O tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, esvaziou sua caixa de e-mail institucional antes de deixar o Palácio do Planalto. Alvo de pedido de quebra de sigilo telemático pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do 8 de Janeiro, onde se apresentou como depoente nesta terça-feira, dia 11, Cid não deixou rastros na conta [email protected] – pelo menos no período entre a derrota de Bolsonaro nas urnas, em outubro, e a sua exoneração, na virada do ano.
A informação foi obtida pelo Intercept por meio da Lei de Acesso à Informação, depois que registramos diversas solicitações à Presidência da República para acessar os dados do e-mail de Cid. A maior parte dos pedidos foi negada, mas um deles revelou que o ex-ajudante de ordens pode ter apagado os registros de sua comunicação pela conta de e-mail institucional ou, então, ter feito apenas comunicações não-oficiais neste período.
Em um dos pedidos, solicitamos especificamente os e-mails enviados por Cid no período de 31 de outubro de 2022 a 31 de dezembro de 2022. Em resposta, a Casa Civil da Presidência da República, já no governo do presidente Lula, afirmou: “Não constam e-mails enviados no período solicitado (31/10/2022 a 31/12/2022), considerando o conteúdo atual da caixa de correio de [email protected]”.
Pedidos de acesso aos e-mails de Cid referentes a outros períodos em que ele esteve no Palácio do Planalto foram negados pela Presidência. O argumento é o seguinte: “A disponibilização de eventuais mensagens constantes na caixa de correio eletrônico de agentes públicos requer a análise antecipada, por parte do próprio agente, do conteúdo de todas as mensagens presentes em sua caixa postal, a fim de resguardar informações pessoais próprias e de terceiros, bem como requer uma segunda análise por parte do órgão para identificar e segregar informações protegidas por algum tipo de sigilo previsto em lei”.
O Intercept fez, ainda, solicitações com conteúdo similar, mirando a transparência da caixa de e-mails institucionais de outros assessores de Bolsonaro. Entre eles, Mário Fernandes, ex-secretário de Administração da Secretaria-Geral da Presidência da República, e Marcelo Costa Câmara, ex-assessor do gabinete pessoal do presidente – todas elas foram negadas. Apenas uma, referente ao ex-ministro da Secretaria-Geral e ex-chefe do gabinete pessoal de Bolsonaro, Célio Faria Júnior, teve resposta igual a de Cid, dando conta de que não existiam e-mails registrados nos meses de novembro e dezembro de 2022.
Antes da sessão desta terça, a senadora Eliziane Gama, do PSD do Maranhão, manifestou o desejo de quebrar o sigilo telemático de Mauro Cid. Eliziane é relatora da CPMI do 8 de Janeiro, que investiga os eventos ocorridos na data da invasão e da depredação dos prédios públicos na Praça dos Três Poderes, em Brasília. A parlamentar apresentou um requerimento solicitando acesso às contas de e-mail institucional utilizadas por Cid durante o período em que ele foi ajudante de ordens de Bolsonaro. Sob protestos dos bolsonaristas Marcos Rogério, do PL, e Eduardo Girão, do Novo, o pedido foi aprovado.
O Intercept procurou os advogados de Mauro Cid questionando a possível omissão de informações por parte do tenente-coronel e a necessidade de esclarecer o que estava nos e-mails que foram, aparentemente, excluídos. Até o momento, não houve resposta. O espaço está aberto para manifestações.
Nesta terça-feira, o tenente-coronel Mauro Cid chegou à CPMI do 8 de Janeiro por uma entrada alternativa do Senado, sem falar com a imprensa, escondido em meio à escolta. Como Cid deve permanecer em em silêncio sobre temas espinhosos, a pressão para a obtenção dos e-mails cresce. Resta saber se, como afirmou a Presidência, “considerando o conteúdo atual”, ainda há algo ali.
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