Falem bem, falem mal, mas falem de mim. Esse parece ser, cada vez mais, o lema do jornal carioca “Extra”, publicação gerida pela Infoglobo, que também tem sob sua gestão “O Globo”. Não é de hoje que o periódico tem apostado em capas ousadas, muitas delas tidas como brilhantes pelo senso comum das redes sociais.
O atual alcaide da cidade também não escapou da ironia do jornal:
Com bem mais liberdade do que seu irmão mais velho “O Globo” para explorar o mundo das primeiras páginas sensacionais, o “Extra”, porém, tem flertado com uma linha tênue. Será que o sensacional está virando sensacionalista?
Um momento crítico nessa postura ocorreu no mês passado com esta capa abaixo, que decretou um Rio em guerra. Até uma editoria específica foi anunciada e um selo foi criado para acompanhar as reportagens. Ou seja, criou-se uma bandeira do jornal.
Neste caso, a repercussão foi imediata. Até hoje, o conceito de guerra vem sendo debatido: há os que defendem com unhas e dentes a postura do jornal e os que a rechaçam de forma incisiva. Se era para gerar polêmica, botar o “Extra” na boca do povo, deu certo.
Nesta sexta (1), mais uma ousadia do jornal voltou a colocá-lo entre os temas mais comentados nas redes sociais. Envolvendo um dos assuntos mais passionais e o clube mais popular do país, o “Extra” decretou, “em nome da precisão jornalística”, em sua capa, que o goleiro do Flamengo não será mais chamado de Alex Muralha.
Para o jornal, o arqueiro desmoralizou o apelido, ao levar um “frango” no último jogo do clube. Fechando a piada, também “em nome da precisão jornalística”, o “Extra” diz que pode rever sua decisão caso o goleiro “volte a fazer por merecer”.
Numa realidade onde os jornais têm perdido sucessivamente leitores nas suas versões em papel, o caminho da polêmica pode devolver às capas parte da importância perdida. Mas há que ao menos se refletir sobre até que ponto isso pode ir.
Em nome da precisão jornalística.
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