A Lava Jato tem atingindo homens públicos onde dói mais: no bolso. Ao todo, já foram bloqueados bens no valor de R$ 3,2 bilhões. O ex-deputado senhor de todas as desgraças Eduardo Cunha, por exemplo, teve de amargar um congelamento de R$ 220 milhões em seu butim – roubado honestamente ao longo de décadas de vida pública.
Mas, a boa notícia (para Cunha e companhia) é que decisões como essa podem se tornar mais brandas, caso avance um projeto de lei proposto na semana passada pelo senador Hélio José (PMDB-DF). O parlamentar fez algum barulho recentemente, ao justificar a indicação de um apadrinhado para um cargo público. “Isso aqui é nosso. Isso aqui eu ponho quem eu quiser, a melancia que eu quiser”, afirmou.
Para Cunha, sobrariam R$ 88 milhões
Agora, em vez da melancia, ele propõe a inserção de algo um tanto mais discreto: um parágrafo na lei de improbidade administrativa. O texto, ainda sem data para ser votado, estipula que a Justiça não poderá congelar mais de 60% dos bens em dinheiro de indiciados.
A exemplo da defesa do ex-presidente Lula, o senador usou a necessidade de subsistência como justificativa para a limitação. Caso a nova norma estivesse valendo, Cunha, por exemplo, poderia manter até R$ 88 milhões. Seria o suficiente para comprar cerca de 200 mil cestas básicas, ou uma por mês, pelos próximos 17 mil anos.
O seu futuro está sendo decidido longe dos palanques.
Enquanto Nikolas, Gayers, Michelles e Damares ensaiam seus discursos, quem realmente move o jogo político atua nas sombras: bilionários, ruralistas e líderes religiosos que usam a fé como moeda de troca para retomar ao poder em 2026.
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