Denúncias acuam Michel Temer e desencadeiam pedidos de diretas já

Denúncias acuam Michel Temer e desencadeiam pedidos de diretas já

Oposição protocola pedidos de impeachment e pressão por renúncia cresce no Congresso.

Denúncias acuam Michel Temer e desencadeiam pedidos de diretas já

Menos de uma semana depois de comemorar o aniversário de um ano na Presidência da República, Michel Temer testemunha a ruína de sua gestão. A revelação do jornal O Globo na noite desta quarta-feira (17) de que ele teria encorajado a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha disparou uma corrida de deputados da oposição para protocolar pedidos de impeachment, e foi instalada uma pressão no Congresso para que Temer renuncie ao mandato. Evitando se expor publicamente, a base do governo apenas demonstra perplexidade. Nos bastidores, porém, partidos aliados do Planalto, como PSB na Câmara, falam em romper com o governo em definitivo.

Nas últimas semanas, Temer tentava de tudo para fortalecer sua base de apoio e aprovar as reformas trabalhista e previdenciária. Se as medidas, sem o apoio popular, já tinham um custo amargo para os congressistas, com as denúncias caindo diretamente sobre o Planalto, agora, mais do que nunca, elas estão ameaçadas. Além do Congresso, manifestações já foram convocadas em diversas cidades do país, e a renúncia começa a se formar no horizonte como a saída mais provável. O clima de caos tem motivo e endereço certo: Esplanada dos Ministérios, Praça dos Três Poderes, terceiro andar do Palácio do Planalto, gabinete presidencial.

Assim que o conteúdo das gravações feitas por Joesley Batista, um dos donos do grupo JBS, foi divulgado, panelaços e buzinaços contra o governo voltaram a incomodar os ocupantes temporários do poder. Uma análise feita pelo professor da Universidade Federal do Espírito Santo Fábio Malini sobre os processos de interações nas redes sociais mensurou que o termo #DiretasJá entrou no discurso da população brasileira.

Ainda na noite de ontem, deputados da oposição subiram à tribuna e exigiram que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ), instalasse imediatamente uma comissão para analisar o impeachment de Temer. Todas as sessões da Câmara e do Senado foram canceladas. Maia, que é o primeiro na linha sucessória presidencial em caso de vacância, evitou a imprensa e saiu às pressas para o Palácio do Planalto.  

https://twitter.com/GeorgMarques/status/865006306721112070

O primeiro a protocolar na Câmara um pedido de impeachment contra Temer foi o deputado Alessandro Molon (Rede/RJ). Outros partidos de oposição também articulam novos pedidos nesta quinta-feira (18) contra o presidente.

https://twitter.com/GeorgMarques/status/864987331299815424

Delações enfraquecem PSDB

As gravações de Joesley também atingiram o coração do tucanato mineiro ao apontarem que o senador Aécio Neves (PSDB/MG) teria pedido ao empresário R$ 2 milhões para custear a sua defesa na Operação Lava Jato. Na manhã desta quinta, o Supremo Tribunal Federal determinou que ele seja afastado do mandato. A irmã de Aécio, Andrea Neves, foi presa, e foram cumpridos mandados de busca e apreensão em propriedades dos dois.

Por ser senador, o pedido de prisão de Aécio deveria ser aprovado pelo STF, e não foi. O ministro Edson Fachin negou a solicitação da Procuradoria-Geral da República e afirmou que não levará pedido a plenário, a não ser que Rodrigo Janot recorra da decisão. O Brasil vive neste dias sua primavera pós-golpe.

No PSDB a percepção majoritária é de que “o governo acabou” e que Aécio será retirado da presidência do partido ainda hoje. O tucano Carlos Sampaio (SP) será o novo presidente da legenda. Políticos do partido avaliam a situação do senador como insustentável e que arranha a imagem do partido.

Eleição direta ou indireta?

Segundo a Constituição Federal, em casos de afastamento ou renúncia de Temer, O Congresso teria 30 dias para convocar uma eleição indireta para a Presidência. Enquanto isso, quem ocuparia o cargo seria o próximo na linha sucessória: o presidente da Câmara. No entanto, Rodrigo Maia é investigado na  Lava-Jato e, caso venha a se tornar réu, não poderia assumir o poder, segundo entendimento do STF. A mesma implicação cai sobre o presidente do Senado, Eunício Oliveira, que seria o segundo na linha de sucessão.

Desenha-se em Brasília que a presidente do Supremo, Cármen Lúcia, a terceira na linha sucessória da Presidência da República, seria a pessoa com autoridade moral e política para conduzir os rumos do país.

Ciente da gravidade da situação e das dúvidas jurídicas sobre o caso, o deputado Chico Alencar (PSOL/RJ) pediu que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprecie uma Proposta de Emenda à Constituição do deputado Miro Teixeira (Rede/RJ) que propõe eleições diretas, mesmo em caso de afastamento do presidente nos dois últimos anos de mandato.

https://twitter.com/GeorgMarques/status/864991219369336834

S.O.S Intercept

Peraí! Antes de seguir com seu dia, pergunte a si mesmo: Qual a chance da história que você acabou de ler ter sido produzida por outra redação se o Intercept não a tivesse feito?

Pense em como seria o mundo sem o jornalismo do Intercept. Quantos esquemas, abusos judiciais e tecnologias distópicas permaneceriam ocultos se nossos repórteres não estivessem lá para revelá-los?

O tipo de reportagem que fazemos é essencial para a democracia, mas não é fácil, nem barato. E é cada vez mais difícil de sustentar, pois estamos sob ataque da extrema direita e de seus aliados das big techs, da política e do judiciário.

O Intercept Brasil é uma redação independente. Não temos sócios, anúncios ou patrocinadores corporativos. Sua colaboração é vital para continuar incomodando poderosos.

Apoiar é simples e não precisa custar muito: Você pode se tornar um membro com apenas 20 ou 30 reais por mês. Isso é tudo o que é preciso para apoiar o jornalismo em que você acredita. Toda colaboração conta.

Estamos no meio de uma importante campanha – a S.O.S. Intercept – para arrecadar R$ 250 mil até o final do mês. Nós precisamos colocar nosso orçamento de volta nos trilhos após meses de queda na receita. Você pode nos ajudar hoje?

Apoie o Intercept Hoje

Entre em contato

Conteúdo relacionado

Inscreva-se na newsletter para continuar lendo. É grátis!

Este não é um acesso pago e a adesão é gratuita

Já se inscreveu? Confirme seu endereço de e-mail para continuar lendo

Você possui 1 artigo para ler sem se cadastrar