Tire suas dúvidas sobre o novo coronavírus e a covid-19

Saiba como se proteger da doença respiratória que se tornou uma pandemia.

A crise do coronavírus

Parte 21


O que é o coronavírus? Que doença ele causa?

O vírus que já matou quase 1 milhão de pessoas em todo o mundo é um novo agente de uma família chamada coronavírus. A doença causada pelo novo coronavírus foi batizada de covid-19.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, os sintomas mais comuns da covid-19 são febre, cansaço e tosse seca. Perda de olfato e gustação também é relatada com frequência. Alguns pacientes têm dores no corpo, congestão ou corrimento nasal, dor de garganta e diarréia.

Os sintomas geralmente são leves, começam gradualmente e, segundo o Ministério da Saúde, levam de dois a 14 dias para aparecerem. Estudos recentes apontam média de sete dias para os sintomas aparecerem.

Como a covid-19 tem sintomas parecidos com os de uma gripe ou resfriado comuns, essa tabela ajuda a entender quais as diferenças entre eles:

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Fonte: Ministério da Saúde

Algumas pessoas são infectadas pelo novo coronavírus, mas não apresentam sintomas. Na verdade, oito em cada dez infectados se recuperam sem precisar de qualquer tratamento médico. Mas uma a cada seis pessoas desenvolve um quadro grave, com dificuldade para respirar. Isso é mais comum entre pessoas idosas ou com pressão alta, problemas cardíacos, respiratórios, câncer ou diabetes.

A obesidade também é apontada como fator de risco, principalmente desde  que o vírus se espalhou nos EUA, onde mais de 40% da população é obesa. Procure atendimento médico se tiver tosse e dificuldade para respirar.

Apesar da família dos coronavírus ser associada a infecções respiratórias, o novo coronavírus também é suspeito de causar acidentes vasculares cerebrais, popularmente conhecidos como derrames, em pessoas jovens. Também se avalia se ele causa danos ao coração e ao sistema circulatório.

Recentemente, uma nova doença em crianças – que recebeu o nome de Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica – tem sido associada ao novo coronavírus.

Na verdade, como se trata de um agente desconhecido até há um ano, médicos e cientistas têm se deparado diariamente com novos problemas e reações no corpo humano à infecção pelo novo coronavírus. É por isso que a prevenção ao contágio segue fundamental.

A covid-19 mata?

Em casos graves, sim. Felizmente, eles são a minoria. Em Wuhan, a cidade chinesa onde a pandemia começou, o novo coronavírus matou 1,4% das pessoas infectadas – ou seja, menos que dois a cada 100. O número de Wuhan é particularmente importante, porque lá a doença foi controlada, o que permite um cálculo mais preciso.

Por outro lado, na Itália, o coronavírus está matando aproximadamente um a cada dez doentes. O fato de a população italiana ser, estatisticamente, mais velha do que a chinesa, pode ajudar a explicar isso. Mas os cientistas ainda não têm certeza.

Em agosto, a Organização Mundial da Saúde estimou a taxa de mortalidade global do novo coronavírus em 0,6% – ou seja, seis a cada mil infectados morrem da doença. – ou seja, quase cinco pessoas a cada 100 infectados. Mas o número está longe de ser definitivo, pois nem todos os doentes são testados (principalmente os que não tem sintomas ou cujos sintomas são leves), e isso varia muito entre os países.

No Brasil, a taxa de letalidade no início de agosto era ligeiramente inferior à global: 3,4%, mas já chegou a 6,9%. É um número maior do que o da gripe comum e comparável ao da dengue. Esse dado, contudo, também não é definitivo. Além disso, a falta de uma política unificada de prevenção e o pouco caso do presidente Jair Bolsonaro com a doença fazem com que o Brasil tenha uma das piores mortalidades proporcionais por covid-19 do mundo. Já temos mais mortos pelo novo coronavírus do que a Itália, o país europeu que viveu a situação mais dramática causada pela doença.

Como a covid-19 ainda não tem tratamentos eficazes, nem uma vacina e, por isso, já matou mais do que dengue, sarampo e H1N1 combinados no ano passado. Desde a primeira morte, o novo coronavírus já matou em 2020 mais do que as dez maiores causas de morte no Brasil juntas.

Se a mortalidade não é mais alta que a da dengue, por que precisamos nos isolar em casa?

O novo coronavírus é altamente contagioso – e não precisa de um mosquito no meio do caminho. Pior: como os sintomas demoram até duas semanas para aparecer, podemos transmitir o vírus para muita gente enquanto ainda nos sentimos saudáveis. Isso já é uma certeza: dois a cada três novos casos do coronavírus foram transmitidos por alguém que tem o vírus e não sabe, pois não tem nenhum sintoma.

Ou seja – mesmo que você se sinta bem, pode espalhar o novo coronavírus. Por isso, é melhor ajudar a prevenir novos casos seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde e evitando ao máximo o contato social. Quem puder, deve ficar em casa.

Mas para que prevenir novos casos se a maioria deles não precisa de tratamento?

Mesmo que a maioria dos casos não precise de tratamento, cerca de 20% precisam. E 20% de muita gente contaminada ainda é gente suficiente para sobrecarregar hospitais, pronto-socorros e postos de saúde. Isso é particularmente grave em locais com uma estrutura de saúde precária, como o Rio de Janeiro, ou com poucas vagas em unidades de terapia intensiva, as UTIs, como o Brasil em geral.

Tire um minuto e assista a essa série de vídeos produzida pelo jornal The Washington Post, disponível em português. Ela explica a necessidade de fazer o que os especialistas chamam de “achatar a curva” de proliferação da doença:

Tire suas dúvidas sobre o novo coronavírus e a covid-19

É só uma gripezinha?

Não! O vírus H1N1, o da gripe suína, matou 796 pessoas em 2019. Desde que chegou ao Brasil, em fevereiro, o novo coronavírus já rompeu a barreira de 130 mil mortes pela doença provocada por ele.

O novo coronavírus mata principalmente ao causar a inflamação e o entupimento dos minúsculos sacos de ar que temos em nossos pulmões e que são responsáveis por suprir o oxigênio necessário ao organismo.

Mas não é só. Médicos ao redor do mundo estão observando casos graves em que o novo coronavírus provocou inflamações no coração, doença renal aguda, mau funcionamento neurológico, trombose venosa e danos ao fígado e ao intestino, relata o Washington Post. São complicações que dificultam a recuperação dos doentes graves e podem ter efeitos duradouros.

Como o novo coronavírus é transmitido?

Segundo o Ministério da Saúde, qualquer pessoa que tenha contato próximo (qualquer distância inferior a dois metros já é suficiente) com alguém com o novo coronavírus pode ser contaminado.

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, fluidos de espirros, tosse ou catarro.

Por exemplo: alguém não sabe que está com coronavírus e coçou o nariz, contaminando a mão com uma quantidade muito pequena de secreção nasal. Sem perceber, essa pessoa cumprimenta outra com um aperto de mão. Aí, a segunda pessoa coça o olho com a mão que usou para apertar a do amigo. Pronto: ela colocou o coronavírus dentro de seu corpo.

É mais importante persistir no distanciamento social e no uso de máscaras ao sair do que achar que lavar as mãos vai resolver tudo.

Um estudo de 2 de abril, realizado com pacientes alemães, indica que a transmissão é muito fácil nos primeiros dias de infecção, quando os sintomas são leves e às vezes nem incluem febre.  Além disso, um estudo recente, de 6 de agosto, aponta que pessoas assintomáticas podem permanecer assim por um longo período, e ter a mesma carga viral de uma pessoa sintomática.

O contágio também pode acontecer quando alguém entra em contato com uma superfície tocada anteriormente por uma pessoa infectada. É por isso que, em Wuhan, cidade onde surgiu a covid-19, alguns prédios estão desinfetando elevadores e cobrindo seus botões com plástico filme, trocado constantemente. O vírus pode sobreviver em superfícies por até três dias, segundo experimentos laboratoriais.

Mas esse modo de contágio por superfície é menos provável, dado que a sobrevivência do vírus se modifica fora dos laboratórios, e é improvável que a concentração dele numa superfície real seja tão grande quanto nos experimentos. No entanto, é necessário prestar muita atenção a objetos em que as pessoas passam muito a mão, como maçanetas, por exemplo.

Se alguém infectado espirrar na mão, abrir uma porta, você abrir esta mesma porta em seguida, e, sem lavar a mão levá-la ao olho, à boca ou nariz, haverá infecção. Note: são muitos passos necessários, mas não são impossíveis. Mas contágios em superfícies continuam sendo muito menos frequentes do que nas circunstâncias a seguir:

  • Pessoas em contato muito próximas uma da outra (menos de 2 metros);
  • Por meio de gotículas expelidas em tosses, espirros ou fala de pessoas infectadas;
  • Gotas ou microgotas que caem na boca, nariz de pessoas próximas, e/ou são inaladas pelos pulmões.

Esse vídeo produzido pelo New York Times mostra a importância do isolamento social para frear o contágio pelo novo coronavírus. Alguns dados do texto (em inglês): o vírus pode viajar por até oito metros ao sair do corpo de alguém que tossiu, misturado a gotículas de saliva e catarro.

Se as gotículas mais pesadas caem no chão, as menores podem ficar suspensas no ar por até vários minutos, ou, em espaços fechados, por horas. E, mesmo que a pessoa infectada não esteja tossindo, apenas ao falar por cinco minutos numa sala fechada ela espalha uma quantidade de saliva equivalente ao de um quarto de colher de chá – o mesmo que é expelido ao tossirmos.

A OMS admitiu em julho a possibilidade de transmissão pelo ar em locais fechados, tais como restaurantes, boates, igrejas ou locais de trabalho onde as pessoas podem gritar, falar ou cantar. Mas há estudos preliminares sobre a possibilidade de transmissão aérea também em espaços abertos, com distância maior do que 2 metros de pessoas infectadas.

Como prevenir o contágio de coronavírus?

O modo mais eficaz mais seguro é ficar em casa sempre que puder e fazer isolamento total se estiver doente ou tiver tido contato próximo com alguém que tenha covid-19 – mesmo que seja apenas um caso suspeito.

Sempre que você precisar sair de casa, é necessário usar uma máscara (cobrindo nariz e boca, não no queixo!), não cumprimentar pessoas com contato físico e lavar sempre as mãos depois de tocar em objetos em que outras pessoas colocam as mãos. Esse vídeo mostra como fazer isso de maneira eficaz:

Álcool 70% – em gel, não líquido! – também é eficaz quando não houver como lavar as mãos. Mas lavá-las é o melhor jeito de eliminar o coronavírus. Bactérias, vírus e outros microorganismos são protegidos por uma capa de gordura que é destruída pela água com sabão. Com isso, eles ficam indefesos e morrem rapidamente.

E não se deve usar sabonetes bactericidas. Primeiro, porque eles não matam vírus. Segundo, porque, como o uso indiscriminado de antibióticos, ele podem fazer bactérias se tornarem mais resistentes.

Além disso, se acostume a não tocar nos olhos, nariz ou boca se não estiver com as mãos lavadas. Cubra a boca e o nariz (idealmente, usando o cotovelo, não as mãos) quando for espirrar ou tossir. Se tiver um lenço de papel disponível, use-o para cobrir a boca e evitar que as secreções se espalhem. Jogue o papel fora, em lugar adequado, em seguida.

Também é importante limpar e desinfetar objetos e superfícies que são tocados com freqüência – principalmente se eles forem compartilhados.

Mas apenas higienização não é suficiente.

A transmissão sem contato físico é um risco real, então mesmo que você lave as mãos e limpe objetos, se entrar em um local fechado e tiver pessoas infectadas, o risco de contaminação é grande. Ou seja, apesar da preocupação com a limpeza frequente das mãos, o cuidado se torna nulo quando a exposição ao vírus pode acontecer com micro partículas suspensas no ar em espaços de pouca ventilação e ar condicionado. É mais importante persistir no distanciamento social e no uso de máscaras ao sair do que achar que lavar as mãos vai resolver tudo. Não vai.

Devo usar máscaras para me proteger?

Você deve sempre usar máscara quando estiver fora de casa e entre pessoas, particularmente se tiver sintomas de gripe ou resfriado (que são semelhantes aos da covid-19) e precisar sair do isolamento – para ir ao banheiro – ou para buscar atendimento médico ou comprar medicamentos, por exemplo.

Um estudo publicado há alguns dias pela revista Nature confirmou que o uso de máscaras cirúrgicas por pessoas infectadas diminui a propagação de vírus (coronavírus comum e influenza, causadores do resfriado e da gripe comuns).

Ou seja: a máscara é eficiente para evitar que o vírus saia do seu corpo. “Este vírus é transmitido por gotículas e contato próximo. As gotas desempenham um papel muito importante: é preciso usar máscara porque, quando você fala, sempre saem gotas de sua boca. Muitas pessoas têm infecções assintomáticas ou pré-sintomáticas. Se usarem máscaras faciais, você pode evitar que as gotículas que transportam o vírus escapem e infectem os outros”, disse George Gao, chefe do Centro Chinês para o Controle e Prevenção de Doenças, segundo o El País.

Por isso, ganhou força a orientação de que todo mundo que precisar ir à rua deve usar máscara. Afinal, podemos estar contaminados sem apresentar sintomas. O Centro de Prevenção de Doenças dos EUA recomendou o uso. O Ministério da Saúde brasileiro lançou uma campanha explicando porque usar e como fazer uma em casa. E prefeituras e governos de vários pontos do país passaram  a exigir o uso delas em locais públicos.

Mas lembre-se de que a máscara não adianta nada se você tocar seus olhos ou nariz quando a estiver usando, e que ela deve ser lavada a cada uso. E elas não modificam a recomendação principal: ficar em casa e em isolamento sempre que possível. Também não tente comprar máscaras cirúrgicas nem muito menos as do tipo N95, que devem ser deixadas para os profissionais de saúde.

Posso contrair o novo coronavírus mesmo usando máscaras?

Sim. Mas as máscaras reduzem carga viral mesmo quando não evitam contaminação, e assim podem reduzir a gravidade da doença. Ou seja, quem estiver de máscara e for contaminado pode ficar assintomático ou ter sintomas mais leves. É o que diz um estudo, publicado na Journal of General Internal Medicine no dia 31 de julho, que compara os passageiros e tripulantes de dois navios de cruzeiro e verifica diferenças após a infecção de casos de covid-19 e medidas que foram tomadas em cada um deles. Em um deles, as pessoas usavam máscaras compulsoriamente. Os doentes tiveram menos sintomas do que os do navio em que houve menos cuidados de proteção.

Quem contrai a doença se recupera em quanto tempo? 

Depende. Em casos leves, a recuperação parece se completar em uma a duas semanas. Em casos graves, que requerem hospitalização, pode levar seis semanas – ou até mais, estima a Universidade de Harvard.

Se eu tive a doença e me curei, posso ficar tranquilo porque estou livre dela?

Não se sabe, infelizmente. Médicos e cientistas na Coréia do Sul investigam mais de 140 casos de pessoas que haviam se curado da covid-19 e voltaram a ter a presença do novo coronavírus detectada no sangue por testes.

Nesse caso, ainda há muitas perguntas sem resposta. Não se sabe se são ressurgimentos da infecção original, novas infecções – cenário mais grave, que diminuiria a eficácia de uma eventual vacina –, ou simplesmente uma fragilidade do modelo de testagem. Há pelo menos um caso de ressurgimento da doença e de seus sintomas no Brasil.

Por ora, a teoria mais aceita é a de que o vírus se “reativa” no organismo após um período de hibernação. Não seria uma novidade – acontece com o da malária, por exemplo.

Por isso, mantenha as precauções mesmo que tenha se curado da covid-19.

O que é cloroquina? Por que não posso tomá-la se o presidente diz que ela é eficaz contra o coronavírus?

A cloroquina e a hidroxicloroquina são medicamentos descobertos há 80 anos e usados habitualmente para tratar a malária. Eles e vários outros remédios estão sendo pesquisados, no Brasil e no mundo todo, na busca por um tratamento eficaz contra a covid-19.

Políticos populistas e irresponsáveis como Jair Bolsonaro e o colega americano Donald Trump têm feito campanhas públicas para o uso da cloroquina contra o coronavírus. Mas os dados que os médicos e cientistas têm até agora não permitem atestar que ela é eficaz. Pelo contrário – as evidências mais robustas indicam que elas não têm efeito algum contra o novo coronavírus.

Um dos estudos preliminares conduzidos pela Fundação Instituto Oswaldo Cruz, a Fiocruz, testou o remédio em pacientes em estado grave. A taxa de mortalidade foi pouco inferior do que a de pacientes que não tomaram o remédio, num grupo de participantes muito pequeno. Isso é é insuficiente para uma conclusão definitiva.

Pior: 11 pacientes de covid-19 internados em Manaus e que receberam a cloroquina num teste morreram seis dias após começarem a tomar o remédio e após apresentarem alterações no batimento cardíaco (um efeito colateral conhecido). O teste foi interrompido. Alguns hospitais na Suécia abandonaram o uso da droga depois de resultados parecidos.

A Fiocruz diz o seguinte: “não se deve usar cloroquina ou hidroxicloroquina para prevenir ou tratar a covid-19 sem o devido acompanhamento médico”. “Todo medicamento possui efeitos colaterais, e a cloroquina e a hidroxicloroquina afetam o coração e podem levar à morte. Além disso, a automedicação traz o risco de interação medicamentosa com outros remédios que a pessoa tome regularmente, o que pode agravar a toxicidade da cloroquina e da hidroxicloroquina”.

Em junho, a Organização Mundial da Saúde parou oficialmente os testes que estava coordenando com a hidroxicloroquina, por falta de benefício aos pacientes.

Há quantas vacinas em desenvolvimento?

No mundo todo há mais de 160 vacinas em desenvolvimento, segundo a OMS. Mas somente seis delas estão na fase três, mais avançada: a da Universidade de Oxford, do Reino Unido, três desenvolvidas na China, uma nos Estados Unidos e outra na Alemanha. Nesta fase, centenas de milhares de pessoas são testadas, o que é necessário para verificar se há novos efeitos colaterais. Se der tudo certo nesta fase, a vacina é aprovada.

Em setembro, a Rússia anunciou que uma vacina desenvolvida por cientistas do país chamada Sputnik V começaria a ser aplicada em massa após testes provarem a segurança e a eficácia dela. O Brasil poderá importar o produto se não houver efeitos colaterais após o início da aplicação no país. Cabe frisar que a vacina russa foi desenvolvida longe dos olhos da comunidade científica internacional – a OMS só começou a receber informações sobre ela em fins de agosto.

Apesar de serem boas notícias, não são um motivo para relaxamento nos cuidados. Fazer uma vacina chegar a toda a população de um país como o Brasil é um grande desafio. É preciso, para começar, produzir dezenas de milhões de doses (o que leva tempo), e depois montar uma estrutura de distribuição e armazenagem do produto. Em seguida, os governos federal, estaduais e municipais precisam atuar em conjunto para organizar um programa nacional de imunização.

Por ora, previsões indicam que as primeiras doses devem começar a ser aplicadas no primeiro trimestre de 2021, o que já seria um recorde histórico.

O vírus afeta de maneira diferente ricos e pobres?

Sim. A desigualdade social reduz ou aumenta a mortalidade nas diferentes camadas sociais. Pobres morrem mais que ricos, proporcionalmente. Além disso, no Brasil, a maioria dos pobres são negros.

A covid mata 55% dos negros e 38% dos brancos internados no país, diz um estudo da Pontifícia Universidade Católica do Rio. A falta de acesso a saneamento básico e o acesso precário ao sistema de saúde, aliados à impossibilidade de isolamento social por conta da necessidade de continuar trabalhando, são fatores que aumentam exponencialmente a mortalidade da doença nas periferias.

Mas, afinal, o que é um vírus?

Vírus são organismos simples e muito pequenos – medem aproximadamente 0,2 micras, ou 0,0002 milímetros. A palavra tem origem no latim, língua em que significa fluído venenoso ou toxina.

Os vírus precisam infectar outros seres vivos para sobreviver. Não confunda vírus e bactérias – apesar de ambos serem microscópicos em tamanho, eles não são a mesma coisa.

Um exemplo: medicamentos antibióticos matam bactérias, mas não têm efeito contra vírus.

Por que o correto é falar em novo coronavírus, e não só em coronavírus?

Porque existem tipos de coronavírus conhecidos pela ciência desde 1937. Em 1965, essa família de vírus recebeu seu nome por eles se parecerem com uma coroa quando observados ao microscópio.

O novo tipo de coronavírus, que está causando a pandemia atual, foi identificado em 31 de dezembro de 2019.

Em fevereiro de 2020, ele foi batizado de SARS-CoV-2 pelo Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus. SARS é a abreviação em inglês para síndrome respiratória aguda severa, ou grave.

Ele recebeu esse nome porque é uma evolução genética do coronavírus que causou o surto de SARS em 2003, embora eles não sejam iguais.

A maioria das pessoas se infecta com vários tipos de coronavírus comuns ao longo da vida.

Quais as fontes deste texto e onde acho mais informações confiáveis?

Coronavírus: o que você precisa saber e como prevenir o contágio (Ministério da Saúde)

Coronavírus: Perguntas e respostas (Fundação Oswaldo Cruz)

Orientações ao público sobre o novo coronavírus (Organização Mundial da Saúde, em inglês)

Perguntas e respostas sobre covid-19 (Organização Mundial da Saúde, em inglês)

Dados e números diários de Covid-19 no Brasil (Ministério da Saúde)

Pesquisas de impacto social e de saúde na população brasileira (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE)

Boletim completo com análises estatísticas (Fundação SEADE + Governo de SP)

Atualização: 16 de setembro, 15h50

Esse texto foi originalmente publicado em 20 de março, mas foi atualizado em 16 de setembro para incluir novos achados científicos sobre a doença.

S.O.S Intercept

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