Hundreds of people take part in the commemoration of the International Women's Day at Paulista Avenue in Sao Paulo, Brazil on March 8, 2017.The International Women's Day is marked worldwide with rallies and strikes. / AFP PHOTO / NELSON ALMEIDA (Photo credit should read NELSON ALMEIDA/AFP/Getty Images)

Apesar de viverem e estudarem mais, mulheres ainda ganham bem menos que homens no Brasil, diz PNUD

Brasil também possui porcentagem de mulheres no Congresso mais baixa que a de país com pior IDH no mundo.

Hundreds of people take part in the commemoration of the International Women's Day at Paulista Avenue in Sao Paulo, Brazil on March 8, 2017.The International Women's Day is marked worldwide with rallies and strikes. / AFP PHOTO / NELSON ALMEIDA (Photo credit should read NELSON ALMEIDA/AFP/Getty Images)

Apesar de apresentarem melhores desempenhos em educação e longevidade, as mulheres ainda possuem uma renda significativamente mais baixa que os homens no Brasil. A desigualdade de gênero e a falta do empoderamento das mulheres representam os grandes desafio ao progresso do Brasil em todas as regiões e grupos analisados, segundo o “Relatório de Desenvolvimento Humano 2016: Desenvolvimento Humano para todos” apresentado nesta terça-feira (21) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

O foco do relatório, elaborado em 2016 com dados de 2015, é o empoderamento feminino e atuação nos principais grupos sociais excluídos do desenvolvimento humano, entre eles as mulheres, índios, jovens e crianças, LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Intersexuais).

Para medir a desigualdade de gênero, a agência da ONU traz dois índices. O Índice de Desenvolvimento do Gênero (IDvG) é composto pelos mesmos indicadores do IDH (saúde, conhecimento e padrão de vida), mas dividido por gênero e, assim como o IDH, quanto mais próximo de 1, melhor o desempenho. Ele mostra que o IDH das mulheres brasileiras (0,754) é  superior ao dos homens no país (0,751), porque elas possuem mais anos de escolaridade e de expectativa de vida. No entanto, a renda per capita anual estimada das mulheres é USD 10.672 contra USD 17.672 dos homens.

O segundo indicador é o Índice de Desigualdade de Gênero (IDgG), que avalia desigualdades em três dimensões sensíveis à questão de gênero: saúde reprodutiva, empoderamento e atividade econômica. Ainda que a taxa de mortalidade materna no Brasil (44 por 100 mil) seja significativamente inferior à média mundial (216 por 100 mil), outros componentes do índice fazem com que o país fique na posição 92 em um ranking de 159 países onde o índice foi calculado.

A taxa de gravidez na adolescência no Brasil, por exemplo, é de 67 nascimentos para cada mil mulheres entre 15 e 19 anos, enquanto a média mundial é de 44.7. Já os assentos no parlamento ocupados por mulheres colocam o Brasil num patamar bem vergonhoso. Por aqui, são apenas 10,8%, e até o país com menor IDH do mundo, a República Centro-Africana, tem mais mulheres no Congresso (12,5% das cadeiras).

“As reformas (Previdenciária, Trabalhista e Tributária) parecem necessárias para que o sistema seja mais justo, têm pontos importantes, mas é preciso ter um olhar atento para que as mulheres, agricultores e pessoas em maior vulnerabilidade social não sejam penalizados e que esses grupos não percam direitos adquiridos e conquistados no Brasil”, disse Andrea Bonzon, coordenadora nacional do PNUD.

Para Marjorie Chaves, doutoranda em Política Social pela Universidade de Brasília e pesquisadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros, vivemos numa sociedade patriarcal porque as mulheres ainda são desvalorizadas. “Na sociedade capitalista moderna, houve aumento dos espaços de trabalho, mas veio acompanhada de uma extensa precarização do trabalho. O aumento do acesso não significou maior equidade entre trabalhadores e trabalhadoras, predominando a presença feminina em ocupações precárias e que dificulta o acesso ao topo das carreiras”, pontuou.

IDH estagnado

O Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil está estagnado desde 2014, segundo o relatório apresentado hoje, em 0,754. O país também segue na posição 79 do ranking de 188 países avaliados. Neste ano, a colocação é compartilhada com Granada, ilha caribenha. Na América do Sul, o Brasil é o 5º país com maior IDH, ficando atrás do Chile, Argentina, Uruguai e Venezuela.

Apesar da estagnação do IDH do Brasil em 2015, o país está levemente acima da média regional da América Latina e Caribe, de 0,751. No gráfico abaixo são apresentadas as tendências do IDH entre 1990 e 2015 para os países da América do Sul. Nota-se que o Brasil apresenta crescimento contínuo, estagnando no ano recente, com aumento mais marcado por volta dos anos 2012 a 2014.

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Gráfico do Relatório de Desenvolvimento Humano 2016 sobre evolução do IDH na América do Sul.

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)

Segundo Niky Fabiancic, coordenador residente do PNUD, as informações divulgadas no relatório são essenciais para avaliar nosso processo de desenvolvimento: “Entendemos também que, no cenário brasileiro atual, muitos assuntos são urgentes, como a questão da pobreza, do desemprego e do crescimento econômico. Além disso, estamos atentos às propostas de reformas do ensino médio, da previdência, trabalhista e tributária”.

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