Obituário: Moro presidente (10/11/2021 - 31/3/2022)

O presidenciável Moro sucumbiu após uma longa agonia nas pesquisas de intenção de voto.


Morreu hoje, aos 141 dias, a candidatura presidencial de Sergio Moro, ex-cabo eleitoral e ex-superministro do pior governo da história recente do país e ex-juiz que desfila com um carimbo de “parcial” na testa, tatuado pelo Supremo Tribunal Federal. Ele deixa como legado o candidato a deputado federal Sergio Moro, 8% das intenções de voto, ataques graves à democracia e uma legião de viúvas na magistocracia e na imprensa.

O presidenciável Moro sucumbiu após uma longa agonia nas pesquisas de intenção de voto. Apesar da esperança e das orações de associações de juízes e procuradores da República, correligionários e de parte considerável da grande imprensa brasileira, a popularidade do presidenciável Moro mal atingiu os dois dígitos – e, para piorar, a impopularidade nunca baixou de níveis incompatíveis com a saúde de uma tentativa presidencial.

Tal quadro foi agravado por arrogância crônica: o presidenciável Moro jurou que não desistiria da corrida ao Planalto (como havia prometido, quando juiz, jamais abraçar a política) e nunca aceitou discutir a alternativa de uma vice-presidência que poderia lhe dar alguma sobrevida.

Complicações oportunistas como a revelação de que cobrava para fazer pré-campanha a gente do mercado financeiro e a ligação umbilical com políticos demagogos, misóginos e extremistas do MBL acabaram por inviabilizar a sobrevivência do presidenciável Moro.

Mesmo a tentativa de um tratamento radical, com a adesão ao coquetel de ideias, truculência e demagogia de extrema direita usadas com sucesso por Jair Bolsonaro se provou infrutífera. Nos momentos finais, a aventura não resistiu à inanição financeira imposta pelo Podemos, partido que havia dado luz à breve candidatura mas afinal foi quem decidiu desligar os aparelhos.

O presidenciável Moro é sucedido pelo candidato a deputado federal Moro. Agora aliado a políticos como Luciano Bivar, Milton Leite, José Agripino Maia, José Carlos Aleluia, Rodrigo Garcia e Rodrigo Maia, ele tentará ser colega de um de seus viúvos, o ex-procurador e também candidato a deputado federal Deltan Dallagnol.

O presidenciável Moro ainda deixa almas inconsoláveis no mercado financeiro, no lavajatismo, em lojas de vinhos finos e country clubs de cidades sudestinas e na presidência da Academia Brasileira de Letras.

S.O.S Intercept

Peraí! Antes de seguir com seu dia, pergunte a si mesmo: Qual a chance da história que você acabou de ler ter sido produzida por outra redação se o Intercept não a tivesse feito?

Pense em como seria o mundo sem o jornalismo do Intercept. Quantos esquemas, abusos judiciais e tecnologias distópicas permaneceriam ocultos se nossos repórteres não estivessem lá para revelá-los?

O tipo de reportagem que fazemos é essencial para a democracia, mas não é fácil, nem barato. E é cada vez mais difícil de sustentar, pois estamos sob ataque da extrema direita e de seus aliados das big techs, da política e do judiciário.

O Intercept Brasil é uma redação independente. Não temos sócios, anúncios ou patrocinadores corporativos. Sua colaboração é vital para continuar incomodando poderosos.

Apoiar é simples e não precisa custar muito: Você pode se tornar um membro com apenas 20 ou 30 reais por mês. Isso é tudo o que é preciso para apoiar o jornalismo em que você acredita. Toda colaboração conta.

Estamos no meio de uma importante campanha – a S.O.S. Intercept – para arrecadar R$ 250 mil até o final do mês. Nós precisamos colocar nosso orçamento de volta nos trilhos após meses de queda na receita. Você pode nos ajudar hoje?

Apoie o Intercept Hoje

Inscreva-se na newsletter para continuar lendo. É grátis!

Este não é um acesso pago e a adesão é gratuita

Já se inscreveu? Confirme seu endereço de e-mail para continuar lendo

Você possui 1 artigo para ler sem se cadastrar