Blackwater founder Erik Prince arrives for a closed meeting with members of the House Intelligence Committee, Thursday, Nov. 30, 2017, on Capitol Hill in Washington. (AP Photo/Jacquelyn Martin)

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Trump considera usar rede privada de espionagem contra seus inimigos internos

Para enfrentar o que chama de "deep state", governo americano ouve propostas para realizar operações secretas nos moldes dos anos 1980.

Blackwater founder Erik Prince arrives for a closed meeting with members of the House Intelligence Committee, Thursday, Nov. 30, 2017, on Capitol Hill in Washington. (AP Photo/Jacquelyn Martin)

O governo Trump está analisando um conjunto de propostas para montar uma rede privada global de espionagem a serviço do diretor da CIA, Mike Pompeo, e da Casa Branca. O projeto foi desenvolvido por Erik Prince, fundador da empresa privada de segurança militar Blackwater, e por um agente aposentado da CIA — com auxílio do coronel reformado e hoje comentarista político Oliver North, figura-chave no escândalo Irã-Contras. Segundo relatam diversos agentes de inteligência americanos e outras pessoas que tiveram acesso às propostas, o objetido da rede privada seria contornar as agências de inteligência oficiais dos EUA. As fontes informam que os planos vêm sendo apresentados à Casa Branca como uma forma de enfrentar os inimigos que o governo Trump chama de “deep state” [“estado profundo” ou “estado paralelo”, que atuaria por trás das instituições oficiais americanas], formado por membros da comunidade de inteligência que buscariam enfraquecer a presidência de Trump.

A criação de um programa nesses moldes levanta a possibilidade de se criar um aparato de inteligência para justificar a pauta política do governo Trump.

“Pompeo não confia nos burocratas da CIA, por isso precisaríamos criar essa coisa que se reporte diretamente apenas a ele”, declarou um ex-agente de inteligência de alto escalão dos EUA, que teve acesso em primeira mão às propostas. “É um braço de ação direta, totalmente fora dos registros”, continuou. Isso significaria que as informações obtidas não seriam compartilhadas com o restante da CIA ou com a comunidade de inteligência em geral. “A ideia é que essa rede se reporte diretamente ao presidente e a Pompeo.”

Oliver North, que aparece muito  no canal de TV favorito de Trump, a Fox News, foi convocado para ajudar a convencer o governo da importância da iniciativa. De acordo com um ex-agente de inteligência, ele foi escalado como o “líder ideológico” da equipe, para trazer credibilidade à proposta.

Alguns dos indivíduos envolvidos com as propostas tiveram encontros secretos com grandes doadores da campanha de Trump, e pediram ajuda para financiar as operações antes mesmo da assinatura de contratos.

O projeto propõe usar um exército de espiões não oficiais em diversos países atualmente considerados “áreas proibidas” para os agentes de inteligência dos EUA, incluindo a Coreia do Norte e o Irã. A Casa Branca também cogitou criar uma nova unidade global de apreensão, cujos objetivos seriam capturar suspeitos de terrorismo em todo o mundo e fazer campanhas de propaganda no Oriente Médio e na Europa para combater o extremismo islâmico e o Irã.

“Não encontrei nenhum indício de que isso sequer tenha chegado ao conhecimento de alguém no Conselho Nacional de Segurança (National Security Council, NSC) ou [na Casa Branca]”, respondeu por e-mail Michael N. Anton, um representante do NSC. “A Casa Branca não apoia nem apoiaria uma proposta desse tipo.” Um agente de inteligência da ativa, no entanto, veio contradizer essa afirmação e declarou que várias propostas foram inicialmente apresentadas à Casa Branca antes mesmo de serem encaminhadas à CIA. The Intercept tentou entrar em contato com diversos membros do alto escalão que, segundo as fontes ouvidas, haviam recebido de Prince informação sobre os planos — entre eles, o vice-presidente Mike Pence. Seu porta-voz informou por escrito que “não há registro de que [Prince] tenha se encontrado com o vice-presidente ou transmitido informações a ele”. Oliver North não se manifestou quando questionado sobre o assunto.

De acordo com dois ex-agentes de inteligência de alto escalão, Pompeo encampou o plano e vem fazendo lobby na Casa Branca pela aprovação do contrato. Instada a se pronunciar, a CIA declarou por meio de seu porta-voz: “Vocês receberam informação totalmente imprecisa de pessoas que querem empurrar uma determinada pauta”.

No centro do esquema sob avaliação da Casa Branca, estão o fundador da Blackwater Erik Prince e seu associado de longa data, o veterano da CIA John R. Maguire, que atualmente trabalha para a empresa de inteligência Amyntor Group. Maguire também trabalhou na equipe de transição de Trump. O papel da Amyntor foi noticiado em primeira mão pela Buzzfeed News.

Michael Barry, recentemente nomeado Diretor Sênior de Programas de Inteligência do NSC, trabalhou de perto com Erik Prince no programa de assassinatos seletivos da CIA durante o governo Bush.

Prince e Maguire negam que estejam trabalhando juntos. Essas declarações, no entanto, são questionadas por funcionários do governo e por doadores de campanha de Trump, que dizem que os dois estão agindo em conjunto.

Como é comum no mundo das contratações e operações clandestinas da CIA, as informações sobre as pessoas responsáveis pelas propostas são propositalmente obscuras e mudam dependendo de quem está envolvido na conversa. Um funcionário da Amyntor afirmou que Prince não estava “formalmente atrelado a nenhuma proposta de contratação” da empresa. Por e-mail, Prince negou estar envolvido com as propostas. Quando questionado sobre se conhece ou não o projeto, Prince respondeu: “Eu não fiz nem faço parte de nenhuma dessas supostas iniciativas.”

O ex-agente de inteligência de alto escalão que teve contato direto com os planos zombou das negativas do fundador da Blackwater. “A proposta de Erik não trazia o nome da empresa nos slides”, disse a fonte, “mas não há dúvida de que Prince e Maguire estavam atuando juntos”.

Prince e Maguire têm um relacionamento profissional antigo. Maguire concluiu recentemente um trabalho como consultor para a Frontier Services Group (FSG), empresa de Prince de segurança e logística, sediada em Hong Kong e que tem o governo chinês como um de seus sócios. A FSG não tem ligações conhecidas com o plano de espionagem privada.

Prince tem também fortes vínculos com o governo Trump. Betsy DeVos, sua irmã, é secretária de educação. E ele foi um dos grandes doadores da campanha de Trump. Atuou ainda como consultor da equipe de transição para assuntos de inteligência e defesa, como noticiado por The Intercept. Prince também contribuiu para as campanhas do vice-presidente Mike Pence.

Maguire foi por mais de duas décadas agente paramilitar da CIA, tendo trabalhado na América Central com os Contras da Nicarágua. Ele tem também vasta experiência no Oriente Médio, onde ajudou a planejar a invasão do Iraque em 2003.

Maguire e Prince se encontraram em setembro com um funcionário de alto escalão da CIA num restaurante no estado da Virgínia para discutir a privatização da guerra no Afeganistão.

Prince contou a um dos grandes captadores de recursos que Maguire estava trabalhando numa parte de seu plano para o Afeganistão, que ele descreveu como a primeira etapa de um programa de várias frentes. Esse potencial doador disse ainda que Prince nunca lhe pediu dinheiro diretamente. Fontes próximas ao projeto, no entanto, disseram que Maguire buscou financiamento privado para as iniciativas da Amyntor até que um contrato com a CIA se materializasse. “Eles têm andado por aí pedindo empréstimo para sustentar suas operações até que a CIA dê o ok”, disse uma pessoa que foi informada sobre os esforços de captação de recursos.

Desde meados desse ano, Maguire e um grupo de representantes da Amyntor começaram a pedir aos doadores de campanha de Trump apoio às suas iniciativas de inteligência no Afeganistão. Foi pedido de alguns doadores que apresentassem à Amyntor empresas e clientes ricos, que poderiam contratar a empresa para serviços de inteligência econômica. Maguire explicou que parte do lucro desses negócios iria financiar a captação de informações de inteligência no exterior. A outros, foi pedido diretamente contribuições em dinheiro.

“[Maguire] disse que pessoas que haviam entrado para a CIA nos últimos oito anos [durante o governo Obama] e também funcionários do governo não estavam entregando ao presidente as informações de inteligência de que ele precisava”, contou uma pessoa que foi abordada por Maguire e outros membros da equipe da Amyntor. Para embasar suas alegações, Maguire disse a pelo menos duas delas que o conselheiro de Segurança Nacional, H.R. McMaster, em coordenação com um dos principais oficiais da Agência de Segurança Nacional, teria autorizado o monitoramento de Steve Bannon e de membros da família Trump, incluindo Donald Trump Jr. e Eric Trump. Além dessas acusações sem fundamento, Maguire disse aos potenciais doadores que também teria provas de que McMaster teria usado um telefone pré-pago descartável para enviar informações obtidas nesse monitoramento a um centro em Chipre, de propriedade de George Soros.

Funcionários da Amyntor levaram doadores em potencial para uma suíte no Hotel Trump em Washington, alegando que o quarto tinha sido preparado para manter “comunicações seguras”. Alguns funcionários da Casa Branca e apoiadores de Trump chegaram a se referir à suíte como o “quarto do papel-alumínio”, segundo uma pessoa que costumava visitá-la. Esse relato foi confirmado por outra fonte para quem o quarto foi descrito. “John [Maguire] tinha certeza de que o ‘deep state’ iria expulsar o presidente do cargo em menos de um ano”, disse uma pessoa que havia debatido o assunto com Maguire. “Esses caras diziam que estavam protegendo o presidente.”

Maguire e outros funcionários da Amyntor se gabaram de já ter enviado relatórios de inteligência para o diretor da CIA, Mike Pompeo.

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À esquerda, depoimento de Oliver North no Congresso em 1986, sobre o caso Irã-Contras; à direita, depoimento de Erik Prince no Comitê de Supervisão e Reforma do Governo da Câmara dos EUA em 2007, em Washington, D.C.

Fotos: AFP/Getty, AP

Prince, Maguire e Oliver North partilham há muito tempo de uma frustração em relação à incapacidade do governo dos EUA de levar à justiça dois suspeitos de um grande atentado terrorista ocorrido nos anos 1980. Em meados desse ano, Maguire discutiu com funcionários da Casa Branca a possibilidade de capturar os suspeitos, depois que descobriu que haviam sido localizados no Oriente Médio. Embora não tenha havido aprovação do governo norte-americano, comparsas de Maguire começaram a planejar uma operação de captura, de acordo com um dos ex-agentes de inteligência e com um ex-colega de Prince.

Preocupado com a possibilidade de o FBI não agir, Maguire fez uma proposta aos funcionários de alto escalão da Casa Branca. Uma pessoa que teve contato direto com o plano relatou que a mensagem de Maguire era: “Vamos lá pegar esses caras e trazê-los para os EUA. A quem devemos entregá-los?”

A captura seria uma prova de que Maguire e sua equipe possuem uma rede ativa de inteligência e a capacidade de prender suspeitos em qualquer lugar do mundo. Prince mantém a versão de que não tinha nenhuma relação com esse plano, mas, de acordo com uma fonte que conhece profundamente as redes do fundador da Blackwater, ele estava trabalhando em paralelo para reunir uma equipe e ajudar a pegar os homens em questão.

De acordo com duas pessoas que trabalharam bastante com Prince nos últimos anos, ele tem entrado em contato com antigos membros da Blackwater que trabalharam no programa de assassinatos seletivos da CIA, que tinha como alvo integrantes da Al Qaeda, logo após o 11 de Setembro. O governo Bush proibiu a CIA de expor o programa aos comitês parlamentares de inteligência, mas o projeto foi revelado ao Congresso em 2009 pelo então diretor da agência, Leon Panetta. A CIA alega que o programa não resultou em nenhum assassinato.

Dentre as facilidades oferecidas por Erik Prince, está uma rede clandestina de recursos (formada por espiões, despachantes, agentes estrangeiros de inteligência) espalhados pelo mundo e que poderiam ser usados pela Casa Branca. “Você escolhe qualquer país do mundo onde Erik já tenha pisado, e lá está”, disse um parceiro de longa data de Prince. “É uma rede de pessoas bem sombrias”. Esse parceiro, que já trabalhou muito com Prince, começou a recitar os lugares onde os espiões privados e os agentes paramilitares atuam: Arábia Saudita, Israel, Emirados Árabes Unidos, Egito, e “todo o Norte da África”.

Arranjos contratuais obscuros são típicos de Prince, que se tornou um alvo de controvérsias nos tempos da Blackwater e agora prefere evitá-las operando nas sombras e disfarçando seu envolvimento em operações sensíveis, graças a várias camadas de subcontratações e estruturas jurídicas elaboradas. “É o modus operandi dele”, disse o mesmo parceiro, e acrescentou que Prince sempre procura assegurar que seu papel nos contratos estatais nos EUA e no exterior possa ser negado.

“Não tenho nada a ver com essas iniciativas, e afirmar que eu tive ou tenho seria categoricamente falso”, declarou Prince em seu e-mail para The Intercept. “Publicar informação sabidamente falsa expõe vocês às medidas legais cabíveis. A única iniciativa que apresentei publicamente foi uma alternativa para o Afeganistão.”

Erik Prince, Founder and CEO of Blackwater Worldwide drives through campus in Moyock, N.C., Monday, July 21, 2008. Prince, along with another former Navy SEAL, turned to the swamps of eastern North Carolina, where he could train SEALS based at Virginia Beach and build a business among law enforcement and military, believing all lacked a one-stop training site. (AP Photo/Gerry Broome)

Erik Prince, então CEO da Blackwater Worldwide, dirige pelo campus onde realizava treinamentos em Moyock, na Carolina do Norte, em 2008.

Foto: Gerry Broome/AP

 

O programa de inteligência e operações secretas marcaria um retorno pouco ortodoxo de Prince ao governo. O fundador da Blackwater já foi contratado da CIA e estruturou uma força de mercenários que se tornou conhecida durante as guerras do Iraque e do Afeganistão. Traria à tona também novas perguntas sobre os envolvimentos estrangeiros de Prince desde a venda da Blackwater.

Além da antiga rede de assassinatos seletivos de Prince, a legião oculta de espiões secretos e não oficiais (non official cover ou NOCs, no jargão da CIA) inclui os recursos de um outro protagonista do caso Irã-Contras, o funcionário da CIA Duane Clarridge, que morreu em 2016. John Maguire, da Amyntor, que foi subordinado de Clarridge em seus tempos de jovem agente paramilitar da CIA na América Central nos anos 1980, assumiu essa rede de espiões contratados, que atuam principalmente no Afeganistão e no Paquistão.

No meio desse ano, enquanto Prince defendia sua proposta pública de privatizar a guerra do Afeganistão, ele e Maguire tinham ambições maiores, segundo uma pessoa que participou das discussões. “O objetivo era em algum momento espalhar a rede de NOCs por todo o mundo, começando com o Afeganistão e o Paquistão.”

“Prince parece estar agindo com força total, apresentando tanto planos ostensivos quanto secretos”, disse um agente de inteligência da ativa, que monitora de perto a carreira de Prince e que foi informado de várias de suas iniciativas recentes, inclusive a proposta feita a Pompeo. O agente se recusou a comentar detalhes dos planos, mas sinalizou que a tão discutida proposta de Prince de privatizar a guerra do Afeganistão seria uma cortina de fumaça para oferecer outros programas e operações mais controversos.

O plano do Afeganistão, que recebeu bastante atenção da imprensa e foi bem recebido nos altos escalões do governo Trump, “foi brilhante porque alterou a narrativa e tornou Prince relevante”, disse o agente, referindo-se à sua carreira repleta de escândalos e investigações na Blackwater. Ele disse ainda que a proposta para o Afeganistão, amplamente divulgada, com direito a entrevistas para canais de notícias e artigos de opinião, forneceu um motivo legítimo “para justificar as reuniões com pessoas” da Casa Branca, da CIA ou de outras agências governamentais.

“Erik [Prince] não tem hobbies”, disse seu parceiro de longa data. “Seu hobby é o contraterrorismo.”

Esses planos refletem em alguns aspectos as operações que Prince comandou durante o governo Bush-Cheney. Quando estava à frente da Blackwater, ele e um ex-agente paramilitar da CIA, Enrique Prado, criaram uma rede global de agentes estrangeiros. A facilidade com que a existência da rede e de seus agentes podia ser negada era vendida como uma “grande vantagem” para clientes em potencial da Blackwater, como consta de comunicações internas da empresa obtidas por The Intercept.

Num e-mail de 2007, com o assunto “Possível Oportunidade na DEA – LEIA E APAGUE”, Prado buscava apresentar sua rede à Drug Enforcement Administration (DEA), a agência de combate ao narcotráfico dos EUA. A mensagem se vangloriava de que a Blackwater teria criado uma “rede mundial e em rápido crescimento de pessoas que podem fazer de tudo, de monitoramento e informações do terreno a operações de perturbação [disruption operations].  Acrescentou ainda que “todos eles são estrangeiros (à exceção de alguns casos em que cidadãos norte-americanos servem de canal, mas não atuam nas ruas), por isso a ‘negabilidade’ está embutida e representa uma grande vantagem.”

O antigo parceiro de Prince disse que o vínculo dele com esse tipo de recurso humano nunca foi quebrado. “A rede NOC já está lá. Ela existe há quase quinze anos”, afirmou.

O mesmo parceiro disse que Prince admira Oliver North há muito tempo. Ele considera que sua atuação no caso Irã-Contras foi heroica. Em 2007, Prince não hesitou em depor ao Congresso para defender o massacre da praça Nisour, em Bagdá, quando agentes da Blackwater mataram a tiros 17 civis iraquianos, inclusive mulheres e crianças. Pouco depois do depoimento de Erik, seu amigo de longa data, o congressista conservador da Califórnia Dana Rohrabacher, elogiou o líder da Blackwater. “Prince está no rumo de se tornar um herói americano, como Ollie North foi”, declarou Rohrabacher.

North era um tenente-coronel da Marinha trabalhando para o Conselho de Segurança Nacional de Ronald Reagan quando controlava um esquema de desvio de receitas decorrentes da venda ilícita de armas no Irã para os esquadrões da morte dos Contras na Nicarágua. O escândalo que se seguiu ficou conhecido como o caso Irã-Contras, e North foi condenado por três crimes, embora suas condenações tenham sido posteriormente perdoadas.

North e Maguire compareceram a uma pequena recepção em 2014 em comemoração ao terceiro casamento de Prince — com sua ex-representante Stacey DeLuke. “Foi um evento íntimo”, contou o parceiro de Prince, “apenas os amigos mais chegados de Erik foram convidados para a recepção.” Na noite da eleição presidencial de 2016, DeLuke postou nas redes sociais fotos de dentro da sede do comitê de campanha de Trump.

Em 30 de novembro, Prince depôs a portas fechadas ao Comitê de Inteligência da Câmara dos EUA sobre sua viagem às Ilhas Seychelles para se reunir com Mohammed bin Zayed, príncipe herdeiro de Abu Dhabi, e um gestor russo de fundos de investimento próximo de Vladimir Putin. De acordo com o Washington Post, Prince se apresentou como enviado extraoficial do presidente eleito Donald Trump. The Intercept noticiou na semana passada que o gestor era Kirill Dmtriev, chefe do Fundo de Investimento Direto Russo. Prince afirmou repetidas vezes que não se lembrava da identidade do russo, mas, no depoimento de quinta-feira (30) ao Comitê de Inteligência, admitiu que de fato teve uma reunião com Dmitriev.

O ex-chefe da Blackwater pode ter revelado parte de sua estratégia numa entrevista de rádio em julho de 2016 com Steve Bannon. Na ocasião, propôs recriar a Operação Fênix da CIA, um esquadrão da morte que atuou na Guerra do Vietnã, para combater o Estado Islâmico. Prince disse na entrevista que o programa seria usado para matar ou capturar “os patrocinadores do terrorismo islâmico, os bilionários muçulmanos radicais do Oriente Médio que financiam o terror”.

Foto do título: O fundador da Blackwater Erik Prince chega para uma reunião fechada com membros do Comitê de Inteligência da Câmara dos EUA, na quinta-feira, 30 de novembro de 2017, no Capitólio, em Washington.

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