Um ano se passou, mas parece que tem mais tempo. Foram dias muito intensos de tristeza, saudade e aprendizados.
Dom faz muita falta. Ele era um cara fácil de gostar, bacana, amoroso e companheiro. Fazia novas amizades com facilidade, porque escutava as pessoas com interesse genuíno. Amigos antigos me falam sobre a enorme saudade que sentem e amigos mais recentes me confessam que gostariam de ter convivido mais com ele.
Dom foi o amor da minha vida. A pessoa com que vivi a sintonia mais profunda e sincera. Tínhamos planos de envelhecer cuidando um do outro.
Nossa convivência tinha risos e danças diárias e as crises resolvíamos em conversas honestas. Foi um relacionamento em que tive espaço pra crescer emocionalmente, acredito que ele também. Nossa parceria era baseada em incentivar um ao outro.
A morte brutal de Bruno e Dom foi um choque e expôs a situação de extrema violência que o Vale do Javari já convivia há alguns anos. Indígenas e não indígenas ameaçados e assassinados por estarem na linha de frente contra as ações predatórias e criminosas de grupos que atuam impunemente na região.
Os problemas de falta de segurança e ameaças continuam graves e sem controle, apesar da repercussão mundial do caso. O que vemos hoje no Javari e outros territórios, inclusive demarcados, é a invasão, intimidação e roubo de recursos naturais ainda acontecendo, causando destruição impactante.
Dom costumava me falar: “Ale, esses criminosos que roubam terras, madeiras, traficam animais, contaminam a floresta com garimpo estão roubando na verdade, todos os brasileiros, porque essas terras pertencem à União (incluindo os territórios demarcados) e consequentemente pertencem aos brasileiros. Quem rouba está roubando de cada um de vocês”.
Concordo com ele, além dos criminosos estarem roubando cada cidadão brasileiro, estão roubando também o futuro de nossas crianças, que enfrentarão um clima mais hostil, com consequências diretas em suas vidas. Isso é para indignar a todos nós.
Dom foi o amor da minha vida. A pessoa com que vivi a sintonia mais profunda e sincera. Tínhamos planos de envelhecer cuidando um do outro.
Quando alguém me pergunta o que fazer para melhorar essa situação, minha primeira resposta é: informe-se. Saiba mais sobre a Amazônia e seus povos, sobre o bioma em que você vive. Temos uma variedade incrível de plantas, animais, geografias e climas no Brasil que ainda conhecemos pouco. O protagonismo brasileiro é grande no cenário internacional também pelo fato do nosso ativo ambiental ser imenso. Ver esse patrimônio nacional sendo destruído é angustiante.
Tenho aprendido muito durante esse ano e desejo compartilhar as descobertas com quem se interessar pelo assunto, através de uma ONG em nome do Dom, o Instituto Dom Phillips, para divulgar informações sobre a Amazônia e sua complexidade. É um projeto ainda embrionário, pensado com muito cuidado, em fase de amadurecimento.
Há tanto para aprender com os povos da floresta, com seus modos de vida sustentáveis e conexão com a natureza. Há muita sabedoria ancestral que desconhecemos e projetos socioambientais sérios e produtivos sendo desenvolvidos. Há mais interesse pelo tema da conservação e acredito que a consciência sobre o meio ambiente seja um aprendizado coletivo.
O que vemos hoje no Javari é a invasão, intimidação e roubo de recursos naturais.
Com um entendimento mais apurado do assunto podemos fazer escolhas mais acertadas no campo político, para não vivermos o pesadelo ambiental do governo anterior. Podemos também nos posicionar como consumidores mais atentos, cobrando transparência da cadeia produtiva e responsabilização das empresas com seus fornecedores e a mão de obra empregada na produção.
A conscientização sobre nossas riquezas naturais seria uma grande oportunidade de compreendermos que nossos biomas são um bem comum de todos os brasileiros.
Como diz Ailton Krenak: “formamos um mutirão de pertencimento à terra”.
Alessandra e a família de Dom se uniram a uma equipe de jornalistas premiados para concluir o livro inacabado de Dom, “Como salvar a Amazônia”. Eles lançaram uma campanha de arrecadação para financiar as viagens de reportagem necessárias ao projeto. Você pode apoiar esta missão e manter a visão de Dom vivo clicando aqui e doando para a vaquinha.
2026 já começou, e as elites querem o caos.
A responsabilização dos golpistas aqui no Brasil foi elogiada no mundo todo como exemplo de defesa à Democracia.
Enquanto isso, a grande mídia bancada pelos mesmos financiadores do golpe tenta espalhar o caos e vender a pauta da anistia, juntamente com Tarcísio, Nikolas Ferreira, Hugo Motta e os engravatados da Faria Lima.
Aqui no Intercept, seguimos expondo os acordos ocultos do Congresso, as articulações dos aliados da família Bolsonaro com os EUA e o envolvimento das big techs nos ataques de Trump ao Brasil.
Os bastidores mostram: as próximas eleições prometem se tornar um novo ensaio golpista — investigar é a única opção!
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