Mês da Consciência Negra: não estamos na Wakanda do jornalismo

Mês da Consciência Negra: não estamos na Wakanda do jornalismo

Um terço da equipe que faz o TIB é negra, mas isso não é suficiente. No mês da Consciência Negra, criamos o #TIBNegro para mostrar nosso lugar nesse país que finge que não é racista – mas que só dá espaço para preto uma vez no ano.

Mês da Consciência Negra: não estamos na Wakanda do jornalismo

Este texto foi publicado originalmente na newsletter do Intercept Brasil. Assine. É de graça, todos os sábados, na sua caixa de e-mails.

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O Intercept é diferente da maioria das redações brasileiras no que diz respeito a presença de jornalistas negros. Somos cerca de um terço da equipe que faz o TIB. Um número relevante se pensarmos que ainda existem locais que cultivam seu preto único. Mas não é suficiente. Não estamos na Wakanda do jornalismo brasileiro. Metade dos negros da redação são estagiários. Os brancos estão nos postos de chefia. Avançamos, sem dúvida, mas mesmo no campo mais progressista ainda estamos muito distantes da igualdade racial.

A hierarquia é branca e isso nos leva a reflexões pessoais. Como explica Patrícia Hill Collins – recentemente entrevistada pelo Intercept – ocupamos a posição de “Outsider Within”, ou forasteiros, dentro do jornalismo. Nosso lugar nos leva a enxergar as contradições que nem sempre são vistas. Por exemplo, quantos rostos negros você viu assinando a newsletter de sábado do Intercept em 2019? A resposta correta é: somente um.

Novembro, você sabe, é o mês da Consciência Negra – o mês em que temos “lugar de fala”. É quando estamos na pauta. Aproveitando a onda, decidimos fazer um #TIBNegro nos próximos trinta dias. Falaremos um pouco sobre a gente, sobre a nossa pluralidade e de como nos colocamos nesse país que finge não ser racista –- mas que só dá espaço para preto uma vez no ano.

O #TIBNegro foi pensado e planejado de forma autônoma pelos jornalistas negros da redação. Projetamos produtos, nomes, pautas e tudo que poderíamos apresentar para enaltecer o povo preto. Teremos uma super thread com as nossas narrativas no Twitter que será alimentada diariamente. Também vamos produzir conteúdo com convidados de outras áreas e de outras redações. Construímos esse projeto pensando em uma narrativa que demonstra que estamos dispostos a quebrar os estereótipos que nos encarceram e a contar nossas próprias histórias. Estamos ocupando espaços que não eram esperados para a gente e abrindo caminho para quem está vindo atrás.

O #TIBNegro é uma forma de ocuparmos espaço no Intercept Brasil e também um meio de mostrar para as pessoas brancas que desejam ser aliadas que a nossa perspectiva de vida é outra, como nos ensinou Conceição Evaristo.

Inauguramos o projeto com essa newsletter porque ela é uma forma de ter uma conversa ao pé do ouvido com nossos leitores. E hoje queremos te chamar para essa reflexão que não deve acontecer somente em novembro, mas durante todos os outros dias do ano.

No próximo sábado, tem mais preto assinando essa news. E, durante todo o mês, você pode acompanhar a cobertura especial com a hashtag #TIBNegro nas nossas redes sociais.

E aí embaixo vai uma seleção com as melhores histórias sobre o povo negro que já contamos no TIB. Leia. Compartilhe. Envie para seus amigos. Vamos espalhar o #TIBNegro juntos.

Um abraço,

Juliana Gonçalves, Diretora de redes sociais
Bruno Sousa, Estagiário de jornalismo

S.O.S Intercept

Peraí! Antes de seguir com seu dia, pergunte a si mesmo: Qual a chance da história que você acabou de ler ter sido produzida por outra redação se o Intercept não a tivesse feito?

Pense em como seria o mundo sem o jornalismo do Intercept. Quantos esquemas, abusos judiciais e tecnologias distópicas permaneceriam ocultos se nossos repórteres não estivessem lá para revelá-los?

O tipo de reportagem que fazemos é essencial para a democracia, mas não é fácil, nem barato. E é cada vez mais difícil de sustentar, pois estamos sob ataque da extrema direita e de seus aliados das big techs, da política e do judiciário.

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