Geraldo Alckmin foi aplaudido 15 vezes pela plateia de 4 mil pessoas, fundamentalmente petistas, que lotou o Expo Center Norte no lançamento do movimento Vamos Juntos pelo Brasil, realizado no sábado, dia 7.
Em dois momentos, o discurso de Alckmin foi aplaudido de pé. Ao final do evento, a opinião era quase unânime: o vice roubou a cena. Nos bastidores, lideranças importantes da esquerda, como o ex-governador do Maranhão Flávio Dino, do PSB, o candidato ao governo do Rio Marcelo Freixo, do mesmo partido, e o senador Humberto Costa, do PT pernambucano, chegaram a brincar que “agora ficamos à direita do Alckmin”.
O ex-governador do Piauí Wellington Dias, do PT, que vai integrar a coordenação da campanha de Lula, resumiu o discurso de Alckmin como “sincero, firme e emocionante”.
Pode parecer pouca coisa, mas não é. Quase 20 anos atrás, e em circunstâncias muito diferentes das atuais, José Alencar foi vaiado ao ser apresentado ao PT. Naquele dia 26 de junho de 2002, nem a estratégia bolada por Lula de entrarem ele e o vice de mãos dadas com as respectivas esposas impediu que parte da audiência vaiasse o empresário, que foi um vice-presidente fiel por dois mandatos e morreu em 2011.
No sábado, Alckmin fez a plateia se levantar em ovação ao dizer, sem meias palavras, que ele e Lula foram “adversários históricos”, mas agora estão juntos por um interesse maior, a defesa da democracia.
A plateia voltou a aplaudir de pé quando o ex-governador de São Paulo agradeceu o convite para ser candidato a vice-presidente e aproveitou, de forma sutil, para garantir que não será um novo Michel Temer e que vai apoiar Lula “até que o trabalho esteja terminado” ao agradecer pelo convite para integrar a chapa.
Se o público majoritariamente de esquerda gostou do que ouviu de Alckmin, o ex-governador também aprovou a fala de Lula, especialmente os acenos ao eleitorado de centro, que ouviu pela internet e, mais tarde no sábado, leu com atenção. Mas Alckmin não pôde saborear o impacto de sua fala sobre a plateia. Diagnosticado com covid-19 dois dias antes do evento, ele falou via internet e foi visto num telão.
Sem anúncios. Sem patrões. Com você.
Reportagens como a que você acabou de ler só existem porque temos liberdade para ir até onde a verdade nos levar.
É isso que diferencia o Intercept Brasil de outras redações: aqui, os anúncios não têm vez, não aceitamos dinheiro de políticos nem de empresas privadas, e não restringimos nossas notícias a quem pode pagar.
Acreditamos que o jornalismo de verdade é livre para fiscalizar os poderosos e defender o interesse público. E quem nos dá essa liberdade são pessoas comuns, como você.
Nossos apoiadores contribuem, em média, com R$ 35 por mês, pois sabem que o Intercept revela segredos que a grande mídia prefere ignorar. Essa é a fórmula para um jornalismo que muda leis, reverte decisões judiciais absurdas e impacta o mundo real.
A arma dos poderosos é a mentira. A nossa arma é a investigação.
Podemos contar com o seu apoio para manter de pé o jornalismo em que você acredita?