Condepe pede investigação ao Ministério Público de São Paulo sobre tiroteio em Paraisópolis

Conselho expõe 'desconfiança' sobre versão apresentada por Tarcísio de Freitas e policiais militares.


O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo, o Condepe, enviou ontem um ofício urgente ao Ministério Público de São Paulo comunicando “possível disseminação de fake news” por parte de aliados de Tarcísio de Freitas sobre o tiroteio em Paraisópolis e pedindo providências. Assinado pelo presidente do conselho, o texto elenca as informações disponíveis até o momento sobre a visita do candidato do Republicanos a Paraisópolis em 17 de outubro e reúne as ações tomadas pelo candidato, sua equipe e polícia sobre o caso.

O documento surge na esteira de uma parceria firmada entre o Condepe, o MPSP, a OAB-SP, a Defensoria Pública do Estado de São Paulo e a Defensoria Pública da União em São Paulo para enfrentar a violência política, a violação de direitos humanos e a disseminação de fake news nas eleições estaduais. O caso de Paraisópolis entra em todas as frentes observadas pelo conselho.

O pedido de instauração de investigação cita as mentiras propagadas ainda no dia 17 por Carla Zambelli, Kim Kataguiri, Flávio Bolsonaro, Damares Alves, Carlos Jordy e Sérgio Camargo, que tentaram imediatamente emplacar a ideia de um atentado contra Tarcísio, e destaca que, embora Tarcísio “tenha descartado motivação eleitoral, reforçou a tese de que ele e sua equipe foram ‘atacados por criminosos’, com o intuito de intimidá-los”.

O presidente do conselho afirma ainda que a hipótese de objetivo ou motivação política no tiroteio foi desmentida pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.

O presidente do conselho afirma ainda que a hipótese de objetivo ou motivação política no tiroteio foi desmentida pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Reportagem do Intercept publicada ontem mostra que, segundo testemunhas, os primeiros tiros partiram dos policiais à paisana que acompanhavam Tarcísio de Freitas – e tinham como alvo uma pessoa desarmada, que foi morta. “De acordo com a Polícia Civil, não foi encontrada arma de fogo com o Sr. Felipe Silva de Lima, tampouco foi relatada resistência ou confronto entre a vítima e policiais militares que estavam no local. Tais fatos sugerem que esta morte tenha sido decorrente de execução sumária”, o documento do Condepe aponta.

O órgão também cita a ordem de Fabrício Cardoso de Paiva, agente licenciado da Abin, para que um cinegrafista da Jovem Pan apagasse vídeos que havia feito de policiais à paisana da equipe de Tarcísio atirando contra Felipe da Silva Lima.

O Condepe afirma que a sequência de fatos desperta “desconfiança acerca da veracidade do episódio que, além de ter tido efetiva repercussão na eleição estadual, ainda em curso, também resultou na morte suspeita de uma pessoa”. O conselho pediu que o MPSP adote providências no prazo máximo de 48 horas e apure rapidamente os fatos. “Em se configurado a prática de falseamento da realidade com a disseminação de notícias falsas de cunho político e eleitoral”, o ofício finaliza, “é imperiosa a devida responsabilização dos envolvidos, seja no âmbito da Justiça cível, criminal e eleitoral”.

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