Morreu hoje, aos 141 dias, a candidatura presidencial de Sergio Moro, ex-cabo eleitoral e ex-superministro do pior governo da história recente do país e ex-juiz que desfila com um carimbo de “parcial” na testa, tatuado pelo Supremo Tribunal Federal. Ele deixa como legado o candidato a deputado federal Sergio Moro, 8% das intenções de voto, ataques graves à democracia e uma legião de viúvas na magistocracia e na imprensa.
O presidenciável Moro sucumbiu após uma longa agonia nas pesquisas de intenção de voto. Apesar da esperança e das orações de associações de juízes e procuradores da República, correligionários e de parte considerável da grande imprensa brasileira, a popularidade do presidenciável Moro mal atingiu os dois dígitos – e, para piorar, a impopularidade nunca baixou de níveis incompatíveis com a saúde de uma tentativa presidencial.
Tal quadro foi agravado por arrogância crônica: o presidenciável Moro jurou que não desistiria da corrida ao Planalto (como havia prometido, quando juiz, jamais abraçar a política) e nunca aceitou discutir a alternativa de uma vice-presidência que poderia lhe dar alguma sobrevida.
Complicações oportunistas como a revelação de que cobrava para fazer pré-campanha a gente do mercado financeiro e a ligação umbilical com políticos demagogos, misóginos e extremistas do MBL acabaram por inviabilizar a sobrevivência do presidenciável Moro.
Mesmo a tentativa de um tratamento radical, com a adesão ao coquetel de ideias, truculência e demagogia de extrema direita usadas com sucesso por Jair Bolsonaro se provou infrutífera. Nos momentos finais, a aventura não resistiu à inanição financeira imposta pelo Podemos, partido que havia dado luz à breve candidatura mas afinal foi quem decidiu desligar os aparelhos.
O presidenciável Moro é sucedido pelo candidato a deputado federal Moro. Agora aliado a políticos como Luciano Bivar, Milton Leite, José Agripino Maia, José Carlos Aleluia, Rodrigo Garcia e Rodrigo Maia, ele tentará ser colega de um de seus viúvos, o ex-procurador e também candidato a deputado federal Deltan Dallagnol.
O presidenciável Moro ainda deixa almas inconsoláveis no mercado financeiro, no lavajatismo, em lojas de vinhos finos e country clubs de cidades sudestinas e na presidência da Academia Brasileira de Letras.
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