Hoje, a Agência Pública revelou que o iFood sabotou, na surdina, o movimento grevista de seus entregadores. Agências de publicidade criaram agressivas campanhas de marketing que incluíam perfis falsos para tentar sabotar a articulação política dos trabalhadores – e, assim, desmobilizar o movimento que buscava melhores condições de trabalho. Mas não foram só os entregadores os focos de sofisticadas e discretas estratégias de marketing para limpar a barra da empresa. Foi também você mesmo, o cliente.
Dentro do Reclame Aqui, plataforma em que consumidores expressam sua insatisfação com as empresas, o iFood exibe desde o começo de 2021 um selo verde com o título “RA 1000”. Isso significa excelência no atendimento aos problemas dos clientes dentro da plataforma de reclamações. Mas o título chegou com um atalho: em vez de solucionar os problemas, a empresa perseguiu os clientes insatisfeitos até que aceitassem generosos cupons em troca de uma boa avaliação na plataforma. A informação veio de um ex-funcionário terceirizado da companhia que pediu anonimato.
O Intercept teve acesso a uma planilha utilizada pela empresa terceirizada para controle dos contatos com os clientes reclamantes. Os dados incluem o número de identificação da reclamação, a data, o motivo e o “grau de dificuldade” de convencimento do cliente. “Favorável”, o ex-funcionário nos contou, era a designação aos clientes “fáceis de serem conquistados”. Ao menos 100 reclamações diferentes foram definidas assim pela empresa. A planilha foi abandonada assim que o aplicativo atingiu a nota máxima de confiabilidade no site.
No Twitter, diversos comentários corroboram a estratégia usada pelo iFood para melhorar sua imagem com os consumidores. “Amei que reclamei do iFood no Reclame Aqui e me deram um cupom de 30 conto”, falou um usuário. “Fiz reclamação do iFood no Reclame Aqui, na hora me mandaram cupom”, disse outro. Cada reclamação sem resposta ou não resolvida conta negativamente na nota da empresa, o que fez o Reclame Aqui virar um campo de batalha para limpar a imagem da corporação. “Meu problema só foi resolvido depois que eu abri um Reclame Aqui. Me deram um cupom para eu ter uma nova experiência”, explicou outro comentário no Twitter.
O ex-funcionário terceirizado era um dos encarregados pelos contatos com os clientes. Ele e seus colegas recebiam do iFood textos padrões que usavam, por exemplo, e-mails – enviados diretamente aos reclamantes. “Olha, me desculpe pelo incômodo, mas gostaria de saber se você poderia avaliar o meu atendimento”, começa um dos modelos de mensagem. “É muito importante para que eu consiga adquirir um bom resultado através da sua avaliação do meu trabalho. Conto com você, tá bom?”. A mensagem se encerra com o link para a avaliação da empresa no Reclame Aqui, seguida pela assinatura do funcionário – “Experiência do Cliente, iFood”.
O esforço foi recompensado. No ano passado, o iFood foi uma das empresas campeãs do Prêmio Reclame Aqui. Ela atingiu o grau de “empresa super campeã”, nível máximo de avaliação positiva na plataforma.
Temos uma oportunidade, e ela pode ser a última:
Colocar Bolsonaro e seus comparsas das Forças Armadas atrás das grades.
Ninguém foi punido pela ditadura militar, e isso abriu caminho para uma nova tentativa de golpe em 2023. Agora que os responsáveis por essa trama são réus no STF — pela primeira e única vez — temos a chance de quebrar esse ciclo de impunidade!
Estamos fazendo nossa parte para mudar a história, investigando e expondo essa organização criminosa — e seu apoio é essencial durante o julgamento!
Precisamos de 800 novos doadores mensais até o final de abril para seguir produzindo reportagens decisivas para impedir o domínio da máquina bilionária da extrema direita. É a sua chance de mudar a história!
Torne-se um doador do Intercept Brasil e garanta que Bolsonaro e sua gangue golpista não tenham outra chance de atacar nossos direitos.