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Nova vice-diretora da CIA geria instalação clandestina de tortura na Tailândia

Gina Haspel, diretamente envolvida nos mais grotescos abusos da tortura, ocupará o segundo mais importante cargo na agência.

GUANTANAMO BAY, CUBA - APRIL 7:  An interrogation room in Camp Delta for detainees from the U.S. war in Afghanistan is shown April 7, 2004 in Guantanamo Bay, Cuba. On April 20, the U.S. Supreme Court is expected to consider whether the detainees can ask U.S. courts to review their cases. Approximately 600 prisoners from the U.S. war in Afghanistan remain in detention.  (Photo by Joe Raedle/Getty Images)

Em maio de 2013, a reportagem de Greg Miller, jornalista do Washington Post, contou que a chefe do serviço clandestino da CIA estava sendo afastada de seu posto pelo então diretor do órgão, John Brennan, devido a uma “reorganização na gerência”. Conforme contou Miller, essa oficial — não identificada pela reportagem por ser uma agente secreta à época — estava profundamente envolvida nos mais graves abusos do regime de tortura da CIA na era Bush.

Miller disse que a agente estava “diretamente envolvida no controverso programa de interrogatório” e desempenhava um “amplo papel” na tortura de prisioneiros. Ainda mais preocupante é o fato de a agente “ter dirigido uma prisão na Tailândia” — parte da rede de “instalações clandestinas” da CIA — “onde dois prisioneiros foram submetidos a afogamento simulado e outras técnicas de tortura violentas”. O relatório de tortura do Comitê de Inteligência do Senado dos EUA também descreveu em detalhes o papel central  desempenhado por ela na especialmente perversa tortura do prisioneiro Abu Zubaydah.

Além disso, desempenhou um papel fundamental na destruição das fitas de vídeo dos interrogatórios que mostravam as sessões de tortura dos prisioneiros na instalação clandestina dirigida por ela e em outras instalações da agência secreta. A destruição das fitas de vídeo dos interrogatórios, que viola diversas ordens judiciais, assim como exigências da Comissão do 11 de Setembro e conselhos oferecidos por advogados da Casa Branca, foi classificada como uma “obstrução [de justiça]” pelos presidentes da Comissão, Lee Hamilton e Thomas Keane. Um promotor especial e um júri investigaram os fatos, mas, por fim, decidiram não processá-la.

O nome da oficial da CIA que o Washington Post se negou a revelar é Gina Haspel. Conforme observou hoje Jason Leopold, do site Buzzfeed, o diretor da Cia, Mike Pompeo, anunciou que Haspel havia sido selecionada para o posto de vice-diretora da CIA.

Isso não é de surpreender visto que o próprio Pompeo admitiu estar aberto à possibilidade de resuscitar as técnicas de tortura da era Bush (de fato, o diretor da CIA de Obama, John Brennan, foi forçado a retirar sua candidatura em 2008 por conta de seu apoio a algumas dessas táticas, apesar de ter sido confirmado para o posto em 2013). Por isso foi tão controverso o fato de 14 membros do Partido Democrata — incluindo o líder do partido no Senado Chuck Schumer, Dianne Feinstein, Sheldon Whitehouse e Tim Kaine — terem votado para confirmar Pompeo no principal posto da agência.

A verdadeira identidade da agente na reportagem do Washington Post, Haspel, não era segredo para ninguém. É como disse Leopold depois que eu revelei o nome da agente no Twitter: “todos nós que cobrimos a CIA já sabíamos. Ela estava trabalhando de forma secreta e a agência pediu que não publicássemos o nome dela”. Gina Haspel agora é séria candidata a se tornar o segundo oficial mais importante da CIA, apesar de — ou por conta de — seu papel central, violento e contínuo em muitos dos mais grotescos e vergonhosos abusos da Guerra contra o Terror.

Foto principal: Sala de interrogatório no Acampamento Delta para prisioneiros da Guerra do Afeganistão. Baía de Guantánamo, Cuba, 7 de abril de 2004.

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