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‘Esse fdp jogou o nome do Cade na lama’: servidores se revoltam com Alexandre Macedo por uso político do órgão

Em grupo de WhatsApp, membros e ex-servidores do conselho avaliam que pedido de investigação de institutos de pesquisa carimba Macedo como 'menino do Bozo'.


O pedido de investigação dos institutos de pesquisa feito por Alexandre Cordeiro Macedo, presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade, provocou constrangimento e revolta entre servidores e ex-servidores do órgão. É o que mostram prints de conversas de um grupo de Whatsapp obtidos pelo Intercept. A maioria dos membros considera que Cordeiro está sujando a reputação do Cade, fazendo uso político do que, até pouco tempo, era considerado um órgão técnico. “Esse fdp jogou o nome do Cade na lama e agora tá jogando lama por cima”, xingou um ex-servidor. Os nomes serão omitidos para preservar suas identidades.

O ofício encaminhado por Cordeiro para o superintendente-geral do Cade, Alexandre Barreto, justificava a investigação pela possibilidade de infração à legislação concorrencial e de infração à ordem econômica. O documento cita o Ipec, o Ipespe e o DataFolha, afirmando que “erros foram evidenciados pelos resultados das urnas apuradas”. Não está entre as atribuições do presidente do Cade fazer pedidos de investigação, principalmente porque cabe a ele desempatar votações nos processos que chegam ao tribunal. Encaminhar uma denúncia ao órgão que preside é como um juiz criminal fazer um boletim de ocorrência e depois julgar o caso.

Protocolado como “processo restrito gerado, acesso restrito”, o ofício assinado por Cordeiro foi incluído no sistema do Cade às 10h51 desta quinta-feira, dia 13. Às 13h26, logo depois que vazou na imprensa, o documento foi tirado do ar para “correção de informação” e voltou ao sistema após as 16h. Segundo a certidão assinada por Sarah Martins Moreira Marques, chefe de gabinete substituta da presidência, o ofício original foi substituído “para correção das cores das tabelas 2, 3 e 6” – elas foram pintadas de verde e amarelo.

Para os membros do grupo de Whatsapp a que tive acesso, o pedido de investigação dos institutos de pesquisa é o “fim de feira” para o Cade e coloca de vez em Cordeiro “o carimbo de menino do bozo, não só do PP”. Eles avaliaram que o presidente do órgão e seus aliados estão apostando na vitória de Bolsonaro ou “jogando todas as cartas possíveis” para ajudar na sua eleição. “Máquina toda funcionando para isso”, disse um dos ex-servidores. “Nunca aconteceu isso na história do Cade!”, completou um servidor.

O joguinho de Cordeiro, contudo, durou menos de 12h. À noite, o ministro Alexandre de Moraes suspendeu tanto o pedido de investigação dele quanto o inquérito da Polícia Federal contra os institutos de pesquisas, por “ausência de justa causa”. Além disso, não é atribuição desses órgãos tal investigação, destacou Moraes.

Não é de hoje que as atitudes de Cordeiro, apadrinhado pelo ministro Ciro Nogueira, do PP, envergonham quem trabalha no Cade. Em uma reportagem de 2021, mostrei como ele, à época superintendente-geral, se dedicava pessoalmente e de forma incomum aos processos contra a Globo – uma forma de agradar o presidente Jair Bolsonaro, disseram fontes do Cade na ocasião.

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