O partido pelo qual o ex-bolsonarista Sergio Moro tenta ser candidato a presidente da República aceitou a filiação de Paulo Chagas. Típico militar de pijamas inflamado, Chagas foi candidato a governador do Distrito Federal em 2018, pelo nanico PRP. Não fez feio: com 110 mil votos, foi o quarto colocado. Por isso, agora quer ser deputado federal.
O problema é que Chagas, um costumeiro defensor da ditadura militar, foi alvo de mandado de busca e apreensão no inquérito das fake news por incentivar o ódio contra o Supremo Tribunal Federal. “Em pelo menos uma ocasião, o investigado defendeu a criação de um Tribunal de Exceção para julgamento dos Ministros do STF ou mesmo substituí-los”, anotou o ministro Alexandre de Moraes.
Não foi a primeira nem a segunda vez que o truculento Chagas demonstrou seu pouco apreço à divergência, algo típico da democracia. Em 2018, ele xingou Gilmar Mendes, também do STF, de “comparsa de quadrilha”. O chilique se deveu ao voto do ministro a favor de Lula no famoso julgamento do habeas corpus do ex-presidente em abril de 2018 – aquele mesmo em que o Supremo foi ameaçado pelo Twitter pelo então comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas.
“O general defende abertamente a ditadura militar, e integra o grupo Terrorismo Nunca Mais. Segundo a peculiar visão do clubinho militar, não houve violação dos direitos humanos após o golpe militar”, registrou a revista Veja sobre Chagas, à época.
O Terrorismo Nunca mais (Ternuma, na sigla) foi uma contraposição dos milicos da linha-dura ao movimento Tortura Nunca Mais e hospedou em seu site o “Orvil”, o livro secreto dos torturadores e da linha dura. Em entrevista à minha colega de Intercept Tatiana Dias, o historiador Lucas Pedretti explica como o Orvil e a linha-dura militar influenciaram os delírios de Olavo de Carvalho – e não o contrário.
O Podemos já era o abrigo de outro general de pijamas, Carlos Alberto dos Santos Cruz, que, como Chagas, jamais fez um mea culpa sobre os crimes da ditadura. É difícil crer que Sergio Moro discorde da filiação deles – ou mesmo do que acreditam ter sido o período da ditadura.
ULTRAJANTE!
A repórter Schirlei Alves foi condenada a um ano de prisão aberta e multa de R$ 400 mil por ter revelado no Intercept Brasil a revitimização de Mari Ferrer por autoridades judiciais em seu processo de estupro.
A reportagem levou a uma lei nacional, à censura do juiz e desencadeou um debate nacional que os membros do judiciário não querem ter. Esse é o impacto de nosso trabalho.
Agora eles querem nos silenciar. Nos ajude a resistir e a cobrir os custos legais de Schirlei e de todos os nossos jornalistas.
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