Um genocídio pode estar em curso no país, sem que a maioria dos brasileiros sequer tome conhecimento. Desde terça-feira (29), a Polícia Federal, a pedido do Ministério Público do Amazonas, está investigando o massacre de cerca de 20 índios isolados, pertencentes a um grupo conhecido como Warikama Djapar.
Atualmente uma expedição da Funai está na terra indígena Vale do Javari – a segunda maior do país – e vai tentar confirmar as mortes. Elas teriam acontecido no começo do ano e há indícios de que não tenham sido as primeiras.
Segundo o coordenador técnico da Funai em Eirunepé, Arquimimo do Amaral Silva, há cerca de dois anos índios encontraram ossadas humanas perto da área do suposto massacre. A instituição começou a investigar, mas o processo não foi adiante, por falta de recursos. Ainda segundo Silva, a suspeita é de que esses grupos tenham sido vítimas de um bando de caçadores que vive e atua na região.
Área do tamanho de Portugal
O território do Vale do Javari, no oeste do Amazonas, é do tamanho de Portugal. Tem a maior concentração de povos isolados do mundo, muitos deles com línguas e culturas ainda desconhecidos do restante da civilização. Apesar disso, a área está praticamente abandonada pelo poder público, conta com apenas dez agentes da Funai e vive conflitos constantes.
Uma situação que, a depender do governo Temer, refém da bancada ruralista, tende a piorar. Para o ex-presidente da Funai Antônio Fernandes Toninho Costa, exonerado em maio por não concordar com a contratação de 25 cupinchas do agronegócio, nossos políticos querem acabar com a fundação. O que não é muito diferente de dizer que querem acabar com os índios.
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