Os dados da última pesquisa Datafolha, divulgados entre sábado (30) e segunda (2), levantam questionamentos que saem do universo da política para entrar no da psicologia: estaria o país mergulhado num surto de esquizofrenia coletiva? Afinal, numa corrida eleitoral em que 87% das pessoas quer candidatos livres de corrupção, o favorito, Luiz Inácio Lula da Silva, foi condenado em primeira instância por… corrupção. As perguntas sobre intenção de voto e tolerância à ladroagem foram feitas aos mesmos 2.772 brasileiros.
Há, claro, a hipótese de uma massa petista fiel que veja Lula como vítima de uma grande conspiração. Os números apoiam essa tese. Pouco mais da metade dos brasileiros (54%) disse achar que o petista tem de ser preso por conta de tudo o que foi revelado na Lava Jato.
Em 2014, quando o atual Congresso foi eleito, nada menos do que 40% de seus integrantes já eram investigados pela JustiçaO número combina bem com os resultados de Lula no segundo turno. Contra o tucano Geraldo Alckmin, por exemplo, ele receberia o voto de 46% dos eleitores. Proporção que, numa conta simplificada ao extremo, poderia corresponder à outra metade da população votante.
Não haveria, portanto, tanta esquizofrenia aí. Mas então a gente lembra que, em 2014, quando o atual Congresso foi eleito, nada menos do que 40% de seus integrantes já eram investigados pela Justiça. Entre eles estava outro ex-presidente, Fernando Collor de Mello, que recebeu 56% dos votos em seu Estado, Alagoas. Era a segunda vez que a vontade popular conduzia ao Senado o ícone máximo da corrupção nacional.
S.O.S Intercept
Peraí! Antes de seguir com seu dia, pergunte a si mesmo: Qual a chance da história que você acabou de ler ter sido produzida por outra redação se o Intercept não a tivesse feito?
Pense em como seria o mundo sem o jornalismo do Intercept. Quantos esquemas, abusos judiciais e tecnologias distópicas permaneceriam ocultos se nossos repórteres não estivessem lá para revelá-los?
O tipo de reportagem que fazemos é essencial para a democracia, mas não é fácil, nem barato. E é cada vez mais difícil de sustentar, pois estamos sob ataque da extrema direita e de seus aliados das big techs, da política e do judiciário.
O Intercept Brasil é uma redação independente. Não temos sócios, anúncios ou patrocinadores corporativos. Sua colaboração é vital para continuar incomodando poderosos.
Apoiar é simples e não precisa custar muito: Você pode se tornar um membro com apenas 20 ou 30 reais por mês. Isso é tudo o que é preciso para apoiar o jornalismo em que você acredita. Toda colaboração conta.
Estamos no meio de uma importante campanha – a S.O.S. Intercept – para arrecadar R$ 250 mil até o final do mês. Nós precisamos colocar nosso orçamento de volta nos trilhos após meses de queda na receita. Você pode nos ajudar hoje?