As associações dos servidores do IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, e do Ipea, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, acusam o Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes, de publicar uma portaria para tentar enquadrar e fazer uso político das duas instituições às vésperas da eleição.
A Afipea e a Assibge, que têm status de sindicato, elaboraram uma nota em que reclamam da alteração de competência de IBGE e IPEA.
A portaria que determinou a mudança foi publicada na mesma semana em que um estudo do Ipea mostrou o aumento da presença de militares em cargos e funções de nomeação política no governo Bolsonaro. Inclusive no Ministério da Economia, onde atualmente há 84 militares em cargos de confiança – ante 15 em 2018 e apenas um em 2013.
A portaria mudou a supervisão e coordenação desses órgãos da Secretaria Especial do Tesouro e Orçamento para o assessor especial de Estudos Econômicos do ministro Paulo Guedes, Rogério Boueri. A versão da carta entregue em primeira mão ao Intercept deve ser divulgada ao público até segunda-feira.
“Tal iniciativa parece flertar com o desejo de reduzir, enquadrar e controlar as agendas temáticas e o escopo de atuação dessas organizações à dimensão apenas econômica/economicista do desenvolvimento nacional”, comunica a nota.
Na carta, afirmam que a portaria “soa mais como uma tentativa desesperada do atual governo e sua equipe econômica […] inventar uma forma de mobilizar ou vincular, mediante a criação de uma espécie de assessoria de assuntos econômico-eleitorais, o grupo de pessoas diretamente a serviço do projeto de reeleição do atual governo”.
No governo Bolsonaro, o IBGE sofreu cortes orçamentários e servidores do Ipea relataram casos de perseguição e assédio institucional.
O Ministério da Economia diz que que as mudanças foram feitas para atender a um decreto presidencial de abril passado, que alterou a estrutura da pasta. Mas negou que a portaria tenha impactos orçamentários ou interfira na autonomia e hierarquia dos órgãos. Se está falando a verdade, o futuro dirá.
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