A Seção Rio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) entrou na noite desta terça (19) com uma ação civil pública na Justiça pedindo para que a prefeitura do Rio suspenda um contrato assinado com o Banco A.J. Renner S/A, que permite a realização de empréstimos consignados com desconto em folha de pagamento de todos os servidores ativos e inativos do município.
A ação tem como base uma reportagem publicada por The Intercept Brasil, que revelou que a instituição financeira tem como acionista a B.A Empreendimentos e Participações, holding do Grupo Record, que tem entre seus sócios Edir Macedo, tio de Marcelo Crivella e líder da Igreja Universal do Reino de Deus, da qual o prefeito é bispo licenciado.
“Não restam dúvidas de que o ato celebrado constitui evidente violação aos Princípios da Moralidade e da Impessoalidade, caracterizando aqui claro nepotismo, prática que deve ser totalmente combatida”, diz um trecho da ação, assinada pelo presidente da OAB-RJ, Felipe de Santa Cruz, e outros três membros da entidade.
A ação pede para que a Justiça suspenda imediatamente o convênio, através de liminar. Ainda não há prazo definido para que o pedido da OAB-RJ seja analisado.
Outro ponto destacado pelos advogados, também revelado por The Intercept Brasil, foi o fato de o convênio ter sido assinado no dia 30 de junho, mas a publicação só ter sido feita em Diário Oficial no início de setembro.
“O longo tempo entre a assinatura do contrato e a publicação no DO também é um problema sério, porque viola o Princípio da Publicidade. Mostra que há uma tentativa indireta de esconder da opinião pública uma contratação ilegal e inconstitucional”, afirma a OAB-RJ.
O Intercept é sustentado por quem mais se beneficia do nosso jornalismo: o público.
É por isso que temos liberdade para investigar o que interessa à sociedade — e não aos anunciantes, empresas ou políticos. Não exibimos publicidade, não temos vínculos com partidos, não respondemos a acionistas. A nossa única responsabilidade é com quem nos financia: você.
Essa independência nos permite ir além do que costuma aparecer na imprensa tradicional. Apuramos o que opera nas sombras — os acordos entre grupos empresariais e operadores do poder que moldam o futuro do país longe dos palanques e das câmeras.
Nosso foco hoje é o impacto. Investigamos não apenas para informar, mas para gerar consequência. É isso que tem feito nossas reportagens provocarem reações institucionais, travarem retrocessos, pressionarem autoridades e colocarem temas fundamentais no centro do debate público.
Fazer esse jornalismo custa tempo, equipe, proteção jurídica e segurança digital. E ele só acontece porque milhares de pessoas escolhem financiar esse trabalho — mês após mês — com doações livres.
Se você acredita que a informação pode mudar o jogo, financie o jornalismo que investiga para gerar impacto.