Brasília - DF 05/10/2016. Presidente Michel Temer e a Primeira-dama Marcela Temer durante cerimônia de Lançamento do Programa Criança Feliz. Foto: Beto Barata/PR

Imprensa brasileira denuncia censura no caso de Marcela Temer

Associações consideram absurda a decisão que obrigou a retirada de reportagens sobre primeira-dama do ar.

Brasília - DF 05/10/2016. Presidente Michel Temer e a Primeira-dama Marcela Temer durante cerimônia de Lançamento do Programa Criança Feliz. Foto: Beto Barata/PR

A semana começa com um grave ataque à liberdade de imprensa no Brasil. A pedido do Palácio do Planalto, a Justiça Brasileira ordenou que os jornais Folha de São Paulo e O Globo retirassem do ar as matérias que mencionam a tentativa de extorsão sofrida pela primeira-dama Marcela Temer. O advogado Gustavo do Vale Rocha – que também é subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República – argumentou que a divulgação do material seria uma conduta “criminosa e atentatória de direitos fundamentais”, e que os veículos de imprensa teriam ignorado tal aspecto, “apenas para aumentar o número de acesso a seus sites e venda de suas edições impressas”.

Entidades que representam a imprensa brasileira lançaram notas de repúdio à censura. A Associação Brasileira de Jornalismo investigativo (Abraji) diz reivindicar a anulação da absurda decisão da 21ª Vara Cível de Brasília. Impedir repórteres de publicar reportagens é prejudicial não apenas ao direito à informação, como também ao papel do jornalista de fiscalizar o poder público.

A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), a Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) também repudiaram o caso como censura prévia. As entidades consideram “a decisão judicial um cerceamento à liberdade de imprensa e esperam que a sentença seja revista ou reformada imediatamente, garantindo aos veículos de comunicação o direito constitucional de levar à população informações de interesse público”.

Um dos objetivos da criação do The Intercept era defender e apoiar a liberdade de imprensa em todo o mundo, e, por isso, publicou os materiais censurados para que possam ser analisados pelo público.

A Folha recorreu da decisão, que qualifica como “inaceitável”. Taís Gasparian, advogada do jornal, entrou com um agravo de instrumento destinado ao presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. O texto lembra que “as informações do episódio do hackeamento já são há muito conhecidas”.

S.O.S Intercept

Peraí! Antes de seguir com seu dia, pergunte a si mesmo: Qual a chance da história que você acabou de ler ter sido produzida por outra redação se o Intercept não a tivesse feito?

Pense em como seria o mundo sem o jornalismo do Intercept. Quantos esquemas, abusos judiciais e tecnologias distópicas permaneceriam ocultos se nossos repórteres não estivessem lá para revelá-los?

O tipo de reportagem que fazemos é essencial para a democracia, mas não é fácil, nem barato. E é cada vez mais difícil de sustentar, pois estamos sob ataque da extrema direita e de seus aliados das big techs, da política e do judiciário.

O Intercept Brasil é uma redação independente. Não temos sócios, anúncios ou patrocinadores corporativos. Sua colaboração é vital para continuar incomodando poderosos.

Apoiar é simples e não precisa custar muito: Você pode se tornar um membro com apenas 20 ou 30 reais por mês. Isso é tudo o que é preciso para apoiar o jornalismo em que você acredita. Toda colaboração conta.

Estamos no meio de uma importante campanha – a S.O.S. Intercept – para arrecadar R$ 250 mil até o final do mês. Nós precisamos colocar nosso orçamento de volta nos trilhos após meses de queda na receita. Você pode nos ajudar hoje?

QUERO APOIAR

Entre em contato

Inscreva-se na newsletter para continuar lendo. É grátis!

Este não é um acesso pago e a adesão é gratuita

Já se inscreveu? Confirme seu endereço de e-mail para continuar lendo

Você possui 1 artigo para ler sem se cadastrar