O deprimente espetáculo da votação do prosseguimento da denúncia da PGR contra o presidente Michel Temer terminou com um final já esperado. Depois de abrir a torneira das emendas parlamentares, o governo conseguiu com folga os votos de que precisava para manter se manter no comando. Em suas justificativas, boa parte dos deputados resolveu apelar para a “estabilidade” econômica do país, deixando para outra hora a continuidade do processo.
Confira aqui como cada deputado votou e quanto recebeu de emendas.
The Intercept Brasil lista alguns dados econômicos para lembrar aos deputados da real situação do país comandado por Temer, um presidente com 5% de aprovação da população:
– Há 13,5 milhões de desempregados, segundo os dados mais recentes do IBGE.
– A dívida pública federal é de R$ 3,357 trilhões. Os dados mais recentes mostram um aumento de 3,22% entre os meses de maio e junho.
– A perspectiva de crescimento do PIB este ano é de apenas 0,34%.
– Aumento do PIS/Cofins eleva o preço da gasolina em cerca de 8%.
– Governo tem dificuldade para cumprir a meta fiscal.
As acusações que ainda podem pesar sobre o presidente são de obstrução de Justiça e organização criminosa.
Agora, o governo ganha sobrevivência e aguarda uma ou mesmo duas possíveis novas denúncias contra Michel Temer. As acusações que ainda podem pesar sobre o presidente são de obstrução de Justiça e organização criminosa. Nesta quarta, ele escapou do processo por corrupção passiva.
Resta à população, que acompanhou a votação sem grandes protestos, assistir mais um pouco de um presidente que continua firme em seu mundo inabalável, como mostra o texto do artigo que publicou na “Folha de S.Paulo” horas antes de seu processo ser arquivado:
“Não importam os obstáculos; o importante é que os diversos setores tenham maturidade e disposição para discutir o mérito das questões nacionais. Temos longa tarefa pela frente. Entre elas, a de pacificar o país, um dos motes de nosso discurso de posse. Chegaremos lá. Com o apoio do Congresso e do povo brasileiro”.
O primeiro apoio realmente parece garantido. O segundo, se não existe, parece assistir a tudo sem ter forças para gritar.
Em pronunciamento após a votação, Temer exaltou o respeito à Constituição e disse que está “retirando o Brasil da mais grave crise econômica da História” e que espera terminar a “grande transformação” que está realizando no país. Entre elas, destacou a “revolução” promovida pela “modernização trabalhista”.
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