Moderadores de conteúdo trabalham em um escritório do Facebook em Austin, Texas, em 5 de março de 2019.

Coronavírus: Facebook exclui terceirizados de bônus de US$ 1 mil para enfrentar pandemia

O Facebook deu aos funcionários um bônus de US$ 1 mil para ajudar a lidar com a crise do coronavírus – mas excluiu milhares de terceirizados. 

Moderadores de conteúdo trabalham em um escritório do Facebook em Austin, Texas, em 5 de março de 2019.

A crise do coronavírus

Parte 15


Ontem pela manhã, o site de notícias tecnológicas The Information noticiou que o Facebook pagaria, em breve, um bônus de US$ 1 mil à sua equipe para ajudar seus funcionários a trabalhar em casa devido às condições de emergência causadas pelo novo coronavírus. Mas a iniciativa generosa vem com uma pegadinha: o Facebook, que em dezembro passado possuía mais de US$ 50 bilhões, não fornecerá tal pagamento para as dezenas de milhares de trabalhadores terceirizados que mantêm os aplicativos e sites da empresa funcionando.

“Quanto aos terceirizados, estamos enviando-os para casa e pagando-os integralmente, mesmo que não possam trabalhar – o que, como você pode imaginar, é muito mais significativo do que um pagamento único.”

“Os US$ 1 mil são para funcionários em período integral que trabalham de casa”, disse um porta-voz do Facebook ao Intercept. “Quanto aos terceirizados, estamos enviando-os para casa e pagando-os integralmente, mesmo que não possam trabalhar – o que, como você pode imaginar, é muito mais significativo do que um pagamento único.”

Quando perguntado como o Facebook – que teve mais de US$ 20 bilhões em receita no último trimestre – determinou que um pagamento único de US$ 1 mil seria menos significativo para seus terceirizados do que para sua equipe em período integral, o porta-voz enviou novamente a mesma declaração.

O Facebook anunciou que estaria “trabalhando com nossos parceiros ao longo desta semana para enviar todos os terceirizados que realizam a revisão de conteúdo para casa, até novo aviso”.

Os funcionários terceirizados da gigante da tecnologia recentemente reclamaram das orientações de segurança contraditórias e confusas em torno da pandemia do Covid-19, com disparidades entre o que o Facebook está dizendo aos funcionários e o que as firmas que os empregam estão dizendo.

Muitas das equipes pagas por hora do Facebook, contratadas em todo o mundo através de empresas como a Accenture para revisar conteúdo sexualmente perturbador e graficamente violento – entre outras tarefas – possuem segundos ou terceiros empregos para sobreviver.

“O Facebook adora nos lembrar que apenas trabalhamos em seus prédios e plataformas, e não para eles”, disse um funcionário da Accenture contratado pelo Facebook, que pediu que seu nome não fosse usado por medo de perder o emprego.

Outro acrescentou: “Nunca fomos, nem seremos, merecedores de dignidade e respeito aos olhos deles”. Perguntei ao funcionário se um pagamento de US$ 1 mil seria “significativo”, como o porta-voz do Facebook havia dito. “São quase dois meses de aluguel para mim”, disse ele. “Ajudaria também a diminuir o custo de não ter comida quente e lanches no trabalho cinco dias por semana”.

Tradução: Maíra Santos

S.O.S Intercept

Peraí! Antes de seguir com seu dia, pergunte a si mesmo: Qual a chance da história que você acabou de ler ter sido produzida por outra redação se o Intercept não a tivesse feito?

Pense em como seria o mundo sem o jornalismo do Intercept. Quantos esquemas, abusos judiciais e tecnologias distópicas permaneceriam ocultos se nossos repórteres não estivessem lá para revelá-los?

O tipo de reportagem que fazemos é essencial para a democracia, mas não é fácil, nem barato. E é cada vez mais difícil de sustentar, pois estamos sob ataque da extrema direita e de seus aliados das big techs, da política e do judiciário.

O Intercept Brasil é uma redação independente. Não temos sócios, anúncios ou patrocinadores corporativos. Sua colaboração é vital para continuar incomodando poderosos.

Apoiar é simples e não precisa custar muito: Você pode se tornar um membro com apenas 20 ou 30 reais por mês. Isso é tudo o que é preciso para apoiar o jornalismo em que você acredita. Toda colaboração conta.

Estamos no meio de uma importante campanha – a S.O.S. Intercept – para arrecadar R$ 250 mil até o final do mês. Nós precisamos colocar nosso orçamento de volta nos trilhos após meses de queda na receita. Você pode nos ajudar hoje?

QUERO APOIAR

Conteúdo relacionado

Inscreva-se na newsletter para continuar lendo. É grátis!

Este não é um acesso pago e a adesão é gratuita

Já se inscreveu? Confirme seu endereço de e-mail para continuar lendo

Você possui 1 artigo para ler sem se cadastrar