5. Litoral da Flórida, 4 de dezembro de 1989.

S.O.S Intercept

Peraí! Antes de seguir com seu dia, pergunte a si mesmo: Qual a chance da história que você acabou de ler ter sido produzida por outra redação se o Intercept não a tivesse feito?

Pense em como seria o mundo sem o jornalismo do Intercept. Quantos esquemas, abusos judiciais e tecnologias distópicas permaneceriam ocultos se nossos repórteres não estivessem lá para revelá-los?

O tipo de reportagem que fazemos é essencial para a democracia, mas não é fácil, nem barato. E é cada vez mais difícil de sustentar, pois estamos sob ataque da extrema direita e de seus aliados das big techs, da política e do judiciário.

O Intercept Brasil é uma redação independente. Não temos sócios, anúncios ou patrocinadores corporativos. Sua colaboração é vital para continuar incomodando poderosos.

Apoiar é simples e não precisa custar muito: Você pode se tornar um membro com apenas 20 ou 30 reais por mês. Isso é tudo o que é preciso para apoiar o jornalismo em que você acredita. Toda colaboração conta.

Estamos no meio de uma importante campanha – a S.O.S. Intercept – para arrecadar R$ 250 mil até o final do mês. Nós precisamos colocar nosso orçamento de volta nos trilhos após meses de queda na receita. Você pode nos ajudar hoje?

QUERO APOIAR

Entre em contato

Conteúdo relacionado

Inscreva-se na newsletter para continuar lendo. É grátis!

Este não é um acesso pago e a adesão é gratuita

Já se inscreveu? Confirme seu endereço de e-mail para continuar lendo

Você possui 1 artigo para ler sem se cadastrar