Dias depois da divulgação de imagens em que líderes de religiões de matriz africana são obrigados por criminosos a destruir seus terreiros, milhares de pessoas participaram de uma caminhada contra a intolerância religiosa neste domingo(17) na Praia de Copacabana, no Rio. O ato reuniu fiéis de diversas matrizes religiosas, como batistas, mórmons, evangélicos, wiccas, hare krishna, judeus, umbandistas, candomblecistas entre outras. Dados do Disque 100, serviço de denúncias de violações de direitos humanos do Governo Federal, mostram que entre 2011 e 2016 foram reportados 175 casos de intolerância religiosa apenas no Rio de Janeiro, respondendo por quase 10% do total no país.
Em um dos vídeos divulgados na semana passada, um homem é obrigado é arrebentar todos os colares de contas, símbolo das religiões africanas. O terreiro já está com as paredes quebradas e sem telhado. “É só um diálogo que estou tendo com você”, diz o criminoso que porta um bastão de beisebol com a inscrição ‘diálogo. “Da próxima vez eu mato”, completa.
No outro vídeo, uma mãe de santo é obrigada a quebrar todas as imagens e objetos religiosos de seu terreiro. “Todo mal tem que ser desfeito, em nome de Jesus”, afirma o criminoso que faz a filmagem.
Em 2013, matéria de O Globo denunciava que mais de 40 pais e mães de santo já haviam sido expulsos de favelas por traficantes. Em alguns locais, até mesmo o uso de adereços africanos e roupas brancas foram proibidos. Em 2015, uma criança foi apedrejada na Vila da Penha quando saía de um culto do Candomblé. Os agressores portavam bíblias e gritavam que “Jesus está voltando”. Há cerca de um mês, uma idosa de 65 anos, praticante do Candomblé, também foi apedrejada por uma vizinha em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
A caminhada contra a intolerância religiosa, apoiada por milhares de pessoas de diferentes credos, é uma demonstração de força do direito à liberdade de culto. Confira as fotos produzidas por The Intercept Brasil durante a manifestação.
Fotos: Daniel Sant’Anna e Erick Dau
Nem todo mundo pode se dar ao luxo de pagar por notícias neste momento.
E isso está tornando cada vez mais difícil financiar investigações que mudam vidas.
A maioria dos jornais lida com isso limitando o acesso a seus trabalhos mais importantes por meio de assinaturas.
Mas no Intercept Brasil, acreditamos que todos devem ter acesso igual à informação.
Se você puder, há muitos bons motivos para nos apoiar:
1) Nosso objetivo é o impacto: forçamos os ricos e poderosos a respeitar pessoas como você e a respeitar a lei
2) Somos financiados pelos leitores, não por corporações, e somos sem fins lucrativos: cada real vai para nossa missão de jornalismo sem rabo preso, não para pagar dividendos
3) É barato, fácil e seguro e você pode cancelar quando quiser
Escolha fortalecer o jornalismo independente e mantê-lo disponível para todos com uma doação mensal. Obrigado.
FAÇA PARTE
Faça Parte do Intercept