O pós-prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB/SP), divulgou mais um de seus vídeos de autopromoção na noite deste domingo (13). Estava ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB/SP) e tinha o objetivo de negar que os dois estejam de mal, numa disputa antecipada pela candidatura tucana à presidência da República. “Reafirmo minha lealdade ao governador Geraldo Alckmin, com quem tenho uma estreita amizade há 37 anos”, disse.
Foram quase dois minutos de juras de amor: “Eu gosto do Geraldo. Como amigo, como pai, como ser humano, como católico”, derramou-se Doria. Curiosamente, contudo, conforme aumentavam os elogios, aumentava também aquele constrangimento que costuma acompanhar os pronunciamentos do pós-prefeito. O desconforto se revelava no sorriso estático e amarelo de um Alckmin relegado ao papel de coadjuvante (ele falou por 15 segundos) e provavelmente tinha a ver com o fato de que quase tudo o que foi dito ali cheirava a pós-verdade.
“Eu gosto do Geraldo. Como amigo, como pai, como ser humano, como católico”
Não há como justificar a intensa agenda de viagens dos dois políticos pelo Brasil a não ser pelo desejo de se tornarem mais conhecidos, numa pré-pré-campanha presidencial.
Mas o pior não é a possibilidade, bastante alta, de Doria estar descaradamente mentindo em público. É o fato de que, no atual mundo de pós-verdades, isso não tem importância. Se daqui a alguns meses ele largar São Paulo no colo do atual vice, Bruno Covas, e partir para uma aventura nacional, é provável que seus eleitores continuem a apoiá-lo. Não seria a primeira vez. O senador José Serra, por exemplo, abandonou quatro mandatos em 21 anos. No processo, perdeu alguma popularidade. Mas continua sendo eleito.
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