A Força Nacional esteve representada no no Vale do Javari por apenas 13 agentes na semana entre 8 e 12 de junho. Tratou-se do menor efetivo empregado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública na região desde o início de 2022. Aquela foi, justamente, a semana em que o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips desapareceram – eles haviam sido vistos pela última vez no dia 5.
No dia em que Bruno e Dom – sabe-se hoje – foram surpreendidos, mortos, esquartejados e enterrados em uma emboscada, havia 14 policiais da Força Nacional no Vale do Javari. Tal efetivo se manteve até a terça-feira seguinte ao crime.
Enquanto o Exército enrolava para começar as buscas e órgãos de direitos humanos nacionais e internacionais cobravam maior agilidade, o Ministério de Justiça e Segurança Pública retirou de lá um de seus agentes.
A Força Nacional é uma espécie de tropa de elite das polícias estaduais, colocada à disposição permanente do Ministério da Justiça. Reúne policiais militares e civis, bombeiros militares e profissionais de perícia dos estados e Distrito Federal cedidos ao governo federal por um período de até dois anos. Ela atua em “atividades e serviços imprescindíveis à preservação da ordem pública, à segurança das pessoas e do patrimônio, atuando também em situações de emergência e calamidades públicas”.
Documentos do Ministério da Justiça revelam que pasta decidiu diminuir número de agentes na região do desaparecimento de Bruno e Dom justamente enquanto buscas aconteciam.
Presente na reserva indígena desde dezembro de 2019, a Força Nacional, requisitada pelos governos estaduais em casos de emergência, perdeu braços ao longo de 2022. Documentos do ministério obtidos via Lei de Acesso à Informação pelo Intercept mostram que o efetivo costumava variar de 15 a 19 policiais. A quantidade de agentes na área este ano nunca havia atingido uma marca tão baixa quanto à da semana em que Bruno e Dom desapareceram.
Mesmo na melhor época, de 31 de janeiro a 6 de fevereiro deste ano, quando a região contava com 19 policiais, o efetivo parecia insuficiente. O Vale do Javari, segunda maior reserva indígena do Brasil, tem mais de 85 mil hectares e abriga 26 povos indígenas, a maioria deles isolados. Além disso, a região enfrenta a ação de traficantes de drogas, por ser parte da rota do tráfico internacional, de garimpeiros e de pescadores ilegais.
Só para se ter ideia, em 2020, quando o governo do Ceará solicitou ao Ministério da Justiça o apoio da Força Nacional, 300 agentes foram encaminhados para o estado. Embora o número de policiais por quilômetro quadrado seja maior no Vale do Javari, o efetivo enviado a terras cearenses indica que, em uma emergência, a corporação tem capacidade de deslocar muito mais do que o punhado de agentes enviados durante as buscas por Bruno e Dom.
A assessoria de imprensa do ministério informou que, “na força-tarefa montada para a realização das buscas, foram empregados mais de 250 servidores públicos – entre bombeiros, policiais federais, Força Nacional e militares, duas aeronaves, três drones, 16 embarcações e cerca de 20 viaturas”. Não respondeu, porém, o que justificou o envio do menor efetivo do ano ao local.
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