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Eleição em SP: mapas revelam disputa por nova classe média que votou em Marçal

Análise do LabCidade mostra voto pulverizado e contesta senso comum de que algum candidato tenha vencido nas periferias ou nos bairros ricos.

Ricardo Nunes e Guilherme Boulos disputam o 2º turno na eleição de São Paulo

Eleições 2024

Parte 22


Ricardo Nunes, Guilherme Boulos e Pablo Marçal não obtiveram vitória ampla em nenhuma região de São Paulo no 1º turno das eleições, desbancando a ideia de que áreas ricas e periféricas tiveram seus candidatos preferidos. A análise do LabCidade, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, também indica que o voto em Marçal se concentrou onde emerge uma nova classe média e média alta.

Nos dias seguintes à votação, as redes sociais foram tomadas por afirmações que Marçal, do PRTB, teria “levado” bairros ricos da zona leste da cidade, enquanto o prefeito Ricardo Nunes, que concorre à reeleição pelo MDB, teria vencido na periferia da zona sul. 

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Esses mapas, no entanto, enganam, segundo os pesquisadores do LabCidade. Nenhum candidato obteve mais de 45% dos votos em alguma zona eleitoral.

Nunes atingiu sua votação máxima em Cidade Ademar, com 35,8% dos votos. Boulos, do PSOL, registrou seu melhor desempenho na Bela Vista, região central, com 43,7% dos votos. Já Marçal obteve sua maior vitória em Anália Franco, na zona leste, com 34,6% da preferência dos eleitores.

Fonte: TSE, 2024. Elaboração: LabCidade, 2024.
Fonte: TSE, 2024. Elaboração: LabCidade, 2024.

“A falta de uma vitória folgada desmonta a ideia de que um ou outro candidato tenha ‘levado as periferias’ ou ‘levado os bairros ricos’ da cidade. Apesar de os votos parecerem mais distribuídos entre vários candidatos, é possível notar algumas concentrações espaciais de votos em alguns deles”, disse Pedro Rezende Mendonça, pesquisador do LabCidade e doutorando IME-USP, ao Intercept Brasil

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Onde Nunes e Boulos se destacaram

Na zona sul, Nunes concentrou votos na parte sudoeste, que reúne bairros de classe média e média alta como Moema e Campo Belo, e no extremo sul, que tem bairros de classes mais baixas como Cidade Dutra, Grajaú, Parelheiros e Marsilac.

Essas duas regiões têm dinâmicas diferentes, segundo a análise do LabCidade. O extremo sul, região marcada por processos conflitivos de urbanização, sempre esteve em disputa por organizações de base de esquerda e dinâmicas clientelistas ligadas aos processos de urbanização e controle de serviços públicos.

A boa votação de Nunes nessa região, portanto, sugere um movimento de ganho de votos ligados ao clientelismo, segundo o LabCidade, uma forma política típica do Centrão, com o qual Nunes e o vereador Milton Leite, atual presidente da Câmara dos Vereadores de São Paulo, têm ligação. 

Boulos registrou sua maior concentração de votos na Bela Vista, região central da cidade, mas também teve votação expressiva nas periferias da zona leste, em São Mateus e Cidade Tiradentes, e na parte sudeste da zona sul, no Capão Redondo e Campo Limpo.

Esses bairros periféricos possuem uma herança histórica de organização popular por movimentos e siglas da esquerda e permanecem fiéis a essa tradição, aponta o LabCidade, embora haja pressão da ideia do empreendedorismo representada na figura de Marçal. A ideia de que a esquerda teria perdido força nas periferias precisa ser ponderada, segundo o estudo.

O voto em Boulos na região da Bela Vista também deve ser lido no contexto do bairro como tendo uma histórica presença da população negra, ligado à crescente organização de coletivos culturais, de acordo com a análise. 

Marçal agrada ‘nova classe média e média alta’

A análise do LabCidade constatou que Marçal, apesar de não ter avançado para o segundo turno, teve a maior concentração de votos nas zonas leste, nos bairros do Tatuapé, Belém, Mooca e Anália Franco, e norte, na Vila Maria, Vila Medeiros e Vila Guilherme. Essas áreas já concentravam, em eleições anteriores, o voto bolsonarista. 

De acordo com a análise, são regiões de uma “nova classe média e média alta” que se consolidou nas últimas duas décadas, e que vem sendo disputada por diferentes grupos. “Esta classe tem pressionado o espectro político conservador mais tradicional da cidade com o discurso e práticas empreendedoras e uma aversão ao sistema institucional consolidado desde a redemocratização do país,” observou Mendonça.

O voto rachado da elite

Nas eleições municipais de 2024, novas disputas dentro dos territórios considerados de elite e de baixa renda alteraram padrões vistos em eleições anteriores, apontou a análise do LabCidade.

Na elite, há um racha entre as classes que concentram os recursos econômicos e a elite intelectual. Na zona leste, bairros próximos à região central demonstram essa divisão dos votos da elite. No vetor sudoeste, região tradicional de concentração de renda, o voto se dividiu entre Nunes e Boulos, mas também houve votação relevante na candidata Tabata Amaral, do PSB.

A periferia também tem visto uma pulverização de votos em distintos perfis políticos. “Depois de décadas de políticas públicas, aumento do salário mínimo e consolidação geracional, hoje, essas áreas passam pelo momento de ascensão de práticas empreendedoras e grande investimento empresarial com impacto social, filantropia e inovação social”, disse Mendonça.

Temos uma oportunidade, e ela pode ser a última:

Colocar Bolsonaro e seus comparsas das Forças Armadas atrás das grades.

Ninguém foi punido pela ditadura militar, e isso abriu caminho para uma nova tentativa de golpe em 2023. Agora que os responsáveis por essa trama são réus no STF — pela primeira e única vez — temos a chance de quebrar esse ciclo de impunidade!

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