O Ministério Público estadual de São Paulo pediu a abertura de inquérito policial contra a Hemomed por “suposto crime de homicídio doloso praticado com dolo eventual ocorrido entre 2019 e 2021 em face de pacientes” com câncer atendidos pela clínica “com o plano de saúde Amil”.
O inquérito foi aberto no último dia 30 pelo delegado Reinaldo Vicente Castello, do 23º DP de São Paulo. A polícia investiga “eventual delito de homicídio simples”. O homicídio simples é o ato de matar alguém sem agravantes cruéis.
A denúncia foi feita ao MP desde novembro de 2021 e a investigação, que está em sigilo, seguia a passos lentos. Após o Intercept publicar reportagem – e a repercussão dela entre cirurgiões especialistas em cabeça e pescoço – eu recebi, de uma fonte que não quer ser identificada, arquivos que mostram o andamento do processo.
Ao menos desde 2019, oncologistas e executivos de alto escalão denunciam para a Amil a clínica de quimioterapia credenciada ao convênio e que trata pacientes oncológicos que pagam planos de saúde mais baratos. Eles suspeitam que as pessoas estão recebendo medicamentos de origem duvidosa ou doses menores do que as necessárias.
Por isso, alguns pacientes não tinham os resultados esperados na redução dos tumores, nem mesmo os efeitos colaterais conhecidos dos tratamentos quimioterápicos, como queda de cabelo ou anemia. Em vez de investigar as suspeitas, a Amil demitiu quem as denunciou.
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