Chile and U.S. Special Forces wait for a U.S. Army MH-60 Blackhawk to evacuate two simulated hostages July 22, 2016 during a training rescue operation as part of exercise Southern Star in Antofagasta, Chile. USSF assigned to Special Operations Command South conducted simulated operations under the command and control of a Chile and U.S. combined operational headquarters. (U.S. Army Photo by Staff Sgt. Osvaldo Equite/Released)

10 mil agentes de tropas de elite dos EUA são espalhados pelo mundo em operações especiais e clandestinas diariamente

O JCET é um programa crucial para a estratégia global em torno da tropa mais secreta e menos transparente dos EUA. Desde o 11 de setembro, as Forças de Operações Especiais foram expandidas de todas as formas imagináveis, desde seu orçamento, passando pelo número de agentes, até a quantidade de missões em países estrangeiros.

Chile and U.S. Special Forces wait for a U.S. Army MH-60 Blackhawk to evacuate two simulated hostages July 22, 2016 during a training rescue operation as part of exercise Southern Star in Antofagasta, Chile. USSF assigned to Special Operations Command South conducted simulated operations under the command and control of a Chile and U.S. combined operational headquarters. (U.S. Army Photo by Staff Sgt. Osvaldo Equite/Released)

Documentos obtidos pelo The Intercept, por meio da Lei de Liberdade da Informação, mostram que os EUA estão gastando mais dinheiro em novas missões para enviar tropas de elite a serem treinadas com outras tropas de elite de países aliados.

De acordo com o Programa de Intercâmbio de Treinamento Conjunto (Joint Combined Exchange Training – JCET), desenvolvido para treinar agentes especiais dos EUA em diversos tipos de missões, de “defesa interna estrangeira” a “guerras não convencionais”, as tropas americanas realizaram ao menos uma missão a cada dois dias em 2014, último ano registrado pelos documentos revelados.

Ao custo de mais de US$ 56 milhões, os EUA enviaram seus agentes mais experientes — SEALs da Marinha, Boinas Verdes do Exército e outros — para 176 JCETs, um aumento de 13% em relação aos números de 2013. O número de países envolvidos cresceu ainda mais, de 63 para 87, ou seja, 38% a mais do que o ano anterior.

O JCET é um programa crucial para a estratégia global em torno da tropa mais secreta e menos transparente dos EUA. Desde o 11 de setembro, as Forças de Operações Especiais (Special Operations Forces – SOF) foram expandidas de todas as formas imagináveis, desde seu orçamento, passando pelo número de agentes, até a quantidade de missões em países estrangeiros. Diariamente, 10 mil agentes especiais são enviados ou transferidos para realizar missões que variam desde “criação de parcerias e coleta de informações nos bastidores até operações de ataque dinâmicas de alta importância”, contou o ex-chefe do Comando de Operações Especiais ao Comitê de Serviços Armados do Senado dos EUA, General Joseph Votel.

Em 2014, mais de 4800 tropas de elite participaram de JCETs. No ano anterior, foram 3800. “A finalidade dos JCETs é promover o treinamento de SOFs dos EUA em disciplinas importantes para missões, através do treinamento oferecido pelas forças militares de países aliados”, contou o porta-voz do Comando de Operações Especiais dos EUA, Ken McGraw, ao The Intercept. “JCET permitem que SOFs dos EUA usem e desenvolvam seu conhecimento de idiomas e cultura, além de aprimorar suas competências no treinamento de tropas nativas.”

Em março, o General Raymond A. Thomas III, sucessor de Votel na liderança do SOCOM, contou ao Comitê de Serviços Armados do Senado que “trabalhar com nossos parceiros internacionais permite que compartilhemos a responsabilidade de forma mais eficiente. Precisamos nos integrar em lugares onde os problemas ocorrem, bem como em locais importantes para a materialização de nossos interesses onde não existem ameaças evidentes”.

EUA treinam com forças militares estrangeiras acusadas de graves violações de direitos humanos

Os documentos revelados recentemente mostram que, além das oportunidades de treinamento para as tropas de elite dos EUA, o JCET também oferece “benefícios involuntários”, como aprimorar contatos entre exércitos, aperfeiçoar a interoperabilidade com forças militares estrangeiras, e “obter acesso regional sem deixar vestígios”. Os arquivos também se referem aos JCETs como missões “discretas”.

Uma investigação  de 2015 do The Intercept mostrou como os JCETs são regularmente realizados com forças militares estrangeiras acusadas pelo Departamento de Estado dos EUA de violações graves de direitos humanos. Uma parceria mais recente entre o The Intercept e 100Reporters demonstrou que o JCET é parte de uma rede de treinamento internacional caracterizada pela ausência de uma estratégia coerente e de supervisão eficaz.

Em 2013, um estudo realizado pela Rand Corp. sobre os JCET conduzidos em áreas do Comando África, Comando Pacífico e Comando do Sul apontou uma taxa de eficiência “relativamente baixa” nas missões nessas regiões. Perguntado a respeito das conclusões do estudo, McGraw, do SOCOM, teve pouco a declarar. “Eu não analisei e não tenho tempo para analisar o estudo da Rand”, contou ao The Intercept, confirmando também que não sabia de ninguém no Comando que havia lido a análise da Rand. “Não vamos comentar o estudo.”

Foto principal: O Chile e as Forças Especiais dos EUA aguardam por um helicóptero do Exército americano para levar um refém em exercício simulado durante um operação de treinamento de resgate em Antofagasta, no Chile, em 22 de julho de 2016, como parte do exercício Southern Star.

 

S.O.S Intercept

Peraí! Antes de seguir com seu dia, pergunte a si mesmo: Qual a chance da história que você acabou de ler ter sido produzida por outra redação se o Intercept não a tivesse feito?

Pense em como seria o mundo sem o jornalismo do Intercept. Quantos esquemas, abusos judiciais e tecnologias distópicas permaneceriam ocultos se nossos repórteres não estivessem lá para revelá-los?

O tipo de reportagem que fazemos é essencial para a democracia, mas não é fácil, nem barato. E é cada vez mais difícil de sustentar, pois estamos sob ataque da extrema direita e de seus aliados das big techs, da política e do judiciário.

O Intercept Brasil é uma redação independente. Não temos sócios, anúncios ou patrocinadores corporativos. Sua colaboração é vital para continuar incomodando poderosos.

Apoiar é simples e não precisa custar muito: Você pode se tornar um membro com apenas 20 ou 30 reais por mês. Isso é tudo o que é preciso para apoiar o jornalismo em que você acredita. Toda colaboração conta.

Estamos no meio de uma importante campanha – a S.O.S. Intercept – para arrecadar R$ 250 mil até o final do mês. Nós precisamos colocar nosso orçamento de volta nos trilhos após meses de queda na receita. Você pode nos ajudar hoje?

QUERO APOIAR

Entre em contato

Inscreva-se na newsletter para continuar lendo. É grátis!

Este não é um acesso pago e a adesão é gratuita

Já se inscreveu? Confirme seu endereço de e-mail para continuar lendo

Você possui 1 artigo para ler sem se cadastrar