Brasília - O Ministro Geddel Vieira Lima participa da Cerimônia de Comemoração do Dia Nacional da Micro e Pequena Empresa (Valter Campanato/Agência Brasil)

Nomeado por Temer empurra para dezembro decisão da Comissão de Ética sobre Geddel

Planalto aposta em esquecimento de acusações de que ministro teria pressionado para liberar empreendimento na Bahia.

Brasília - O Ministro Geddel Vieira Lima participa da Cerimônia de Comemoração do Dia Nacional da Micro e Pequena Empresa (Valter Campanato/Agência Brasil)

(este texto contém atualizações)

Um pedido de vista do conselheiro José Leite Saraiva Filho adiou para dezembro a decisão sobre a abertura de uma investigação sobre a conduta do ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo). Novato na Comissão de Ética Pública da Presidência, ele é o único integrante do colegiado que foi nomeado pelo presidente Michel Temer. Mesmo com maioria para investigar se Geddel violou código de conduta federal ou a Lei de Conflito de Interesse (lei 12.813/13). A decisão final sobre o caso ficou para 14 de dezembro.

Nomeado por Temer empurra para dezembro decisão da Comissão de Ética sobre Geddel

Ex- ministro da Cultura Marcelo Calero

José Cruz/Agência Brasil

No sábado, em entrevista à Folha, o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero afirmou que Geddel o teria pressionado para que o Instituto de Preservação do Patrimônio Histórico (Iphan), órgão subordinado à Cultura, liberasse um alvará para a construção de um prédio de luxo em uma área de Salvador tombada como Patrimônio Histórico da Humanidade.

Geddel  reconheceu que conversou com Calero sobre o projeto imobiliário na Bahia. No entanto, disse que não teve intenção de pressioná-lo para tomar nenhuma atitude em relação ao parecer técnico rejeitado pelo Iphan.

A Comissão de Ética é um órgão vinculado à Presidência da República que fiscaliza a aplicação do Código de Conduta da Alta Administração Federal e possíveis conflitos de interesse envolvendo funcionários do governo. O colegiado não tem poder para demitir ministros, mas pode recomendar punições, que vão desde advertência até a mais grave: demissão.

Contando com o esquecimento do caso, o Palácio do Planalto recebeu com alívio o pedido de vistas que retardou a análise do processo. Em meio à polêmica, Temer confirmou  que Geddel permanecerá no cargo de ministro. Ao G1, Temer disse que, mesmo que Geddel tenha tratado de assunto pessoal, a decisão do Iphan é a que deve prevalecer.

ATUALIZAÇÃO: No início da noite, José Saraiva retirou o pedido de vista, e a Comissão de Ética da Presidência decidiu, por unanimidade, abrir o processo para investigar a conduta do ministro Geddel Vieira Lima.

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