Brasil foi o segundo país que mais recebeu grana das big tech, mostra pesquisa de Charis Papaevangelou. Não é boa vontade – é medo de regulação.

Este pesquisador 'seguiu o dinheiro' das big tech para o jornalismo – e chegou a 424 veículos no Brasil

Brasil foi o segundo país que mais recebeu grana das big tech, mostra pesquisa de Charis Papaevangelou. Não é boa vontade – é medo de regulação.

Brasil foi o segundo país que mais recebeu grana das big tech, mostra pesquisa de Charis Papaevangelou. Não é boa vontade – é medo de regulação.

O Brasil é o segundo lugar no mundo em que as big tech Google e Facebook mais injetaram dinheiro no jornalismo – atrás apenas dos EUA, país de origem das empresas. Pelo menos 424 veículos e organizações jornalísticas, de todas as regiões do Brasil, já receberam algum tipo de financiamento das corporações de tecnologia. 

Para o pesquisador Charis Papaevangelou, que estuda a influência e o poder dessas empresas sobre o jornalismo, a boa vontade não é gratuita: está relacionada às discussões sobre regulação de plataformas. 

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Pós-doutor na Universidade de Amsterdam, onde pesquisa legislação, plataformas e jornalismo, Papaevangelou publicou no ano passado um estudo que disseca as estratégias de financiamento e captura das big tech sobre o jornalismo. Elas incluem dinheiro – muito dinheiro –, mas não apenas isso. Estão envolvidos também influência e poder.  

Sua pesquisa mostrou que, entre 2017 e 2022, Google e Facebook despejaram grana em mais de 6,7 mil veículos jornalísticos e entidades do setor em todo o mundo. O total investido nesses programas chega a 900 milhões de dólares, segundo declarações públicas de executivos do Google e da Meta. Mas Papaevangelou só conseguiu encontrar informações sobre 160 milhões – o que, para ele, destaca um problema de transparência significativo.

O que motiva as big tech? Para Papaevangelou, pode haver uma correlação entre os programas de financiamento das plataformas, especialmente a intensidade deles, e a possibilidade de serem aprovadas legislações que irão afetá-las. 

Como exemplo, a pesquisa cita justamente o Brasil. Por aqui, as big tech foram vitoriosas para travar o PL 2630, conhecido como PL das Fake News, depois de muita campanha e lobby. 

O projeto, que visa aumentar a responsabilidade das plataformas sobre determinados conteúdos, foi alvo de oposição de várias entidades jornalísticas – algumas que receberam financiamento – por dispositivos que ameaçavam a privacidade e a liberdade de expressão. Esses pontos mais críticos foram eliminados do texto final, mas ainda assim as big tech conseguiram derrubar a votação do projeto no ano passado. 

Assim como no caso brasileiro, essa correlação entre financiamento e interesses em regulação pôde ser vista também na Austrália – em meio às discussões sobre o News Media Bargaining Code, lei que obrigou as big techs a remunerarem conteúdo jornalístico –, no Canadá e na França.

Foi lá, aliás, que tudo começou: em 2013, o governo francês estava tentando impor um pagamento ao Google para compensar os veículos jornalísticos cujo conteúdo estava sendo indexado na busca. 

Correndo o risco de cair na regulação, o Google criou um fundo milionário para pagar os veículos. A partir disso, a iniciativa foi estendida para outros países. Em 2017, o Facebook também criou seu próprio programa. 

Brasil é segundo país com maior investimento das big tech em jornalismo.

A maior dificuldade que Papaevangelou encontrou foi a matéria prima para sua pesquisa: não havia dados. Por isso, o pesquisador raspou textos de divulgação, relatórios de impacto e posts que encontrou no site das empresas e seus parceiros para criar uma base com 6.773 mil beneficiários entre 2017 e 2022. 

O pesquisador argumenta que as crises financeiras recorrentes no jornalismo aumentaram a necessidade de mais financiamento externo e, ao mesmo tempo, legitimaram a intervenção das plataformas sem que houvesse uma resposta adequada de transparência e responsabilização. 

Como resultado, há impacto em toda a indústria, em sua independência e influência em processos democráticos e na governança.

Os achados de Papaevangelou se somam a um artigo de 2018, em que o pesquisador e jornalista investigativo alemão Alexander Fanta mostrou que o Google estava moldando o jornalismo. 

A condição para receber o financiamento da empresa, descreveu Fanta, era “mostrar inovação”. Assim, o fundo incentivava determinados modelos de negócio, que na maior parte dos casos complementava o ecossistema online do Google, ou eram simplesmente baseados nos serviços da empresa. 

Agora, Papaevangelou mostrou também que grande parte do dinheiro não foi para veículos – mas para programas e associações intermediárias. Para o pesquisador, os dados deixam claro o esforço das big tech em “capturar e plataformizar a indústria do jornalismo o máximo de níveis possível”. 

Quando se fala em ‘captura’, não se trata de influência editorial – não é necessariamente o Google decidindo se uma reportagem vai ou não ao ar. É, por exemplo, a validação das plataformas como ator fundamental na indústria do jornalismo e a prevalência de veículos focados em “soluções” e “produtos” alinhados com as expectativas comerciais das empresas.

A Abraji, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, que oferece cursos e treinamentos em parceria com Google e Facebook, é citada. Outro exemplo é a Internews, na Índia, que recebeu 1 milhão de dólares do Google para oferecer treinamentos e workshops sobre letramento digital.

Ao Intercept Brasil, o Google afirmou que se baseia em critérios como “conteúdo de qualidade”, com o objetivo de “fortalecer o ecossistema jornalístico”. A empresa afirma que “ofereceu suporte” a mais de 7 mil veículos de 120 países, totalizando mais de US$ 300 milhões. (Vale lembrar que, só em 2023, o conglomerado Alphabet, dono do Google, faturou US$ 73,79 bilhões). Sobre a correlação entre financiamento e regulação, a empresa não comentou. Já a Meta não respondeu meus questionamentos. A Abraji também não comentou.

Em entrevista, Charis Papaevangelou conta como fez para “seguir o dinheiro” das big tech – e o impacto da dependência crescente de veículos, especialmente no Sul Global, nas grandes plataformas de tecnologia. 

O pesquisador Charis Papaevangelou, autor do estudo que disseca as estratégias de financiamento e captura das big tech sobre o jornalismo. Foto: Reprodução/La revue des médias

Intercept – De onde veio a ideia de pesquisar o financiamento do jornalismo por big techs? 

Charis Papaevangelou – Durante minha pesquisa de doutorado, estudei a economia política da governança de plataformas e, especificamente, o crescente impacto das plataformas na indústria do jornalismo. Então, eu realmente quis “seguir o dinheiro” para entender o envolvimento financeiro das big tech no jornalismo.

Senti que faltava um entendimento claro de quão grande era esse envolvimento e que a falta de transparência tornava difícil se envolver neste tópico de uma forma fundamentada. Eu me inspirei nos trabalhos dos jornalistas investigativos alemães Alexandre Fanta e Ingo Dashwitz, que fizeram o mesmo em relação ao Google Digital News Initiative na Alemanha e na União Europeia. 

Mas fui um pouco mais ambicioso e, graças a um fellowship no Centre for Media, Tech and Democracy of McGill University, pude conduzir o estudo que deu origem ao meu artigo, em que eu colhi dados dos programas globais da Meta e do Google – Google News Initiative and Meta Journalism Project respectivamente.

As plataformas, em geral, não são transparentes em relação aos projetos que apoiam. No Brasil, por exemplo, o Google não divulga essas informações. Quais foram os principais desafios na sua pesquisa?

Precisamente esse, que é o caso de todos os países, para a maioria dos projetos. Nem o Google nem a Meta têm um índice abrangente ou uma lista de todos os projetos e beneficiários. Tive que fazer isso do zero, criando uma colagem de cada informação que eu encontrei. 

Além disso, o nível de transparência difere de um projeto para outro nas duas empresas. Por exemplo, o maior projeto de financiamento do Google, o Journalism Emergency Relief Fund [programa lançado na pandemia] continha uma lista de todas as organizações de mídia que receberam pagamentos, mas não quanto cada um recebeu. Havia alguns padrões de quantidades de dólares cada um poderia receber, de acordo com o tamanho. 

Em geral, as empresas não parecem dispostas a divulgar a quantia específica. Felizmente, alguns veículos divulgam essas informações.

O Canadá aprovou recentemente uma lei para obrigar as big tech a remunerar jornalismo, e ficou claro o que acontece depois: os veículos foram punidos pelas plataformas. Isso mostra o poder de lobby e um certo desdém pelo jornalismo. Sua pesquisa mostrou que as plataformas realmente bancam os veículos – mas com seus próprios termos e regras. Qual é a diferença entre esses modelos?

Mais e mais países estão considerando ou já aprovaram legislações para endereçar essa questão diretamente, como a Austrália e Canadá, e indiretamente, como a União Europeia. Em todos os casos, vimos que, na forma como essas leis são aplicadas, a prática permanece a critério das plataformas. 

Como a situação no Canadá demonstra, isso deixa os veículos – especialmente os menores – bastante vulneráveis ao poder das plataformas, podendo até ficar reféns da negociação de poder entre big tech e governos. Isso tem efeitos prejudiciais à qualidade de nosso ecossistema de informações e democracia.

‘As big tech tentam manter a assimetria de informações que enfraquece a possibilidade de barganha dos veículos’.

Considere, por exemplo, o que aconteceu quando o Facebook, em retaliação à lei australiana, bloqueou veículos de publicarem conteúdos jornalísticos no meio da pandemia, incluindo – erroneamente, eles argumentaram depois – fontes governamentais e autoridades. A mesma situação aconteceu no Canadá durante as terríveis queimadas no último verão. 

A razão pela qual as plataformas agem assim é que regulações desse tipo reconhecem a responsabilidade que elas tiveram em prejudicar a mídia. E elas não querem ser vistas reconhecendo essa cumplicidade.

Além disso, regulações como a proposta no Canadá, muito mais do que na Austrália, delimitam certos padrões e parâmetros sobre que tipo de veículo deve ser remunerado por plataformas. Isso significa que as big tech devem entrar em negociações mais formais com os veículos, o que deve fortalecer a transparência. É algo que as big tech tentam evitar, mantendo a assimetria de informações que enfraquece a possibilidade de barganha dos veículos jornalísticos.  

Sair desse modelo autorregulado de plataformas financiando jornalismo é benéfico para nivelar o campo entre elas, além de impedir que as plataformas decidam quais projetos e veículos merecem ser financiados. 

No entanto, essa regulação não resolve as questões mais sistêmicas que o jornalismo está enfrentando atualmente e, no fim do dia, conecta uma parte significativa do lucro dos veículos às plataformas. Como resultado, eu acredito que políticas econômicas como o crédito para assinatura de veículos digitais que existe no Canadá poderiam ajudar os veículos a retomarem sua autonomia.

Há alguma especificidade em relação aos países do Sul Global? Sua pesquisa mostrou que o Brasil foi o segundo país que mais recebeu financiamento para projetos jornalísticos do Google e da Meta. O que, na sua opinião, explica isso?

Eu não conseguiria dar essa explicação, exceto pela conexão entre os níveis de investimento e risco de regulação e melhoria da imagem pública das plataformas – isso também foi confirmado para mim por um ex-executivo do Google News Initiative, em uma conversa em off.

Poucos meses atrás, publicamos um estudo com alguns colegas em que entrevistamos representantes de 13 organizações do Oriente Médio e da África que participaram de um desafio de inovação do Google. 

Descobrimos que os programas relacionados à inovação e checagem foram priorizados pelas plataformas, e que eles servem como forma de aprovação para os veículos. 

Também identificamos que a quantidade de dinheiro envolvido não era suficiente para levar a cabo esses projetos, e que o Google não levava em conta as nuances encontradas nos países e ecossistemas em desenvolvimento, como, por exemplo, falta de conhecimento técnico ou mão-de-obra.

‘Esses programas foram concebidos com uma mentalidade pseudo-universalista, que é baseada em valores brancos, ocidentais e liberais’.

Mais do que isso, o Google pareceu indiferente aos problemas e forneceu praticamente zero apoio e orientação aos beneficiários, resultando na descontinuidade de muitos daqueles projetos depois do período de financiamento (que foi na maior parte dos casos um ano). 

Em outras palavras, esses programas foram concebidos com uma mentalidade pseudo-universalista, que é baseada em valores brancos, ocidentais e liberais, e desconsiderou as realidades e nuances das pessoas da maior parte do mundo.

Não gostaria de comentar o caso brasileiro, porque não tenho conhecimento. No entanto, fui informado por colegas brasileiros que plataformas financiaram sites de extrema direita que propagam desinformação. 

Isso apenas demonstra meu ponto anterior sobre a falta de atenção e nuances das plataformas para esses casos e países do Sul Global. As plataformas, na maior parte das vezes, os enquadram como problemas a serem resolvidos financiando soluções de fact-checking.

Muitos veículos e associações financiados pelo Google e pela Meta dizem que não há interferência editorial e que se mantêm independentes. Mas, na sua pesquisa, você menciona o conceito de ‘captura’. Como é essa influência?

O meu argumentos sobre “financiando intermediários” é que, praticamente, as plataformas, por um lado, obscurantizam suas responsabilidades envolvendo mais atores no processo. 

Por outro, apoiam um ecossistema inteiro em vez de apenas veículos específicos. Em outras palavras, elas aumentam a importância de si mesmas, as transformam em atores legítimos no funcionamento da indústria em geral. 

Isso gera benefícios para elas. O principal é a dependência significativa para os veículos, editores e intermediários, que por sua vez exercem pressão sobre os legisladores para não regularem plataformas de forma que colocaria em perigo todo esse ecossistema. 

‘Receber uma verba ou ter uma parceria com uma dessas gigantes de tecnologia dá uma espécie de ‘selo de aprovação’.

Não uso o termo captura para argumentar que há interferência editorial dentro das redações, mas para descrever essa forma de poder mais sutil, nuançada e estrutural, que busca estabelecer as plataformas como indispensáveis para o jornalismo.

Essas empresas majoritariamente financiam projetos sob o disfarce de apoiar a inovação. Isso cria certas expectativas sobre o que é inovação no jornalismo e enquadra isso como algo atingível apenas por meio de serviços e infraestrutura criados e controlados pelas big tech, criando o que chamamos de dependência de caminho. 

Além disso, esses programas de financiamento também vêm na forma de treinar jornalistas para usar esses serviços das plataformas, ou na forma de créditos de anúncios para serem usados nos serviços de publicidade do Google e da Meta. Então, estão sempre conectados para reforçar a dependência dos veículos nas plataformas. 

No entanto, a questão mais interessante para explorar é por que esses conglomerados de tecnologia estão financiando o jornalismo, enquanto argumentam que eles não estão lucrando significativamente com esse conteúdo. E, aqui, acho que os meus resultados de pesquisa são úteis: eles priorizam países em que enfrentam regulação.

Sempre fomos céticos e críticos em relação às estruturas de propriedade e às questões de conflito de interesses no jornalismo, por isso deveríamos também aplicar a mesma crítica ao financiamento das big tech.

No artigo, você mencionou a influência da Ideologia Californiana, um trabalho seminal que define o dogma liberal, capitalista e tecno otimista que alimentou o desenvolvimento do Vale do Silício. Como é possível enxergar, em veículos jornalísticos, essa ideologia?

Voltarei à minha resposta anterior sobre como, nesses esquemas de financiamento, as plataformas definiram os termos do que conta como inovação ou, de maneira geral, como merecedor de receber financiamento. 

Por exemplo, programas de fact-checking – especificamente para o conteúdo que circula nos serviços dessas empresas – estão entre os mais financiados por elas. 

Além disso, a maioria desses programas são para projetos específicos, o que significa que há uma desconexão entre o jornalismo voltado para o valor e o jornalismo voltado para projetos. Em outras palavras, eles financiam “soluções”, que são alimentadas por esse dogma do Vale do Silício chamado “solucionismo”, como Evgeny Morozov classifica

Indo além, até mesmo esquemas de financiamento que não são específicos para projetos, como o Google News Showcase, ou simplesmente os serviços oferecidos pelas plataformas, como mecanismo de busca e redes sociais, estão implicitamente reforçando esse dogma (neo)liberal e os valores do Vale do Silício. 

Ao mesmo tempo, jornalistas se tornam dependentes das infraestruturas que operam usando sistemas automatizados, que foram desenvolvidos para aumentar o lucro – manter os usuários no ecossistema das plataformas.

Por fim, também diria, especialmente sobre organizações menores de mídia, que receber uma verba ou ter uma parceria com uma dessas gigantes de tecnologia dá a elas uma espécie de “selo de aprovação”.

As big tech também contratam jornalistas e pessoas que tiveram cargos estratégicos em veículos e associações. A questão da porta giratória nessa indústria é algo em que você se debruçou? 

A maioria dos projetos do Google e Facebook relacionados à notícias são tocados por ex-jornalistas e executivos da indústria. É algo que não olhei sistematicamente, mas com que cruzei muitas vezes na minha pesquisa. 

É parte da estratégia mais ampla das plataformas de garantir que eles tenham acesso de alto nível à indústria do jornalismo e a adotar a linguagem usada por gente de dentro dela para parecer mais legítimo. 

Além disso, essas pessoas muitas vezes chegam com conexões extremamente importantes, o que é basicamente um aspecto de sua mais-valia que é capturada pelas plataformas. 

No entanto, estamos agora em uma fase em que as plataformas estão reajustando seu relacionamento com os veículos. Por exemplo, tanto Google e Meta descontinuaram muitos de seus serviços relacionados à notícias, e dissolveram seus times internos que engajavam com a indústria. 

Isso sugere uma reavaliação do seu investimento no jornalismo, o que irá abalar partes da indústria. Mas também poderá ser uma boa oportunidade para o jornalismo reavaliar a sua relação com as plataformas e recuperar a sua autonomia.

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