“Jesus precisa, a Igreja precisa. A gente tem que ir pra cima, nós precisamos disso. Quero contar com a ajuda de vocês, por favor, para se dedicar a isso. [Para] resolver essa questão”, disse o bispo Sergio Corrêa, responsável pela Igreja Universal do Reino de Deus na Bahia, aos seus pastores, no início da campanha eleitoral de 2024.
Corrêa pedia o engajamento na campanha dos pastores e obreiros da Universal a fim de eleger os candidatos da igreja, a maioria bispos e pastores. “A gente já tem em mãos uma radiografia da situação eleitoral nossa aqui na Bahia”, observou o bispo.
As orientações políticas do bispo Corrêa estão em gravações obtidas pelo Intercept Brasil, feitas em reunião de líderes da igreja com os pastores na catedral da Universal, em Salvador, em abril de 2024. Participavam dessa reunião bispos da Universal e pastores líderes de regionais (que representam de cinco a dez igrejas) na capital e em todo o estado da Bahia. Corrêa e parlamentares eleitos pela Universal orientavam os pastores para que, em seus templos, eles indicassem obreiros e fiéis para ganhar eleitores.
O Intercept já havia revelado em setembro como a Igreja Universal atua na política para eleger seus representantes, bispos e pastores, aumentar seu poder político e impor pautas conservadoras. Atualmente, o objetivo da Universal é tentar impedir a vitória do PT, admitem os líderes da igreja.
Está em jogo também no momento a pavimentação da candidatura à presidência da República do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que é do Republicanos, partido político ligado à Universal.
O bispo Corrêa, na gravação obtida pela reportagem, detalhou como os pastores e seus auxiliares, os obreiros, deveriam agir para conquistar os votos dos fiéis, de seus familiares, amigos e vizinhos: multiplicar a adesão de apoiadores e simpatizantes em listas de transmissão criadas pela igreja nas redes sociais, que permitem o envio de mensagens em massa.
Corrêa e outros dirigentes da Universal, deputados e vereadores eleitos repassaram em detalhes os métodos e o plano de ação da igreja para conquistar mandatos a seus representantes e, assim, alcançar os resultados políticos esperados.
Nos áudios, Corrêa discute as ações da campanha ao lado do bispo e deputado federal Márcio Marinho, presidente do Republicanos na Bahia; o pastor e deputado estadual baiano Jurailton Santos; o pastor Luiz Carlos de Souza, secretário municipal de Obras de Salvador; e o pastor Kênio Rezende, que seria eleito seis meses depois vereador em Salvador, com 9,2 mil votos. Todos eles são filiados ao Republicanos.
O Intercept teve acesso ao conteúdo das gravações por meio de um ex-pastor da Universal, que os recebeu de um integrante da igreja presente à reunião. A identificação das falas de cada religioso foi feita por essa fonte. As vozes atribuídas aos religiosos se assemelham às falas e pregações deles disponíveis em suas redes sociais.
‘Onde nós vamos atacar’
A radiografia da situação política na Bahia era importante, ressaltou o bispo Corrêa, para identificar “onde nós vamos atacar”. Ele lembrou que a eleição anterior, para a Presidência da República, em 2022, havia sido “muito desgastante na Bahia”.
A Igreja Universal apoiou Jair Bolsonaro em 2018, quando ele foi eleito presidente, então pelo PSL, e novamente, quatro anos depois, já pelo PL, ao ser derrotado pelo atual presidente Lula, do PT.
Na Bahia, no ano passado, Lula venceu em 415 dos 417 municípios baianos, com 72% dos votos. Bolsonaro ficou com 27%. O governador Jerônimo Rodrigues, do PT, também foi vitorioso, contra ACM Neto, do União Brasil: 52% a 47%.
“Eu sei que é chato, mas tem que fazer [o trabalho] pra gente superar a outra [eleição] que nós tivemos”, dramatizou Corrêa
“A gente tem que falar sobre isso. Eu sei que é chato, mas tem que fazer [o trabalho] pra gente superar a outra [eleição] que nós tivemos. Porque foi desgastante por tudo que vocês já sabem. Então, se nós deixarmos à vontade, nós vamos perder as eleições e vamos ser envergonhados. Jesus vai ser envergonhado aqui na Bahia. O diabo vai dar gargalhada e Jesus vai chorar. Então, preciso que vocês nos ajudem nisso”, dramatizou Corrêa.
Em outra gravação obtida pelo Intercept, o bispo Célio Lopes, também durante a campanha eleitoral de 2024, convocava obreiros e integrantes de outros projetos e áreas da igreja a se integrarem à campanha política, por meio das atividades do grupo “Me Dê a Mão”. Entre os setores da Universal convocados à campanha política, estavam o grupo de juventude Força Jovem; a iniciativa Universal nas Forças Policiais; o Calebe ,voltado para idosos; e os grupos de apoio a usuários de drogas, o Vício Tem Cura, e a casais, o Terapia do Amor.
O bispo Lopes, que à época estava no Rio de Janeiro, mas depois foi eleito vereador em Santo André, no ABC paulista, dizia que cada um desses membros deveria reunir de cinco a dez pessoas que não fossem integrantes da igreja e passassem a orar por elas durante um mês. Ao final do mês, deveria levar essas pessoas ao templo. “Se não puderem levá-las, levem os nomes”, orientou o bispo.
Por meio de orações a essas pessoas, a estratégia do “Me Dê a Mão” é atraí-las para a igreja. Assim, podem se tornar novos fiéis ou, ao menos, potenciais apoiadores e eleitores dos candidatos da igreja.
“A partir do momento em que se ganha a confiança das pessoas, são sugeridos a elas nomes de ‘amigos’, de pessoas ‘que nos ajudam’, para elas votarem na eleição. Não se diz, num primeiro momento, que esses ‘amigos’ são candidatos ligados à igreja”, me contou o ex-pastor da Universal Davi Vieira, que tem feito denúncias sobre o uso político dos templos por bispos e pastores, em um canal criado por ele nas redes sociais.
Nos áudios, o bispo e congressista Márcio Marinho, ao dar dicas aos pastores e obreiros sobre como deve ser feita a abordagem, recomenda que se peça o voto para “um amigo”, e não político ligado à igreja.
“Então, ela [o obreiro] vai ligar e vai perguntar para a pessoa: ‘sei que você é minha amiga, seu José. Esse é meu amigo, eu quero te apresentar um amigo meu. Nos vídeos, nos trabalhos sociais que ele faz, ele é um homem de bem, um homem de princípio, um homem de caráter, que tem trabalhado bastante’”, explicou Marinho.
“É importante essa linguagem para as pessoas, é importante que você mostre que você conhece o candidato, que o candidato é da sua família, da sua intimidade. Tem de falar que é da sua relação. Que o amigo que você vai apresentar não é qualquer pessoa, é uma pessoa que você pode contar a todo momento”, concluiu o bispo.
Abuso de poder econômico?
O uso da estrutura da igreja para fins eleitorais, com seus bilhões de reais e meios de comunicação, e um exército de 320 bispos e 14 mil pastores em 10 mil templos, pode configurar abuso de poder econômico. Foi o que me explicou o advogado Fernando Neisser, professor de Direito Eleitoral da Fundação Getulio Vargas, FGV.
A estrutura organizacional atual da Universal conta com mais de mais de 100 empresas, incluindo um banco, a TV Record e o seu próprio partido, o Republicanos, em franca ascensão.
A articulação das ações de campanha na igreja é feita pelo Arimateia, o grupo de formação política da Universal, comandado pelo bispo Alessandro Paschoal, que fica baseado em São Paulo.
A coordenação do grupo encaminha as orientações políticas, e os vídeos de programas, entrevistas, áudios e mensagens com discursos, além de propagandas de candidatos da igreja, que são repassadas a pastores e obreiros de todo o país. Esse material chega aos fiéis por meio de redes sociais. As mensagens misturam sempre o discurso religioso com o político.
Podcasts sobre temas políticos são produzidos pela igreja e também enviados aos seguidores. A participação de cada uma das igrejas e dos fiéis na audiência desses programas é contabilizada e cobrada pela coordenação do grupo Arimateia
A máquina de votos da Universal
Em setembro, o Intercept revelou como o esquema da Universal para angariar votos começa a operar muito antes do período eleitoral, à margem de qualquer regulação. A estratégia inclui o monitoramento de títulos de eleitores de fiéis, mensagens em grupos de WhatsApp em esquema de pirâmide e visitas a fiéis de casa em casa.
Pastores são obrigados a enviar relatórios sobre títulos de eleitor de fiéis jovens ou de quem precisa regularizar a sua situação eleitoral, para poder votar.
“É para tirar uns 10 minutos da reunião, 15 minutos no final, [para] falar com o pessoal: ‘Você está com o seu título regular?'”, afirmou o pastor Rezende
“A pessoa tem que ter um título em dia para ela poder votar. Então, [deve] tirar esses dias agora, a partir de amanhã até domingo. É para realmente botar o grupo Arimatéia, e os outros grupos, para fazer o pente fino e ver quem é que precisa transferir o título. Porque depois de segunda-feira só levando ao TRE [Tribunal Regional Eleitoral], que aí vai ficar mais difícil”, disse o pastor Kênio Rezende, na reunião com os bispos Corrêa e Marinho.
“Então dá uma atenção: é para tirar uns 10 minutos da reunião, 15 minutos no final, falar com o pessoal. Você está com o seu título regular? Se você não está, o grupo Arimatéia está ali para poder orientar vocês como regularizar o seu título, você que tem 16 anos ou vai completar 16 anos até o 6 de outubro, tire o seu título, a gente vai tirar esses dias agora também para dar essa fortalecida, bispo”, afirmou Rezende.
O bispo e deputado Marinho reforçou: “O trabalho de domingo é esse aí mesmo. É tirar um tempo, se dedicar, gastar energia. Porque é isso que vai fazer o resultado no dia 6 de outubro dar certo, em nome de Jesus”.
No encontro gravado na Bahia, o deputado estadual Jurailton Santos alertou para que cada pastor e obreiro, ao elaborar a lista de transmissão nas redes sociais, verificasse se todas as pessoas tinham condição de votar.
“Depois que a lista de transmissão estiver pronta, quem vai estar com a sua lista de 20 componentes, precisa saber se essas 20 pessoas também estão aptas a votar”, disse.“Em algum momento, vão ter que perguntar aos 20 amigos dele se eles estão aptos, a votar, se estão estão regularizados os seus os títulos. Para não ocorrer de eles montarem a lista e não ter essa informação.”
Caso a igreja queira apenas montar uma planilha com dados eleitorais da região, essa prática não é ilegal, disse Fernando Neisser, da FGV. “Mas se for para controlar, de alguma forma, saber se votaram, cobrar se votaram, aí é coação eleitoral. Seria um crime”, afirmou o advogado.
Partido da Igreja elegeu mais de 400
A Universal tem dado provas de eficiência em sua estratégia eleitoral. Em 2016, a igreja conseguiu eleger como prefeito do Rio de Janeiro o bispo Marcelo Crivella, sobrinho de seu líder e fundador, Edir Macedo. O seu próprio partido político foi fundado em 2003, o então PRB, que depois virou Republicanos.
O partido cresceu e é, hoje, uma das principais legendas do campo conservador no país. No ano passado, elegeu 433 prefeitos e 4.372 vereadores. Tinha 216 prefeitos, e dobrou o número.
Presidido pelo bispo Marcos Pereira, deputado federal por São Paulo, o partido foi criado para abrigar os religiosos da Universal. Desde 2016, porém, passou a receber políticos de fora – inclusive, membros de outras igrejas, como a Assembleia de Deus. Marcos Pereira é criticado internamente por vir, aos poucos, se afastando da cúpula da Universal.
Hoje, nesse conglomerado político há dezenas de bispos, pastores e obreiros da Universal entre os eleitos, mas a maioria não é ligada à igreja, segundo a direção do Republicanos. Não há números precisos sobre a proporção de religiosos e não religiosos. Há quem diga que seriam 50% ligados à Universal e os outros 50%, não.
O Republicanos conta, atualmente, com dois governadores, Tarcísio de Freitas, de São Paulo, e Wanderlei Barbosa, de Tocantins. A sigla tem ainda um prefeito de capital, Lorenzo Pazolini, de Vitória, além de quatro senadores, 75 deputados estaduais e 44 deputados federais.
Na bancada federal, 17 desses parlamentares são bispos e pastores ou apresentadores contratados pela TV Record, a emissora de Edir Macedo. Até 2012, o então PRB contava com apenas oito deputados federais.
A prioridade do Republicanos e, por tabela, também da Universal, é eleger Tarcísio como presidente da República. A igreja mergulhou nesse projeto. Há meses, já havia abandonado Jair Bolsonaro, bem antes dele ser preso.
Tarcísio é um aliado, assim como o atual presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, também do Republicanos pela Paraíba. Por outro lado, o partido, pragmaticamente, mantém um representante no ministério de Lula: o pernambucano Silvio Costa Filho, que comanda a pasta de Portos e Aeroportos. A direção alega que essa nomeação teria partido de uma decisão pessoal do presidente da República.
Força-tarefa para votos
Para que a Universal continue tendo força política e o Republicanos cresça ainda mais, o bispo Corrêa, conforme revelam as gravações, pediu uma força-tarefa para a conquista de votos nas eleições de 2024. Os fiéis foram orientados a captar votos de familiares, amigos e vizinhos.
“É a coisa mais importante que está na mão de vocês, esse trabalho da multiplicação, de ter na mão uma lista de transmissão. Vocês todos já pegaram como é que funciona essa questão da lista de transmissão, para vocês darem ênfase para o comportamento. [Para entender como] o componente de cada grupo, vai cooptar ou captar esse voto do amigo e parente, que não seja da igreja. É importante falar isso, que não seja da igreja”, frisou o bispo e deputado Marinho.
“E ter em mãos uma folha de papel em branco, uma caneta, um lápis, e pegar o telefone deles, os contatos deles. Vinte pessoas de extrema aproximação, amigo de trabalho, pessoas de casa e vizinhança.”
Marinho alertou ser importante que a pessoa abordada tivesse também os contatos do membro da igreja para que acompanhasse as postagens de vídeos nas redes sociais.
“É para que ela possa estar recebendo essas informações, os vídeos desse amigo [o candidato]. Ela sinalizou, então ok. Você pergunta para ela se você também está nos contatos dela. Por quê? Porque não basta apenas ela estar no seu contato. É importante que você esteja também no contato delas, para que elas possam, no momento que você for encaminhar o vídeo para aquela pessoa, que o vídeo vá chegar lá na ponta. Esse é o objetivo”, detalhou.
Todas as sextas-feiras, um novo vídeo é produzido nesses grupos, informou o bispo Corrêa. “E esse vídeo tem de ser distribuído para todas as pessoas”, orientou.
O seu colega Marinho, por outro lado, alertou para que não fosse pedido o voto diretamente. “Nós vamos criar uma conexão dos nossos amigos, que são os candidatos a vereadores, com as pessoas que são amigas do povo da igreja. Criar um ambiente, uma amizade. E isso é muito importante nesse momento de apresentação dos amigos para os amigos do povo da igreja. Nesse momento, não é [para] falar que é candidato, que é vereador”.
Já o bispo Corrêa alertou ainda ser importante que pastores e obreiros na reunião soubessem lidar com listas de transmissão. E pedia uma atenção especial para pessoas idosas que não saberiam lidar com tecnologia. “A gente vai encontrar, na reunião, as vovós que não sabem mexer”, afirmou o bispo Corrêa. E avisava que essa questão seria resolvida depois.
Alertas sobre reunião
Em outro áudio, um pastor da Universal não identificado alerta os colegas para que não anunciem reunião na igreja só para falar do projeto “Me Dê a Mão”, que visa ampliar o número de apoiadores nas redes sociais. A preocupação era para não deixar visível a conotação política.
“Não pode fazer, os regionais já sabem. Não pode fazer reunião só para poder falar do ‘Me Dê a Mão’. Mas durante a reunião ali pode dar uma falada, comentar quem está fazendo o trabalho”, avisou o religioso.
Em Fortaleza, no ano passado, um pastor engajado na campanha do seu colega da da Universal e também vereador Ronaldo Martins, presidente do Republicanos no Ceará, passou orientações para fiéis da igreja reclamarem, em gravações em vídeos, de problemas na cidade, como falta de segurança e iluminação e lixo acumulado nas ruas.
O pastor também recomendou que os fiéis fizessem a queixa em vídeos, mas sem dizer que eram da igreja. E se dirigissem a Ronaldo Martins, que é também apresentador do programa “Cidade Alerta”, na TV Record de Fortaleza, sem chamá-lo de bispo, mas apenas de Ronaldo.
“Pessoal, uma missão nos foi dada, e missão dada é missão cumprida. Vocês que são aqui da capital, aí no bairro onde vocês moram, existem problemas de infraestrutura, de lixo acumulado, de falta de asfalto na rua, de iluminação. O que você vai fazer? Hoje ainda você vai gravar um vídeo. Assim como você fosse tirar uma selfie, você vai fazer um vídeo e o vídeo vai ser gravado da seguinte forma: ‘eu sou a dona Maria, eu moro aqui no bairro Bom Jardim e eu vim fazer uma denúncia. Olha só a situação como está aqui na rua! O tanto de lixo acumulado aqui na rua, a falta de iluminação e de segurança. O poder público já veio aqui há muito tempo, falou que ia resolver e não resolveu nada. E eu queria saber com você, Ronaldo Martins, como nós vamos resolver isso?’”, orientou o pastor, no áudio obtido pelo Intercept.
“Então, você vai gravar um vídeo para o bispo Ronaldo – não é para chamar ele de bispo – chama ele de Ronaldo Martins, e como nós vamos resolver isso? O que a gente faz para resolver essa situação?”, detalhou o pastor.
A determinação era para que cada templo mandasse ao menos um vídeo para o candidato. E não deixassem pistas de que seriam membros da Universal. “Pelo menos um vídeo por igreja, eu vou precisar. E é para gravar com roupa normal, não é para gravar com camisa de evangelização, de grupo nenhum [da Universal]. Não é para falar que você é da igreja: ‘é, eu sou fulana de tal, que moro aqui no bairro tal, e eu vim aqui para mostrar a situação aqui do bairro. Assim que você ouvir, já grava logo o vídeo e manda aqui pra mim, urgente, que a gente vai precisar desse material o quanto antes”, pediu o pastor.
A VIRADA COMEÇA AGORA!
Você sabia que quase todo o orçamento do Intercept Brasil vem do apoio dos nossos leitores?
No entanto, menos de 1% de vocês contribuem. E isso é um problema.
A situação é a seguinte, precisamos arrecadar R$ 400.000 até o ano novo para manter nosso trabalho: expor a verdade e desafiar os poderosos.
Podemos contar com o seu apoio hoje?
(Sua doação será processada pela Doare, que nos ajuda a garantir uma experiência segura)

