MANAUS,AM,03.05.2017:CADEIA-PÚBLICA-RAIMUNDO-VIDAL-PESSOA-PRAZO-DESATIVAÇÃO - Presos da Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa em Manaus (AM), nesta quarta-feira (3). Na cadeia Raimundo Vidal estão cerca de 190 presos do Primeiro Comando da Capital (PCC) ameaçados de morte e que foram transferidos do Compaj após o massacre. O prazo para a desativação total da Vidal se encerra dia 15 de Maio e os presos estão com medo de morrer se forem transferidos para o novo CDP2. Por outro lado, a Raimundo Vidal não tem mais condições de abrigar presos. (Foto: Edmar Barros/Futura Press/Folhapress)

Sem Gilmar Mendes como padrinho, 221 mil pessoas aguardam julgamento na cadeia

Mas… ao soltar acusados de corrupção, ministro do Supremo argumentou que “liberdade é regra no processo penal”.

MANAUS,AM,03.05.2017:CADEIA-PÚBLICA-RAIMUNDO-VIDAL-PESSOA-PRAZO-DESATIVAÇÃO - Presos da Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa em Manaus (AM), nesta quarta-feira (3). Na cadeia Raimundo Vidal estão cerca de 190 presos do Primeiro Comando da Capital (PCC) ameaçados de morte e que foram transferidos do Compaj após o massacre. O prazo para a desativação total da Vidal se encerra dia 15 de Maio e os presos estão com medo de morrer se forem transferidos para o novo CDP2. Por outro lado, a Raimundo Vidal não tem mais condições de abrigar presos. (Foto: Edmar Barros/Futura Press/Folhapress)

O excelentíssimo ministro Gilmar Mendes soltou, neste sábado (19), quatro pessoas suspeitas de  fazerem parte de um esquema de corrupção no Rio de Janeiro. Na sexta (18), o magistrado tinha liberado, pela segunda vez em dois dias, outro investigado pela mesma maracutaia, Jacob Barata Filho, conhecido como “rei do ônibus”, preso em julho quando tentava embarcar para Portugal carregando uma fortuna em dinheiro vivo.

O ministro defendeu a decisão de sábado afirmando que juízes não podem “se curvar ao clamor popular”, que “a liberdade é a regra no processo penal” e que “a prisão, no curso do processo, justifica-se em casos excepcionais, devidamente fundamentados”.

As afirmações parecem procedentes para o círculo social de Mendes, que, por sinal, foi padrinho de casamento da filha do “rei do ônibus”. Mas não para a maior parte dos brasileiros.

SÃO PAULO,SP,24.07.2017:PROTESTO-FAMILIARES-REBELIÃO-CADEIÃO-PINHEIROS - Protesto de familiares de detentos na frente do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, zona oeste de São Paulo (SP), nesta segunda-feira (24). Detentos fizeram uma rebelião, ateando fogo em colchões e cobertas. Dos quatro pátios internos do local, três foram incendiados. Parentes bloqueiam a pista na frente do CDP e aguardam informações sobre os presos. (Foto: Ronaldo Silva/Futura Press/Folhapress)

Familiares de detentos protestam na frente do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, em  São Paulo, em julho de 2017, durante rebelião.

Um dia antes de Barata ir para casa desfrutar de seu direito à liberdade, na sexta (18), outra ministra do STF, Cármen Lúcia, inspecionava um presídio na Bahia. A magistrada também preside o Conselho Nacional de Justiça, entidade que lidera esforços para diminuir a quantidade de presos sem condenação definitiva no país.

Segundo levantamento do CNJ, eles representam 59,54% da população carcerária da Bahia . A porcentagem está acima da média nacional, de 34%. O levantamento não aponta quantas das 221 mil pessoas que esperam por um julgamento definitivo em prisões do país tiveram ministros do Supremo como padrinhos de casamento de seus filhos.

Presos da Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa, em Manaus, em junho de 2017. Edmar Barros/Futura Press/Folhapress

O Intercept é sustentado por quem mais se beneficia do nosso jornalismo: o público.

É por isso que temos liberdade para investigar o que interessa à sociedade — e não aos anunciantes, empresas ou políticos. Não exibimos publicidade, não temos vínculos com partidos, não respondemos a acionistas. A nossa única responsabilidade é com quem nos financia: você.

Essa independência nos permite ir além do que costuma aparecer na imprensa tradicional. Apuramos o que opera nas sombras — os acordos entre grupos empresariais e operadores do poder que moldam o futuro do país longe dos palanques e das câmeras.

Nosso foco hoje é o impacto. Investigamos não apenas para informar, mas para gerar consequência. É isso que tem feito nossas reportagens provocarem reações institucionais, travarem retrocessos, pressionarem autoridades e colocarem temas fundamentais no centro do debate público.

Fazer esse jornalismo custa tempo, equipe, proteção jurídica e segurança digital. E ele só acontece porque milhares de pessoas escolhem financiar esse trabalho — mês após mês — com doações livres.

Se você acredita que a informação pode mudar o jogo, financie o jornalismo que investiga para gerar impacto.

Apoie o Intercept Hoje

Entre em contato

Conteúdo relacionado

Inscreva-se na newsletter para continuar lendo. É grátis!

Este não é um acesso pago e a adesão é gratuita

Já se inscreveu? Confirme seu endereço de e-mail para continuar lendo

Você possui 1 artigo para ler sem se cadastrar