A vitória de Claro, Vivo e TIM desceu atravessada no Cade

Conselheiros e servidores acham que o presidente do Cade agiu para favorecer o controle do mercado de telecomunicações pelas concorrentes.


Conselheiros do Cade, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, que regula a concorrência entre empresas no Brasil, bateram boca em uma audiência sobre a venda da Oi Móvel para um consórcio criado pelas concorrentes Claro, Vivo e Tim – e eu descobri informações que estão nos bastidores do órgão.

Em primeiro lugar, o voto do atual presidente do Cade, Alexandre Cordeiro, foi decisivo para aprovar o ato no julgamento ocorrido em fevereiro. A votação estava empatada, mas seu voto a favor da venda valeu por dois, devido ao cargo que ocupa. Com a decisão, aumentou a concentração de mercado na telefonia móvel do Brasil: o consumidor perdeu uma opção (a Oi), que agora é controlada por suas ex-concorrentes.

Cordeiro, contudo, deveria ter se declarado impedido nesse processo, porque era o superintendente-geral do órgão quando o ato de concentração foi protocolado e, portanto, já havia atuado diretamente no caso – devido ao cargo que ocupava, o andamento do processo (ou seja, quanto demoraria a decisão final) dependia dos despachos e decisões dele. Cordeiro também não investigou uma acusação de que o negócio formaria um cartel, que certamente faria o processo demorar bem mais a ter uma sentença.

Um servidor do Cade me disse que Cordeiro fez de tudo para abafar as denúncias e permitir a compra da Oi Móvel por suas atuais concorrentes. E não está sozinho. Os conselheiros Henrique Braido e Sérgio Ravagnani, por exemplo, se mostraram inconformados com o desfecho do processo. No final da leitura de seu voto em outra audiência, em 9 de março, Braido, fez questão de deixar uma “mensagem de esperança para todos os funcionários que trabalharam no caso, incluindo aqueles que se afastaram e que foram afastados”, dizendo que o trabalho deles não foi em vão e que eles não deveriam desistir de fazer o que acreditam ser o certo.

“A decisão desse tribunal, a meu ver, não faz juz ao empenho dos colaboradores. Tudo isso está registrado e esse caso vai ser revisitado pela comunidade antitruste e por acadêmicos no Brasil e no exterior. Minha mensagem é: continuem”. Veja no vídeo. Truste é a união de empresas para controlar o setor em que atuam. Eu pedi a Cordeiro um comentário sobre a afirmação de Braido. O presidente do Cade não respondeu.

Não é de hoje que existe disputa entre alguns servidores do Cade e Cordeiro. Nesta reportagem, conto detalhes sobre a desconfiança deles em relação aos interesses do presidente do conselho.

2026 já começou, e as elites querem o caos.

A responsabilização dos golpistas aqui no Brasil foi elogiada no mundo todo como exemplo de defesa à Democracia.

Enquanto isso, a grande mídia bancada pelos mesmos financiadores do golpe tenta espalhar o caos e vender a pauta da anistia, juntamente com Tarcísio, Nikolas Ferreira, Hugo Motta e os engravatados da Faria Lima.

Aqui no Intercept, seguimos expondo os acordos ocultos do Congresso, as articulações dos aliados da família Bolsonaro com os EUA e o envolvimento das big techs nos ataques de Trump ao Brasil.

Os bastidores mostram: as próximas eleições prometem se tornar um novo ensaio golpista — investigar é a única opção!

Só conseguimos bater de frente com essa turma graças aos nossos membros, pessoas que doam em média R$ 35 todos os meses e fazem nosso jornalismo acontecer. Você será uma delas?

Torne-se um doador do Intercept Brasil hoje mesmo e faça parte de uma comunidade que não só informa, mas transforma.

DOE AGORA

Inscreva-se na newsletter para continuar lendo. É grátis!

Este não é um acesso pago e a adesão é gratuita

Já se inscreveu? Confirme seu endereço de e-mail para continuar lendo

Você possui 1 artigo para ler sem se cadastrar