Deputada Shéridan (PSDB-RR) discursa na Conferência da Rede de Mulheres Parlamentares, em 3/4/2017.

Relatora na Reforma Política, Shéridan tem bens bloqueados por causa de viagem de Mc Sapão

Ação do Ministério Público de Roraima pede devolução de R$ 39,5 mil por uso de avião do governo para levar funkeiro para festa de aniversário da parlamentar, ex-primeira-dama do estado.

Deputada Shéridan (PSDB-RR) discursa na Conferência da Rede de Mulheres Parlamentares, em 3/4/2017.

“Eu tô tranquilão” já era, em abril de 2010, um clássico consagrado não só no mundo do funk carioca como também Brasil afora. Sete anos depois, porém, virou motivo de preocupação e dor de cabeça para uma admiradora e parlamentar que anda no centro das atenções em Brasília. Na última terça (15), o juiz Luiz Alberto de Moraes Júnior, da 2ª Vara de Fazenda Pública de Roraima, determinou o bloqueio de bens da deputada Shéridan (PSDB-RR). O motivo? Ter usado um avião do governo estadual para o transporte do cantor Mc Sapão, autor e intérprete, para cantar no seu aniversário. O custo da extravagância, estimado pelo Ministério Público: R$ 39,5 mil.

Ex-primeira-dama do estado em Roraima, Shéridan Esterfany é a relatora de uma das PECs que tratam da reforma política e deve ser discutida na próxima semana. Os temas principais são a cláusula de desempenho para as legendas e o veto às coligações em eleições proporcionais. Mesmo ausente da votação da denúncia contra o presidente Michel Temer, seu nome ganhou atenção por um episódio ofensivo: quando o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ) a chamou, um deputado ainda não identificado gritou “Gostosa!”. A deputada pediu à direção da Casa que apure de quem partiu a atitude machista.  

Decisão também atinge ex-marido 

Em fevereiro deste ano, a desembargadora Elaine Bianchi, do TJ de Roraima, já tinha atendido ao pedido do Ministério Público em segunda instância e concedido a liminar que bloqueia os bens de Shéridan. A decisão, porém, só foi oficializada pelo juiz Luiz Alberto de Moraes Júnior, titular do caso na primeira instância, nesta semana.

O ex-marido e ex-governador de Roraima José de Anchieta Júnior e Edison Prola, ex-secretário da Casa Militar de Roraima, também tiveram seus bens bloqueados. Durante os mandatos de José Júnior, de 2007 a 2014, Shéridan ocupou o cargo de secretária de Promoção Humana e Desenvolvimento.

Na ação que culminou com a indisponibilidade dos bens, o MP afirma que o próprio Mc Sapão confirmou que foi a Roraima para o show:

“(Os acusados) valendo-se da condição de agentes públicos, utilizaram aeronave do Governo do Estado de Roraima para fins particulares, qual seja, transportar o artista MC Sapão, contratado para animar a festa de aniversário da então primeira-dama Shéridan de Anchieta, de Boa Vista para o Rio de Janeiro, praticando, assim, atos de improbidade administrativa que importam em prejuízo ao erário e atentam contra os princípios da Administração Pública”, afirmou o promotor Luiz Antônio Araújo de Souza.

Inquérito no STF

No Supremo Tribunal Federal (STF) Shéridan é investigada no inquérito 3975. A ação averigua um suposto favorecimento a eleitores de Roraima, como pagamento de multas de trânsito e por ter incluindo eleitores em pagamentos sociais do governo.

A deputada não esconde de quem é aliada na política. Em sua conta no Instagram, é vista tanto ao lado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, quanto do virtual candidato a presidente em 2018, João Dória, ambos seus colegas de partido (PSDB).

No Congresso, está alinhadas a pautas como a defesa por salários igualitários para homens e mulheres, demarcação de terras indígenas e contra o feminicídio.

Shéridan não respondeu aos pedidos para falar a The Intercept Brasil sobre a decisão da Justiça de Roraima até a publicação da reportagem.

S.O.S Intercept

Peraí! Antes de seguir com seu dia, pergunte a si mesmo: Qual a chance da história que você acabou de ler ter sido produzida por outra redação se o Intercept não a tivesse feito?

Pense em como seria o mundo sem o jornalismo do Intercept. Quantos esquemas, abusos judiciais e tecnologias distópicas permaneceriam ocultos se nossos repórteres não estivessem lá para revelá-los?

O tipo de reportagem que fazemos é essencial para a democracia, mas não é fácil, nem barato. E é cada vez mais difícil de sustentar, pois estamos sob ataque da extrema direita e de seus aliados das big techs, da política e do judiciário.

O Intercept Brasil é uma redação independente. Não temos sócios, anúncios ou patrocinadores corporativos. Sua colaboração é vital para continuar incomodando poderosos.

Apoiar é simples e não precisa custar muito: Você pode se tornar um membro com apenas 20 ou 30 reais por mês. Isso é tudo o que é preciso para apoiar o jornalismo em que você acredita. Toda colaboração conta.

Estamos no meio de uma importante campanha – a S.O.S. Intercept – para arrecadar R$ 250 mil até o final do mês. Nós precisamos colocar nosso orçamento de volta nos trilhos após meses de queda na receita. Você pode nos ajudar hoje?

QUERO APOIAR

Entre em contato

Conteúdo relacionado

Inscreva-se na newsletter para continuar lendo. É grátis!

Este não é um acesso pago e a adesão é gratuita

Já se inscreveu? Confirme seu endereço de e-mail para continuar lendo

Você possui 1 artigo para ler sem se cadastrar